BÊNÇÃOS MARADONIANAS NAS COPAS CONTINENTAIS

Os países futebolísticos de Maradona voltaram a vencer após a partida de Dios

Raoni Ramos
Mezzala
5 min readJul 13, 2021

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Maradona na Copa de 2018 (Foto: GABRIEL BOUYS/AFP)

Em novembro de 2020, o futebol ficou de luto com a morte de Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores da história. A carreira do Pibe de Oro é conhecida por todos e não demanda muitas apresentações. O menino saiu da Vila Fiorito - região inicialmente habitada por italianos -, na periferia de Buenos Aires, para conquistar o mundo com sua perna esquerda habilidosa e uma mão abençoada na Copa de 86.

Mais de seis meses depois do luto, os dois países com maiores ligações com Maradona tiveram grandes motivos para celebrar: Argentina e Itália foram os campeões da Copa América e da Eurocopa, respectivamente. Veja a importância dos títulos para as duas nações.

ARGENTINA

Torcedores comemorando o título em Buenos Aires (Foto: Tomas Cuesta / Getty Images)

Os hermanos precisavam erguer o troféu. A última conquista havia sido em 1993, também uma Copa América, após uma vitória sobre o México na final. Nesses 28 anos de jejum, foram quatro vices de Copa América (2004,2007,2015 e 2016), dois vices de Copa das Confederações (1995 e 2005) e um vice-campeonato de Copa do Mundo (2014). Vale destacar que nesse período a Argentina amargou três vices para o Brasil, seu maior rival no futebol, em 2004, 2005 e 2007. Com esse contexto fica fácil entender o porquê de milhares de argentinos, mesmo em um cenário grave de pandemia, saírem às ruas de Buenos Aires para comemorar o título de 2021.

Messi ergue a taça de campeão da Copa América 2021 (Foto: Guito Moreto)

Além da importância para a seleção, essa conquista da Copa América significou muito a um jogador em especial: Lionel Messi. O menino que precisou abandonar o país com apenas doze anos se transformou em um dos maiores jogadores do esporte. Até então, toda sua glória tinha sido conquistada em solos europeus, vestindo a camisa do Barcelona. Dos sete vices do período dejejum, Messi esteve presente em quatro e, durante anos, muitos questionavam se ele era argentino de verdade, devido ao seu crescimento na Espanha.

O tornozelo de Messi sangrando (Foto: Reprodução ESPN)

No entanto, todas essas dúvidas acabaram com este título. Lionel foi a liderança técnica e psicológica da equipe. Foi o artilheiro da competição com quatro gols e o líder de assistências com cinco. Além disso, vibrou com a equipe em todos os momentos, deixou, literalmente, o sangue em campo e até provocou os colombianos - algo incomum da sua personalidade.

Em 2021, o futebol deu para Messi, talvez, seu maior desejo: o direito de ser argentino em paz. Abençoado por Diego Armando Maradona, o pequeno menino de Rosário se junta ao grande ídolo do país entre os maiores da sua seleção.

ITÁLIA

Pinturas de Maradona nas ruas de Nápoles (Foto: Daniel Herculano)

A Itália foi a segunda casa de Maradona. Poucas idolatrias são tão grandes como a da torcida do Napoli por ele. E não é para menos, o argentino transformou um clube modesto do sul italiano em um dos grandes do país. De 1984 até 1991, foram dois títulos italianos (86–87 e 89–90), uma copa da Itália (86–87), uma Supercopa da Itália (90) e uma Copa da Uefa (88–89). Tantas conquistas que muitos italianos, especialmente os napolitanos, torceram para a Argentina de Maradona nas semifinais da Copa de 1990, disputada na Itália.

Chiellini levanta a taça de campeão da Euro 2020 (Foto: MICHAEL REGAN/ REUTERS)

Por toda essa relação, a Itália também merece as bênçãos de Dios. Contudo, estava enfrentando uma das suas maiores crises da história. Fez uma campanha pífia na Copa de 2014, sendo eliminada na primeira fase da competição. Quando parecia que não tinha como ficar pior, veio a não classificação à Copa de 2018, algo que só tinha acontecido uma vez, em 1958.

Técnico da seleção italiana Roberto Mancini (Foto: Reprodução/ojogo)

Após o fracasso nas eliminatórias para a Copa de 2018, Roberto Mancini foi contratado para ser o técnico. Era um nome confiável para liderar o processo de reconstrução da seleção, ainda mais em um momento que a Serie A voltara a ser uma liga forte no cenário europeu. No entanto, ninguém imaginava que seria tão rápido. O treinador adotou um sistema de jogo que foge daquele estereótipo defensivo da Itália, uma mudança que também ocorreu na Liga nacional, e apresentou indiscutivelmente o melhor futebol da Euro.

2022

Apesar de conquistas de igual importância, Argentina e Itália estão em prateleiras distintas quando o assunto é a expectativa para a Copa de 2022.

Rodrigo De Paul comemorando um gol (Foto: Imago / One Football)

O trabalho de Scaloni conseguiu estabilizar a Seleção Argentina, mas ainda apresenta lacunas quanto ao estilo de jogo. A equipe desce muito as linhas após marcar um gol e não possui tanta qualidade para se defender. Porém, vale destacar alguns valores individuais que se consolidaram nessa Copa América: De Paul, um dos melhores jogadores da final e novo contratado do Atlético de Madrid, o zagueiro Cristian Romero, de apenas 23 anos, da Atalanta, e o goleiro Emiliano Martínez, do Aston Villa.

Tatuagem de Insigne em homenagem a Maradona (Foto: Reprodução/ Instagram)

A Itália, por outro lado, já apresentou o suficiente para ser considerada umas das favoritas para o título da próxima copa. Além da conquista da Euro, são 34 jogos de invencibilidade e uma equipe forte coletivamente, baseada em ótimos talentos individuais. Donnarumma, eleito melhor jogador da Euro, é goleiro para os próximos dez anos da Azzurra. Chiellini e Bonnuci, apesar da idade, ainda conseguem jogar uma copa em alto nível. Verratti e Jorginho são craques no meio campo quando estão bem fisicamente. No ataque, pode-se destacar Chiesa, jogador de uma personalidade absurda, e Insigne, o ídolo do Napoli que tem Maradona como referência.

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Raoni Ramos
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Estudante de jornalismo, 19. Quero escrever sobre futebol e outras coisas menos importantes.