Diego Armando Maradona: O Mais Humano dos Deuses

Um dos maiores de todos os tempos merece todas as homenagens por cada obra de arte realizada dentro de campo

Danilo Jordão
Mezzala
4 min readNov 25, 2020

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Foto: Reprodução

“Maradona é incontrolável quando fala, mas muito mais quando joga: não há quem possa prever as diabruras deste criador de surpresas, que jamais se repete e goza desconcertando os computadores.”

Um dos maiores escritores da América Latina, Eduardo Galeano retrata com maestria quem foi Diego dentro e fora de campo. Para todos: Único, Artista, Gênio, Imparável. Para alguns: Deus. Desde 1998, súditos se juntam em uma paróquia para celebrar a maior personalidade do esporte. A Igreja Maradoniana, como é chamada, possui orações personalizadas para o 10. E ela acaba de ganhar um novo membro. Por tudo que fez, que faz, que mudou, Diego merece tudo. Driblou a morte algumas vezes, vingou uma guerra, mas hoje se despediu. Aos 60 anos, Deus partiu. Não nos deixou, porque, apesar de mortal, esse Deus é eterno.

Assim como é inevitável relembrar o artista que foi Diego, são inevitáveis as comparações. Curiosamente, meus dois ídolos máximos do futebol “rivalizam” com Maradona. São eles Zico, pois é o nome mais citado e ensinado de minha formação como torcedor e admirador do esporte, e Messi, o maior jogador da minha geração e, consequentemente, o maior argentino com a bola no Século XXI.

No final dos anos 70, a ascensão de Zico com a camisa do Flamengo e a camisa do Brasil iniciou as comparações com o Rei Pelé. Na mesma época que Arthur já era considerado um dos melhores, senão o melhor, um menino de apenas quinze anos estreava nos gramados de Buenos Aires vestindo as cores do modesto Argentinos Juniors. Logo passou por Boca, Barcelona, Napoli e Seleção Argentina. Em 1986, Dón Diego consolidou-se na prateleira dos grandes. Conquistou a Copa do Mundo com as atuações mais impressionantes já vistas e colocou la mano, la mano de Diós, na taça. Antes, vingou a guerra das Malvinas. Contra a Inglaterra, atravessou o campo a passos curtos, velozes e mortais. O Gol del Siglo narrado por Víctor Hugo Morales nos faz viver cada sentimento expresso pelo povo argentino naqueles poucos segundos que lhe deram a vitória. Pode soar irônico, mas o esporte bretão, por um breve momento, vestiu azul e branco; aplaudiu quem ama o futebol, agradeceu quem viu. Mesmo anos antes do meu nascimento, Maradona já influenciava na minha vida, por simplesmente fazer do futebol a vida de tantos outros.

Créditos: Conexão Fut

Dieguito sofreu muito em diversos períodos de sua vida e por isso partiu cedo. Porém, não consigo escrever sobre. Pra mim, o que fica são seus lances geniais e, acima de tudo, seu espírito revolucionário. As pessoas podem concordar ou não com sua ideologia, mas é inegável que Maradona lutava por uma América Latina mais unida e pela ascensão dos operários. Justamente 4 anos após a morte de seu ídolo e amigo Fidel Castro, Diego o encontrará no céu e, como bons amigos, jogarão uma bola, discutirão política e, junto de Che, torcerão pela sua tão amada Argentina.

Era um torcedor em campo. Ano passado, treinou o pequeno Gimnasia La Plata, e foi recebido com festa em praticamente todos os jogos nos estádios visitantes. Naquela hora, Maradona era maior que as instituições e torcedores das mais variadas cores se curvavam para o Deus imperfeito. Como um apaixonado por torcidas, olhar para Dieguito e vê-lo sentindo o jogo o torna ainda mais especial. É olhar para o gênio e me ver ali, cantando por uma mesma paixão que é o futebol. Maradona é o que a gente gostaria de ser e, ao mesmo tempo, o que nós não somos.

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Danilo Jordão
Mezzala
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O que veio primeiro: o sorriso ou o mundo? Na felicidade tudo se cria.