Alex confirma que iniciará sua carreira de treinador

Gabriel Neukranz
Mezzala
Published in
5 min readNov 26, 2020

O ex-meia Alex, que teve passagens marcantes por Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe-TUR, anunciou nessa semana que dará início a sua trajetória como treinador de futebol em 2021. A confirmação veio em entrevista para o portal UmDois Esportes, representado pelo jornalista Fernando Rudnick.

Alexsandro de Souza, natural de Curitiba-PR e mais conhecido como Alex, foi um dos principais meias brasileiros nos anos 2000 e no fim da década de 90. Como jogador, conquistou 1 Copa Libertadores, 2 Copas do Brasil, 1 Campeonato Brasileiro, 2 Copas Américas pela Seleção, além de 3 Campeonatos Turcos e 2 Taças da Turquia. Criado e revelado pelo Coritiba, Alex voltou, em 2013, de 9 temporadas no Fenerbahçe para disputar seus dois últimos anos como jogador no Coxa.

Alex voltará aos campos em 2021, agora como técnico. Foto: Lucas Lima/UOL

Após pendurar as chuteiras, no fim de 2014, Alex tinha conversas com uma das chapas que concorriam às eleições do Coritiba naquele ano para, meses depois, retornar ao clube em uma nova função. Essa que ainda não havia sido definida, e situação que acabou não se concretizando. Após isso, aceitou um convite e passou a ser comentarista da ESPN Brasil, mas também estudando e participando de cursos, visando a carreira como treinador de futebol.

A ENTREVISTA

Alex afirmou que já planejava esse momento há anos, mesmo antes de se aposentar como jogador:

“É, na verdade já imaginava isso quando jogava. Eu, por um acaso, sorte ou escolhas, fui capitão da maioria das equipes em que joguei. E a partir do momento em que você é capitão, há muita conversa com comissão técnica, com diretoria. E a partir do momento que encerrei, em 2014, fiz um organograma para que pudesse seguir. A primeira coisa era tirar minha roupa de jogador, curtir um pouco a família, me distanciar do universo do futebol e criar uma isenção para que eu pudesse imaginar uma nova situação na frente. Na época, ainda não sabia se como gestor ou treinador. Então, dentro desse organograma, eu consegui seguir e acredito que tenha chegado o momento final, ou inicial para a nova função.”

O ex-meia revelou já ter recebido convites para treinar equipes do Brasil, mas que não aceitou:

“No Brasil as pessoas ainda contratam pelo nome, e não pelo conhecimento da pessoa, né? Então eu, pelo nome, já estaria trabalhando se quisesse. Porque os convites realmente chegam, mas eu me sentia desconfortável quando algum convite desses vinha. […] Então a forma como eu fiz para que me sentisse confortável, e é algo que eu carrego pro meu dia-a-dia, é que eu só vou falar aquilo que eu tenha conhecimento pra falar. Eu não tinha conhecimento nenhum da parte teórica, que fui buscar, e já são 4 anos que busco quase que diariamente. Acredito que eu tenha o embasamento pra falar da parte teórica e pra falar da parte prática enquanto jogador, mas a parte prática como treinador só vai acontecer na hora que eu começar a trabalhar.”

Sobre comandar rivais de seus clubes como jogador Alex foi bem claro:

“Meu único descarte é trabalhar no Athletico, pela minha relação com o Coritiba, e digo mais: trabalhar no Athletico para a maioria dos profissionais é algo espetacular devido ao momento que o clube atravessa. Mas […] é desnecessário. Tanto pra mim enquanto Coxa, pra minha família, e também pro próprio athleticano […] Vou ser um profissional do futebol. Quando falo do Coritiba, o que diferencia […] é que existe uma relevância histórica familiar. Nunca paguei ingresso pra ver jogo do Palmeiras ou do Cruzeiro. Fui muito bem recebido no Palmeiras, tenho um carinho absurdo pelo clube, e vale o mesmo pelo Cruzeiro. Agora, aquela é uma história de jogador, que acabou em 2014. O que diferencia com o Coritiba é minha relação pessoal. Eu sou torcedor, gosto do Coritiba, entendo a relação de rivalidade com o Athletico. […] Em relação a Cruzeiro e Palmeiras, existe essa relação histórica, eterna. Mas eterna para o jogador, que já ficou para trás.”

Mesmo com 2021 mais perto do que longe, Alex segue se preparando para assumir seu primeiro time como treinador: após concluir cursos da Universidade do Futebol e da CBF, pretende ir conhecer o dia-a-dia de alguns clubes da Série A:

“(Fiz) o estágio no Coritiba, mais fixo no sub-17, que tinha o César como treinador, mas (também) conversando com Alan, do sub-11; com Murilo, do sub-13; com João, do sub-15; e com Ricardo, do sub-20. [..] E agora vou retornar ao Coritiba para acompanhar o Rodrigo (Santana). Eu tenho muita curiosidade em saber o que os treinadores pedem, no caso de hoje, o Rodrigo e o Pacheco. e saber como é que o jogador recepciona. Porque ideias eu tenho as minhas, você e cada um tem as suas. A dificuldade maior é como aplicá-las, e aí existem formas. (Pretendo ir em outros clubes), se a pandemia permitir. Porque tem a questão do protocolo da CBF, e os clubes também tem que ter cuidado. A gente viu aí Coritiba, Palmeiras, Vasco da Gama e Goiás com surtos de casos, mas se eu tiver a oportunidade, sim.”

Com uma carreira longa e vitoriosa como jogador, Alex teve diversos treinadores e se inspira nas características e experiências de alguns:

“Se eu pudesse escolher uma característica, algo que me chamava muito a atenção, era o poder de convicção do Luxemburgo. Eu vi o Vanderlei dizer pra mim na terça-feira o que ia acontecer no domingo. Isso era magnífico. […] (Já) o Zico demonstrava uma segurança muito grande com as coisas que ele ia fazer. Eu lembro de problemas com a diretoria porque ele prometia pro cara: “Olha, você vai jogar daqui a dois domingos. No meu plano você vai jogar.” E muitas vezes têm coisas que fogem um pouco do treinador. Existe esse envolvimento contratual entre o clube e o jogador, e o Zico não tava nem aí pra isso. Ele simplesmente falava, fazia e deixava a coisa acontecer. Os problemas apareciam, ele dominava no peito, protegia o time e ia embora. Agora, isso você só tem com o tempo. […] E o Zico fazia muito bem. Independente do que acontecesse, ele mantinha o que falava. Isso facilita, mas peguei outros treinadores que agiam por caminhos diferentes, e faziam coisas parecidas.”

Prestes a dar início a essa nova etapa na sua carreira dentro do futebol, o ex-craque traça uma meta:

“Ter uma carreira longa e consistente, parecida como foi como atleta. Poder sair dos locais onde trabalhar convicto que deixei meu melhor, tendo feito coisas boas. Essa é minha intenção. […] O principal, pra mim, é fazer com que eu tenha um processo de evolução com os meninos com quem tiver oportunidade de trabalhar. Ajudar muito a entender por que se joga futebol.

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