Da promessa do SuperGrêmio a melancolia de uma temporada sem fim

Marcos Cardoso
Mezzala
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4 min readAug 28, 2021
Felipão retorna ao Grêmio após passagem em 2014/2015 — Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Quando terminou a temporada 2020, ainda no início do ano de 2021, o Grêmio vivia o sonho de montar um super time, ou melhor, um Dream Team para a última dança de Renato Portaluppi no comando do Tricolor. Não fossem duas partidas pavorosas frente ao Independiente Del Valle, a temporada poderia ter tomado outros rumos.

Renato não durou. Tiago assumiu e foi um relâmpago, no bom e mal sentido. Foi campeão estadual e mandado embora por não vencer no Brasileirão em questão de dois meses.

Para a salvação do Imortal, veio o velho conhecido Luiz Felipe Scolari. Porém, o ex-dono de um dos bigodes mais conhecidos do Brasil — quiçá do mundo — sucumbiu ao dono de muitos corações gremistas na Copa do Brasil.

Mas, o que se passa com o Tricolor Gaúcho para ter a sua pior temporada desde que foi rebaixado para a segunda divisão em 2004?

O começo de tudo

Tão logo terminou a final da Copa do Brasil frente ao Palmeiras, Romildo Bolzan Júnior prometeu um grande time para que Renato pudesse se despedir em grande estilo. Era esperado que, enfim, a taça do Campeonato Brasileiro pudesse desembarcar na Arena.

Diversos atletas protagonistas no futebol brasileiro e, até mesmo relevantes pelo futebol mundial, foram sondados. De uma lista com Roger Guedes, Cavani, Vergara, Rafael Carioca, Rafinha e Douglas Costa, apenas o penúltimo chegou enquanto Portaluppi ainda estava em Porto Alegre. Entretanto, o camisa 13 jamais seria comandado pelo treinador; Renato foi demitido pouco antes de sua estreia com a camisa tricolor.

Rafinha em duelo contra o Flamengo pela Copa do Brasil — Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Para seu lugar, Tiago Nunes, conhecedor da base Tricolor, foi chamado para a missão de reerguer o clube. Uma mudança brusca, uma troca grande de valores e ideias. De um time entrosado — mesmo sem estar vencendo títulos importantes desde 2017 — o Grêmio passou a ser um mero duelador.

O título gaúcho veio, assim como uma classificação arrasadora para a fase de oitavas de finais da Copa Sul-Americana. Contudo, o péssimo início de Campeonato Brasileiro fez com que Tiago entrasse para a longa fila de treinadores desempregados no futebol do país.

O retorno da família Scolari

Felipão ganhou fama ao ser campeão da Copa do Brasil com o Criciúma no início dos anos 1990. Posteriormente, com o Grêmio e Palmeiras, foi campeão da América. Anos depois, ergueu o Penta comandando o Brasil.

Quisera o destino que a primeira competição importante conquistada por Felipão, que lhe promoveu ao futebol nacional, lhe fornecesse um vexame tão grande quanto o 7 a 1 sofrido em 2014 no Mineirão.

Antes de citarmos essa parte, precisamos lembrar que Scolari viu seu Grêmio ser eliminado pela Liga Deportiva Universitária, a LDU, em plena Arena, sem demonstrar forças frente aos equatorianos na Sul-Americana.

Villsanti chegou para o lucar de Matheus Henrique — Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Já no Brasileirão, as quatro primeiras vitórias chegaram. Porém, o bom futebol está mais longe do que nunca do bairro Humaitá de Porto Alegre.

As chegadas de Villasanti e Campaz, somados ao acréscimo de Borja, levantam a esperança da torcida em busca de dias melhores: o centroavante colombiano começou a marcar, o volante mostrou boa chegada e o jovem meia, em poucos minutos, demonstrou ser útil.

Entretanto, Felipão amargou uma goleada do tamanho do 7 a 1 em uma de suas casas. O duelista que venceu? O mesmo Renato mandado embora após a derrota para o Del Valle.

O que falta para o Grêmio voltar?

Talvez essa seja hoje a pergunta de um milhão de reais — até porque o dólar está em alta. Um time que nos últimos anos se caracterizou por formar e vender diversos jogadores para o futebol europeu, não soube investir em elencos mais fortes.

Ano após ano, o superávit financeiro é comemorado e, ao mesmo tempo, o tricolor sofre eliminações vexatórias na Libertadores para Flamengo e Santos, além de posições incômodas no Brasileirão, competição na qual o Grêmio não tem dado muito valor.

Com uma dupla de zaga envelhecida, por mais que seja das mais vitoriosas da história do clube, a qual nunca perdeu um clássico GreNal, uma reposição não foi buscada. Ruan ameaçou brilhar, encantou a torcida e não teve seu contrato renovado. Vendido ao Sassuolo da Itália.

Nos últimos dias, alguns gringos — que já foram citados acima — desembarcaram no Aeroporto Salgado Filho, mas a situação segue incomoda.

Borja se tornou a principal esperança de gols — Foto: Lucas Uebel/Grêmio

De um super Grêmio projetado pelos torcedores e prometido pela direção, o Tricolor terá pouco mais de três meses para evitar o seu terceiro rebaixamento à segunda divisão, fato que seria o maior vexame da história futebolística do estado.

Um ano perdido, sem grandes pretensões após eliminações, goleados, humilhações e surras.

O Grêmio precisa repensar a sua estrutura de futebol se quiser se manter na primeira divisão. Romildo fez das melhores gestões de um presidente da primeira divisão nos últimos anos, entretanto, ficou para trás. Em um esporte que não lembra do passado, focar no futuro é tarefa de casa.

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Marcos Cardoso
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Jornalista que escreve, que lê, que vê e que sente. Que não esquece do bom café.