Comparativo: O primeiro turno dos RB’s Bragantino e Leipzig na primeira divisão

“Massa Bruta” tem investimentos semelhantes aos do companheiro alemão nas devidas proporções, mas não começa com os mesmos resultados

Kaio Sauaia
Mezzala
6 min readNov 8, 2020

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Barbieri e Hasenhutll, os comandantes dos primeiros grandes voos da Red Bull (Foto: Kaio Sauaia/ Mezzala)

Quase dois anos após a consagração da venda do Bragantino e um longo período aguardando por evoluções com a antiga equipe, a RB Brasil, a mais recente aquisição da Red Bull conseguiu uma vaga na primeira divisão do Brasil, terminando a Série B com uma campanha muito regular, com 75 pontos, chegando a ter a conquista do título em risco, mas não deixando dúvidas de que se classificaria para a elite do futebol nacional.

Além da vantagem de oito pontos sobre o segundo colocado, o time de Antônio Carlos Zago teve o melhor ataque da competição, junto aos 65% de aproveitamento, dados que aumentaram ainda mais a expectativa não só do torcedor do “Braga”, mas também da mídia e de clubes rivais, estes que tiveram de abrir o olho, já que os investimentos empresariais e o desempenho dos outros clubes da produtora de energéticos pelo planeta demonstravam o quanto promissor era o projeto “RB”.

Tudo andava bem, até que no início de 2020, Zago recebeu uma proposta do Kashima Antlers, do Japão, que oferecia um maior salário. Thiago Scuro, gerente de futebol do Bragantino, dizia que o treinador não deveria sair, já que seu contrato estava em vigência, mas uma multa rescisória paga pelos japoneses acabou levando Antônio à Ásia.

Assim, o dirigente optou pela contratação de Felipe Conceição para ser o substituto, que vinha de um bom trabalho no América-MG, onde conseguiu uma arrancada espetacular, tirando o clube mineiro de uma lanterna e terminando a competição em quinto lugar, disputando o acesso para a primeira divisão até o final. Desta forma, o Bragantino começava a temporada para sua primeira participação no Brasileirão como um clube da Red Bull.

Conceição em partida pelo “Braga” (Foto: Ari Ferreira / Red Bull Bragantino)

Comparações RB Bragantino x RB Leipzig

Para termos um panorama do nível de desempenho do clube brasileiro, iremos utilizar de alguns dados do primeiro turno do Red Bull Leipzig (clube de maior sucesso da empresa) na Bundesliga 16/17, temporada na qual o clube alemão debutou na competição. Importante reiterar que, como no campeonato alemão apenas 18 equipes disputam a liga, o turno se conclui em 17 rodadas.

O mercado

Artur, o reforço mais caro da janela do “Massa Bruta” (Foto: Ari Ferreira/CA Bragantino)

Uma viagem para uma terra paradisíaca ou um lugar utópico sempre demanda muitos investimentos e, no caso do Bragantino, não foi diferente. O clube de Bragança Paulista acabou gastando aproximadamente 137 milhões de reais, sendo o quarto clube que mais investiu em contratações na temporada do Brasileirão. Para uma melhor compreensão na comparação, vamos equiparar os gastos entre os times da RB e os que mais compraram em suas respectivas temporadas.

Na situação do Leipzig, os dirigentes alemães também abriram os cofres, gastando 80 milhões de libras, cerca de 565 milhões reais (convertendo no atual valor da moeda, de 7,06), ficando atrás apenas do Borussia Dortmund, que gastou 122 milhões de libras, que resultam em cerca de 861 milhões de reais. No Brasil, o clube que mais gastou na atual temporada foi o Flamengo, que investiu 223 milhões de reais. Ou seja, o Bragantino pagou, aproximadamente, 62% do valor dos gastos do clube que mais investiu no mercado brasileiro, enquanto o Leipzig pagou em torno de 66% do valor do time que mais contratou no mercado alemão. Portanto, podemos dizer que os gastos foram semelhantes.

Treinadores

Barbieri, o encarregado de salvar a temporada do Bragantino (Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino)

Tradicionalmente, os times da RB costumam contratar não só jovens jogadores mas, também, jovens treinadores, com conceitos dos mais atualizados em relação ao futebol. Felipe Conceição era um caso, já que seu ótimo desempenho no América foi marcado não só pela arrancada, mas pelas boas atuações, que fizeram com que o “Coelho” ficasse muito perto da primeira divisão.

Porém, o time de Conceição começou muito mal no Brasileiro, pelo menos no que se diz em relação aos resultados, já que mesmo com uma vitória, dois empates e uma derrota, a equipe da Red Bull era líder em finalizações e em roubadas bolas no último terço do campo, demonstrando uma boa marcação pressão. Porém, tais dados seguiram sem traduzir os placares finais, já que na quinta e sexta rodada, os comandados de Felipe tiveram duas derrotas consecutivas, fazendo com que o técnico sucumbisse à pressão e caísse do cargo.

Assim, Maurício Barbieri, que já havia trabalhado no RB Brasil, acabou sendo o escolhido para seguir o projeto, justamente por conhece-lo, com a responsabilidade de aliar um elenco que havia se repartido, além de elevar o desempenho dentro de campo e transformá-lo em resultado.

Até o momento, nas 13 rodadas que Barbieri teve até o fim do primeiro turno, o Bragantino conquistou 3 vitórias, 5 empates e 5 derrotas, tendo um aproveitamento de 35,8%, o que, apesar de ser baixo, progrediu em relação ao de Felipe Conceição, que era de 27,7%.

Diferente de Thiago Scuro, Ralf Rangnick, o gerente de futebol do Leipzig na época, optou por manter o mesmo técnico do início ao fim da temporada, sendo este Ralph Hasenhutll, austríaco que vinha de um bom trabalho pelo Ingolstadt. Ralph surpreendeu e terminou a Bundesliga em segundo colocado, finalizando a competição com 65,6% de aproveitamento.

O primeiro turno na elite

Artur na derrota do Braga para o Fortaleza, por 3x0 (Foto: Reprodução / Red Bull Bragantino)

Com o conturbado início e a troca no comando técnico, era de se esperar que, no fim do turno, o time de Barbieri não conseguisse ter um salto tão expressivo, apesar da situação ser um pouco menos desesperadora, tendo em vista que a equipe terminou as 19 rodadas à uma vitória de sair da zona de rebaixamento, ocupando a décima nona colocação, obtendo 19 pontos e tendo, no total, 33,3% de aproveitamento (4 vitórias, 7 empates e 8 derrotas).

Diferente de Conceição e Barbieri, Hasenhuttl conseguiu uma façanha, já que, no primeiro turno do Leipzig na Bundesliga, seus comandados terminaram na quinta colocação, com 28 pontos e obtendo 54,9% de aproveitamento (8 vitórias, 4 empates e 5 derrotas), bem mais do que o companheiro brasileiro.

Algo que pode animar o torcedor do “Massa Bruta” é que, como já foi citado, o time alemão conseguiu evoluir ainda mais dentro do campeonato, saltando três posições na tabela nas outras 17 rodadas e aumentando seu aproveitamento em 10,7%, acabando como o vice-líder da competição.

Vejamos se, no fim, o Bragantino consegue ganhar as famigeradas “asas”, necessárias para um voo tão complicado em um dos mais disputados campeonatos do planeta, que deve acarretar em algumas outras turbulências no caminho da fabricante de energéticos.

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