De volta à Premier League: As primeiras impressões do Leeds United na elite inglesa

Após uma década e meia longe da Primeira Divisão, o Leeds comandado por “El Loco” Bielsa, volta com tudo para ser a sesação da Premier League

Luan Fontes
Mezzala
8 min readSep 30, 2020

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Foto: Reprodução

A Premier League volta a ter uma das equipes mais tradicionais do cenário futebolístico britânico. O Leeds United, finalmente voltou ao mais alto escalão do futebol inglês após amargar 16 anos entre a Segunda e a Terceira divisão. o tradicional clube do condado de Yorkshire chega como uma atração a parte, não só por ter uma rica história, mas pelo seu estilo de jogo ofensivo sob a liderança de um técnico bastante respeitado, rabugento, carismático e que dará uma pitada de loucura na Premier League: O argentino Marcelo Bielsa.

Ingredientes como estes fazem com que o Leeds possa ser tido como um grande candidato a surpresa na temporada 2020/21, sendo uma equipe a ser bastante observada pelo seu potencial mostrado com um jogo bonito e ofensivo, que sempre foi um marco de “El Loco”.

PEÇAS IMPORTANTES

O Leeds conseguiu manter a base que conseguiu o acesso na temporada 2019/20. Jogadores-chave para a campanha de acesso à Premier League, e que vale pena ficar de olho.

Pablo Hernández

Foto; Shaun Botterill/Getty Images

O meia espanhol foi contratado na temporada 2017/18 e caiu como uma luva no Leeds, tornando-se ainda mais fundamental para a equipe após a chegada de Bielsa, sendo vital no meio-campo. Foi o autor do gol da agônica vitória sobre o Swansea, aos 44 do segundo tempo, que foi chave para o acesso do Leeds. Pablo atua como um meia armador centralizado, podendo cair bem pelos lados do campo, é habilidoso e é marcado por ser um distribuidor de canetas. Quem for marcá-lo, que trate de tomar cuidado com o espaço entre as pernas.

Patrick Bamford

Foto: Alex Livesey/Getty Images

O homem-gol do Leeds foi o artilheiro na temporada passada do Leeds United com 16 gols na Championship(foi o goleador da competição). No cube desde 2018, Bamford não demorou muito para cair nas graças do torcedor do Leeds. O centroavante é muito forte e tem até o momento desta publicação, 29 gols com a camisa branca. Bamford é muito forte em termos de presença física, portanto consegue exercer muito bem a função de pivô. Nesta temporada até o momento, Bamford já soma 3 gols em 3 jogos na Premier League, tendo média de um gol por jogo. Belo começo para o atacante inglês em sua terceira temporada no clube.

Kalvin Phillips

Foto: Twitter/Leeds United

Cria da casa, o volante de 24 anos é o grande cérebro do time, funcionando como um eixo de ligação entre defesa e meio-campo, sendo importantíssimo para a saída de bola, cobrindo muito bem os espaços com e sem a bola. Kalvin é muito bom na dividida em jogo terrestre, possui um ótimo tempo de bola para desarmar e tem ótima qualidade no passe. Phillips é o único volante no time titular do Leeds, portanto sua complexidade em atributos o torna importantíssimo no esquema de Bielsa. Em seu melhor momento na carreira, Phillips foi convocado para a seleção inglesa, nas primeiras rodadas da Liga das Nações em setembro.

Rodrigo

Foto: Divulgação

Recém-chegado do Valencia, Rodrigo é a principal contratação dos Whites para a temporada, além de ser a mais cara da história do Leeds. Rodrigo não começou como titular nos três primeiros jogos pelo Leeds United. Apesar de ser atacante, Rodrigo pode jogar tranquilamente mais recuado pelo meio-campo, podendo assim, atacar os espaços fornecidos pela parede de Bamford.

Marcelo Bielsa

Foto: Getty Images

O consagrado treinador argentino está desde 2018 no clube e desde então, causou impactos absurdos por lá. Bielsa por pouco, não conseguiu levar o Leeds ade volta à elite na primeira temporada, mas deixou ótimas impressões. Na temporada seguinte, Bielsa cumpriu a missão. “El Loco” é uma figura á parte e pretende entreter os amantes de um bom futebol com seu estilo de jogo moderno e ofensivo, e aos que gostam de um folclore, com seu jeito “raiz” e humilde, a ponto de dar entrevistas com a ajuda do tradutor e corrigindo-o sem mesmo saber falar inglês e acompanhar os jogos sentado em um banquinho que mais parece um balde azul, para evitar dores na coluna. Bielsa é um verdadeiro estudioso e não para tanto, sabia como todos os times da Championship jogavam. Não vai ser diferente na Premier.

TÁTICAS E PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O estilo de jogo dos times de Bielsa, é basicamente baseado na posse de bola, ofensivo, vertical e intenso, além de ser bastante rotacional. Bielsa costuma usar o esquema 4–1-4–1, mas devido à rotação posicional, os esquemas variam ao longo da partida. Devido a essas variações, Bielsa torna a equipe mais coletiva, contando com jogadores que possuam capacidade de serem multifuncionais.

