A nova Copa Sul-Americana e uma breve história do torneio

Com número mínimo de jogos aos clubes, Conmebol tenta aumentar a relevância do torneio

Marcos Cardoso
Mezzala
5 min readOct 9, 2020

--

Foto: Conmebol/Divulgação

Criada em 2002 e com o status de segunda competição mais importante do continente, a Copa Sul-Americana busca se reinventar novamente. Ela entrou no calendário dos clubes para substituir a Copa Mercosul e também a Copa Merconorte, em uma tentativa de unir times da Conmbol e Concacaf, contudo, atualmente, apenas equipes da América do Sul fazem parte do torneio.

Dentro do futebol brasileiro, é fato que a Sul-Americana nunca caiu nas graças dos clubes e das torcidas. Muitas vezes, os treinadores acabam colocando elencos reservas para a disputa. Algo que pode ser considerado contraditório, afinal, o torneio dá uma vaga direta para a Copa Libertadores da América — principal torneio do continente.

O primeiro campeão foi o San Lorenzo da Argentina. Em final contra o Atlético Nacional da Colômbia, o Ciclón levou sua primeira taça continental para casa.

San Lorenzo campeão da Sul-Americana de 2002— Foto: Conmebol/Divulgação

No ano de 2005, os clubes que fazem parte da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), começaram a ser convidados ao torneio. A ideia, além de trazer clubes que também fazem parte do continente americano, seria dar mais disputa e entretenimento a competição.

Em 2006, o Pachuca do México tornou-se o primeiro — e único — clube não sul-americano a vencer a competição. Em dois jogos finais contra o Colo-Colo do Chile, os Tuzos sagram-se campeões com um agregado de 3 a 2.

O Brasil demorou sete anos para descobrir o que era levantar a taça da Sul-Americana. Em 2008, sob o comando de Tite, o Internacional tornou-se o primeiro brasileiro campeão do torneio. Em um elenco que contava com jogadores históricos do Colorado como Índio, Guiñazú, Nilmar, Alex, Clemer e Bolívar, sem falar da estreia de Andrés D’Alessandro, o time fez uma campanha impecável. Com direito a eliminar o arquirrival Grêmio na primeira fase, passou por Universidad Católica, Boca Júniors e Chivas Guadalajara, até bater o Estudiantes na final.

Internacional na Copa Sul-Americana de 2008 — Foto: Divulgação

Após a conquista do Inter, nos dois anos seguintes, 2009 e 2010, o Brasil foi vice-campeão com Fluminense e Goiás, respectivamente. Em 2012, nova conquista, dessa vez com o São Paulo.

O título marcou, até os dias de hoje, a última taça do Tricolor Paulista. Em um elenco que contava com o ídolo Rogério Ceni e com a promessa Lucas, o São Paulo derrotou o Bahia na primeira fase e passou por LDU de Loja, Universidad de Chile e Universidad Católica, até derrotar o Tigre em um final polêmica. O segundo jogo, no Morumbi, teve apenas um tempo, com os argentinos não retornando para a etapa final.

Lucas e Rogério Ceni com a taça da competição — Foto: Rubens Chiri/São Paulo

Em 2013, a Ponte Petra foi vice-campeã, perdendo para o Lanús na decisão. O terceiro título brasileiro veio em 2016, de uma forma triste não somente para o país, mas para o mundo. Após a queda do avião que levaria a delegação da Chapecoense para o primeiro jogo da final contra o Atlético Nacional, em Medellín, os colombianos abriram mão do título para que a Chape fosse declarada campeã.

Grupo de jogadores da Chape em 2016 — Foto: Nelson Almeida/AFP

Em 2017, o Flamengo foi vice-campeão para o Idependieente da Argentina. Em 2018, com jovens e promissores como Bruno Guimarães, Renan Lodi, e jogadores mais experientes como Lucho Gonzalez, Pablo e Santos, o Athlético Paranaense trouxe a quarta taça para o Brasil.

Athlético Paranaense campeão da Sul-Americana 2018 — Foto: Reprodução

Na temporada passada, a de 2019, a Conmebol, assim como fez com a Libertadores, definiu que a Sul-Americana também teria final única. Em jogo disputado no Paraguai, o Independiente del Valle venceu o Colón por 3 a 1. Em 2020, afinal será no estádio Mario Alberto Kempes, na Argentina.

Para 2021, a maior mudança do torneio está prevista. A Confederação Sul-Americana decidiu que era o momento de a competição passar a ter uma fase de grupos. Assim, os 32 classificados para a fase, terão um número mínimo de seis jogos, o que pode fazer aumentar a competitividade e atração do torneio.

Brasil e Argentina serão “beneficiados” com o novo formato. Os clubes dos dois países entrarão direto na fase de grupos. Por outro lado, os de Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela terão que disputar três fases eliminatórias antes de chegarem aos grupos — semelhante ao que já ocorre na Libertadores.

Esse aumento de jogos dentro da competição pode gerar maior verbas aos clubes. Como os classificados a fase de grupos terão o mínimo de seis jogos, os ganhos por partidas também aumentarão.

Logo da Competição — Foto: Divulgação

Essa reformulação do torneio é também uma maneira de aproximar a Sul-Americana com o que já acontece com a Europa League. E, também, tentar novamente que o público abra seus olhos para a competição.

Porém, dentro do futebol brasileiro, esse aumento de jogos pode gerar mais conflitos dentro do calendário que já é longo e dificultoso para os clubes. Aguardemos os próximos capítulos para saber como será a nova realidade do torneio.

Confira todos os campeões da Copa Sul-Americana

2002 — San Lorenzo (ARG)

2003 — Cienciano (PAR)

2004 — Boca Júniors (ARG)

2005 — Boca Júniors (ARG)

2006 — Pachuca (MEX)

2007 — Arsenal de Sarandi (ARG)

2008 — Internacional (BRA)

2009 — LDU Quito (EQU)

2010 — Independiente (ARG)

2011 — Universidad de Chile (CHI)

2012 — São Paulo (BRA)

2013 — Lanús (ARG)

2014 — River Plate (ARG)

2015 — Santa Fé (COL)

2016 — Chapeconese (BRA)

2017 — Independiente (ARG)

2018 — Ahtlético Paranaense (BRA)

2019 — Independiente Del Valle — (EQU)

Confira os últimos textos do Mezzala

--

--

Marcos Cardoso
Mezzala

Jornalista que escreve, que lê, que vê e que sente. Que não esquece do bom café.