Chance de redenção: Luka Jović volta ao time que o levou ao estrelato

Atacante sérvio não se adaptou ao Real Madrid e tem nova oportunidade no retorno ao Eintracht Frankfurt

Kaio Sauaia
Mezzala
5 min readJan 25, 2021

--

Luka em sua apresentação no Eintracht (Foto: Eintracht Frankfurt/ Divulgação)

Jogar no Real Madrid é uma tarefa das mais difíceis no futebol mundial atualmente. O “galáctico” clube vive de troféus e conquistas, necessitando que quem esteja por lá tenha um rendimento perto dos 100%. Justamente por isso, é comum vermos inúmeros craques que brilham por times dos mais diversos países chegarem ao Real e sucumbirem à imensa pressão que lhes é imposta ao vestir a camisa merengue. Alguns exemplos no atual plantel são Eden Hazard, Martin Odegaard, Éder Militão e, nossa pauta, Luka Jović. O atacante de 23 anos foi uma das opções de Zinedine Zidane para compor o ataque madridista na temporada 19/20, que precisava de uma variação para a “9” além de Karim Benzema, pagando assim 63 milhões de euros ao Benfica, clube detentor dos direitos do jogador e que havia o emprestado ao Eintracht Frankfurt. Na Alemanha, o centroavante teve 75 aparições, marcando 36 vezes e servindo seus companheiros em 9 oportunidades, sendo que destas 45 participações para gols, 80% aconteceram em sua segunda temporada por lá, tendo média de 0,72 participações por partida, se tornando a revelação do campeonato e entrando para a seleção da Bundesliga.

Já na Espanha o rendimento caiu para 0,14 participações por jogo, tendo apenas 2 gols e uma única assistência em 27 jogos pelo Real Madrid.

Com tal desempenho, o clube de Madrid optou por emprestar seu atacante ao time que o moldou para o sucesso, com a esperança que sua autoestima seja recuperada e que, automaticamente, os gols voltem junto.

O sucesso em Frankfurt

Foto: Eintracht Frankfurt/ Divulgação

Na temporada 18/19, Niko Kovač acabou deixando o clube rumo ao Bayern de Munique, após bater o mesmo na final da Copa da Alemanha por 3x1, com gols de Rebić (11' 82’) e Gacinović (90+6’) e consagrar a grande temporada da equipe. Desta forma, o austríaco Adi Hütter foi o responsável por assumir o cargo e continuar o bom trabalho feito pelo croata.

Hütter não só manteve a formação e a ideia de transição rápida como conseguiu otimizar jogadores como Haller e o próprio Jović, montando uma das mais fatais duplas de ataque da Europa. Com a qualidade de finalização e capacidade de movimentação e construção no em torno da área do sérvio e do marfinense, o time ficou ainda mais qualificado, tendo os já muito bons alas Kostić e Da Costa, responsáveis por boa parte das assistências para a dupla; Rebić e Gacinović no meio; como os jogadores que apareciam dentro da área como elemento surpresa e ajudavam na armação pelo meio; e a linha de zaga comandada por Hinteregger, que não só tinha funções primordiais sem bola, como era também responsável por boa parte das ligações diretas, junto aos veteranos Hasebe e Abraham.

Desta forma, as “torres gêmeas” marcaram 32 dos 60 gols da equipe na Bundesliga, quase 54% dos tentos feitos na competição.

A queda em Madrid

Foto: Real Madrid/ Divulgação

Tais estatísticas fizeram com que o Benfica efetuasse uma das maiores transferências de sua história, fazendo com que o jovem de, na época, 21 anos chegasse a peso de ouro no elenco espanhol. Como citado, a história não seguiu pelos melhores caminhos para Jović, que sequer chegou a ser uma sombra de Benzema naquela temporada, que marcou 27 gols em 48 aparições, enquanto o atacante sérvio marcou apenas 2 em 27 jogos, 13,5 vezes a menos que o francês.

Existem muitas especulações sobre o porque do fracasso de Luka pelo Real. Alguns citam a dificuldade da adaptação do atacante aos costumes do país junto a vinda da pandemia, dificultando ainda mais o convívio e a compreensão da cultura local; outros falam que a temporada de Karim fez com que ele ficasse em segundo plano; mas a grande maioria cita a dificuldade de Zinedine Zidane de trabalhar com os jovens que chegaram ao elenco. Exemplo conhecido é o do aproveitamento de Vinícius Jr. e Rodrygo sob o comando do francês, já que, como citado diversas vezes na mídia brasileira e espanhola, há uma nítida inconstância de ambos desde suas respectivas chegadas ao clube merengue, não sendo diferente com o centroavante.

Apesar das críticas, Zidane se defendeu em uma entrevista à imprensa local:

“Me culpar é fácil. É o Real Madrid, é muito complicado. Chega um momento em que o jogador tem que jogar e demonstrar. Luka tem 21 anos e é uma opção muito boa.”

A chance de redenção

Foto: Eintracht Frankfurt/ Divulgação

Ao final da temporada 18/19, importantes jogadores acabaram saindo além de Jović. Haller rumou ao West Ham, Rebić acabou sendo uma moeda de troca e foi ao Milan, entre alguns outros. Desta forma, Hütter e seus chefes tiveram de buscar novas opções para suprir as necessidades. André Silva chegou para o lugar de Haller e seu compatriota, Gonçalo Paciência, para o lugar de Luka, sendo os escolhidos para formar a nova dupla de gigantes no ataque, mantendo a metodologia de jogo das últimas temporadas. Apesar de marcarem um total de 25 tentos naquele ano (15 de André e 10 de Gonçalo), os portugueses não conseguiram classificar a equipe para competições europeias e caíram para o Basel na Liga Europa com um acachapante 4x0 no agregado. Já nesta temporada, Silva manteve o bom desempenho, enquanto Paciência teve uma queda de rendimento e acabou sendo emprestado ao Schalke 04.

Consequentemente, ficou claro que o Frankfurt precisava de um novo companheiro para André Silva, enquanto Luka Jović necessitava de (não tão) novos ares, fazendo assim com que os dirigentes da equipe alemã negociassem com os espanhóis um empréstimo de meia temporada, algo que o próprio Adi Hütter aprovou:

“André Silva e Jović certamente podem se harmonizar bem e fariam uma dupla fantástica na Bundesliga. Os dois podem jogar juntos.”

Com um ambiente conhecido e um treinador que sabe extrair seu máximo, Jović teve um belo início de caminhada nessa “segunda chance”. Em sua reestreia, o sérvio marcou 2 gols em duas finalizações jogando apenas 32 minutos e, atualmente, soma 3 gols em 77 minutos jogados, dados bem melhores do que seus 2 tentos nos 1014 minutos em que atuou pelo Madrid.

Confira os últimos textos do Mezzala:

--

--