Bielsa costuma fazer a equipe se defender no esquema inicial, o 4–1-4–1, com um atacante isolado, uma linha com quatro meias, um volante recuado entre os quatro meias e uma linha de quatro jogadores na defesa. As linhas costumam ser altas, proporcionando uma alta pressão sobre o portador da bola. Este tipo de marcação pode ser chamado de perde-pressiona, visto que a pressão na marcação é feita após a perda da posse de bola, sem oferecer nenhum espaço e tempo para o portador da bola.

Foto: Divulgação/TalkSport

Com a bola, o Leeds muda a configuração do seu estilo de jogo para um 3–3–1–3, com Phillips recuando para ajudar na saída composta por três jogadores os meias-extremos virando pontas, um meia recua e se torna volante posicionando-se atrás de outros três meias. A segunda linha do esquema ofensivo é composta pelo meia armador e os laterais que sobem para o ataque virando meias-extremos.

A configuração ofensiva já explicada no parágrafo anterior é vista na maior parte das transições ofensivas do Leeds. Nesta saída de bola, é importante que ressaltemos o papel de Kalvin Phillips na saída de bola, posicionando-se entre os dois zagueiros que compõem a linha de 3. Phillips se desloca para osdois lados em uma região do campo, a frente dos dois zagueiros para dar opção de passe.

Foto: Luan Fontes via TacticalPad

No primeiro jogo contra o Liverpool, o Leeds usou uma configuração de saída um pouco diferente, porém ainda no esquema 3313. Com a alta pressão proporcionada pelo time de Klopp, Phillips teve de recuar para ficar entre os dois zagueiros, pois provavelmente porque Hernàndez e Klich poderiam ficar sobrecarregados no meio.

Ou em vez disso, Phillips se posicionava na configuração normal, a frente dos dois zagueiros, porém ele estaria muito bem marcado, com Firmino se posicionando à sua frente. Assim, o Leeds foi mais obrigado a jogar pelas laterais, aproveitando que os pontas do Liverpool também pressionavam os zagueiros.

Foto: Reprodução/Youtube

Nos momentos em que Firmino sai para pressionar mais, Phillips tem bastante espaço no meio campo. Henderson saía da função de volante para pressioná-lo.

Foto: Reprodução/Youtube

Para burlar esse sistema, o Leeds contou com a movimentação e rotação de Hernández e Klich. Klich ia um pouco mais para a frente e Hernández recuava, para dar uma opção extra de passe extra e puxar a marcação adversária.

Foto: Reprodução/Youtube
Foto: Reprodução/Youtube

Mas na maioria das ocasiões, os dois meio-campistas subiam, puxando os dois meias do Liverpool para atrás, o que obrigava Henderson também a recuar. Com isso, Phillips ganhava bastante espaço no meio. Foi assim que o Leeds empatou em 1 a 1 no primeiro tempo.

Posicionando os meias mais a frente o Leeds oferecia espaço no seu campo de defesa. Repare na lacuna deixada. O time teria que se recompor rapidamente.

Outro ponto perceptível na partida contra o Liverpool, foi a movimentação do jogadores para dar opção de passe e dominar o setor do campo, com alguns jogadores se aproximando do portador da bola.

Essa movimentação com aproximação e ocupação de espaços era vista quando o Leeds criou várias situações de vantagem numérica pelos flancos do campo, o que o possibilitou a atacar nestes setores, fazendo triangulações. Isto também proporcionava a chance de o corredor extra avançar por trás das linhas altas do Liverpool.

Foto: Reprodução/Youtube

Quando o Leeds tinha a bola no último terço do campo, tinha total liberdade para se movimentar com dois atacantes avançando nas costas da marcação, como foi no caso do gol de Klich que empatou o jogo em 3 a 3.

Foto: Reprodução/Youtube
Foto: Reprodução/Youtube

Nas partidas contra Fulham e Sheffield United, o Leeds conseguiu jogar ao seu padrão de saída de bola, como já vimos, com Kalvin Philips se movimentando com liberdade e espaço entre as linhas de defesa e meio-campo de um lado para o outro.

Esse estilo de jogo ofensivo, vertical, de muita intensidade e mobilidade, além da forma da qual se comportam taticamente, muito devido ao trabalho de um senhor da tática que é Bielsa, são alguns dos fatores que fazem com que o Leeds seja uma das equipes mais interessantes de toda a Europa nessa temporada. A fidelidade a um estilo de jogo é a base tática para qualquer equipe, mas as diversas formas de se movimentar em campo tornam a equipe imprevisível. Quanto mais imprevisível, mais interessante é a equipe. Pelo tanto de situações de jogo que já vimos do time de “El Loco”, dificilmente veremos jogos chatos.

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Luan Fontes
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Apenas um rapaz sul-americano que sonha em ser jornalista esportivo, quem sabe, narrador