Diego Souza: velho conhecido, nova posição.

Gabriel Neukranz
Mezzala
Published in
6 min readDec 16, 2020

Diego Souza já é um velho conhecido do torcedor brasileiro. Passou por uma carreira de altos e baixos, com passagens por vários clubes brasileiros. Conseguiu marcar seu nome na história de alguns, mas não deixou saudade em outros. Mesmo tendo sido comprado por três clubes de fora do país, Diego está disputando a sua 18ª edição consecutiva do Campeonato Brasileiro. Tamanha continuidade o ajudou a atingir, recentemente, o posto de 10° jogador com mais gols na história do torneio. Para isso, superou ninguém menos que Dadá Maravilha, e dentro dos figurantes da lista, apenas Zico e Diego não são atacantes de origem. Entre os jogadores que ainda estão em atividade, ele é o 2° com mais gols na história do Brasileirão, só estando atrás de Fred, do Fluminense, por 35 gols de diferença.

Diego Souza comemorando seu gol pela Seleção Brasileira, em 2017. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Estreando como profissional em 2003, pelo Fluminense, Diego Souza surgiu atuando como um segundo meio-campista de bom passe. Função que seguiu em seus três primeiros anos de carreira, nos rivais Flamengo e Fluminense, mas isso viria a mudar com sua chegada ao Grêmio. Contratado em 2007 como volante, Diego mudou de posição com Mano Menezes, no clube gaúcho. Passou a jogar mais a frente, e se destacou ofensivamente naquele ano, conquistando o vice-campeonato da Libertadores pelo tricolor. Essa foi a primeira “troca de posição” de Diego, que se manteve atuando como meia no decorrer de sua carreira.

E foi como meia-atacante que Diego Souza se destacou por Palmeiras, Vasco, e foi artilheiro da Série A, em 2016, pelo Sport. A primeira artilharia em competições de primeiro escalão abriu uma porta fundamental para Diego: a da Seleção Brasileira. Para o amistoso contra a Colômbia, em janeiro de 2017, Tite só convocou jogadores que atuavam no futebol brasileiro, e o até então meia, constava na lista. Mas foi justamente nessa partida amistosa que Tite utilizou Diego Souza como centroavante pela primeira vez. O carioca foi dono da camisa 9 e fez uma boa partida, chamando a atenção do treinador, que o convocou em outras oportunidades, para amistosos e partidas das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Diego se manteve no grupo que brigava por uma vaga na Copa de 2018 até onde pôde, se destacando dos demais por sua força física e bom jogo aéreo, mas não conseguiu. Nesse caminho, marcou o gol mais rápido da história da Seleção Brasileira, em amistoso contra a Austrália, quando marcou dois tentos O primeiro foi marcado aos 10 segundos de jogo.

Pelo Sport, Diego Souza voltou à Seleção Brasileira e brigou por uma vaga na Copa do Mundo de 2018. Foto: Reprodução/SPORT

Em janeiro de 2018, ainda brigando pela vaga na Copa do Mundo daquele ano, Diego Souza foi contratado como centroavante pelo São Paulo, caminhando para se firmar na posição. Desde então, atuou como “9” na sequência de sua carreira: no próprio tricolor paulista, no Botafogo e no Grêmio, clube que defende em 2020 e que vive seu melhor momento nessa função.

Diego Souza tem 21 gols em 2020 e já igualou sua melhor marca em um ano, em 2017. Foto: Lucas Uebel/GRÊMIO

A mudança de posição de Diego Souza pode ser percebida em alguns fatores:

RAIO-X DOS GOLS
No Brasileirão de 2016, Diego marcou 14 gols: 11 de perna direita, 2 de perna esquerda e 1 de cabeça. Deles, apenas 2 foram de fora da área, enquanto dos 12 dentro da grande área, só 2 foram de dentro da pequena área. Já em 2018, na mesma competição, Diego Souza marcou 12 gols: 6 de direita, 3 de esquerda, 2 de cabeça e 1 de peito. Todos foram marcados dentro da grande área, e 5 (quase metade) foram dentro da pequena área. Com o Brasileirão de 2020 ainda em andamento, ele já marcou 7 gols: 4 de direita e 3 de cabeça. Todos foram marcados dentro da grande área, e em apenas 1 deles, Diego estava dentro da pequena área.

POSICIONAMENTO*
No mapa de calor, é possível perceber a mudança de posicionamento de Diego. Referência técnica do Sport em 2016, atuava como meia e ocupava uma faixa mais próxima do meio de campo do que da grande área adversária. No São Paulo, em 2018, ainda recuava para buscar a bola e ajudar na articulação de jogadas, mas nitidamente aumentou sua presença na área. Já no Grêmio, ainda com menos partidas (temporada em andamento), tem menos participação no setor de criação e se posiciona mais fixo dentro da grande área.

Mapa de calor de Diego Souza em 2016, pelo Sport, no Brasileirão. Fonte: SofaScore.

Em 2016, Diego ocupava o meio-campo e atuava por dentro e pelos lados dessa faixa.

Mapa de calor de Diego Souza em 2018, pelo São Paulo, no Brasileirão. Fonte: SofaScore.

Quando atuando por São Paulo, Diego habitava a área com mais frequência e recuava (bem menos) para auxiliar na criação de jogadas.

Mapa de calor de Diego Souza em 2020, pelo Grêmio, no Brasileirão. Fonte: SofaScore

Hoje, no Grêmio, Diego está mais do que nunca fixo na grande área. Ainda consegue se deslocar para o meio durante as partidas, mas o faz menos vezes ainda.

FALTAS SOFRIDAS*
Diego sofreu mais faltas atuando como meia do que como atacante. Em 2016, pelo Brasileirão, ele sofreu uma média de 1.9 faltas por partida. Já no São Paulo, no Brasileirão de 2018, teve uma média de 1.3 faltas sofridas por jogo disputado. E atualmente, no Grêmio, Diego vem tendo uma média de 1.0 faltas sofridas em cada partida.

BOLAS LONGAS*
Quando meia, Diego Souza utilizava lançamentos com mais frequência. Agora como atacante, explora pouco esse fundamento, tendo em vista seu posicionamento mais avançado. No Brasileirão, em 2016, teve uma média de 1.2 bolas longas a cada partida. Já em 2018, esse número caiu para 0.4, menos da metade. E agora em 2020, caiu mais ainda, dessa vez para 0.2 bolas longas por jogo disputado.

ASSISTÊNCIAS*
Em 2016, Diego servia seus companheiros em mais oportunidades do que agora. Em 2016, foi o 9° jogador do Brasileirão com mais passes para gol, com 6 assistências. Pela mesma competição, em 2018, o número foi reduzido pela metade: apenas 3. E na atual edição, conta com 2 assistências, mas com o campeonato ainda em andamento.

TOQUES NA BOLA POR PARTIDA*
Meia responsável por armar e finalizar jogadas no Sport, Diego era muito participativo em 2016. No Brasileirão, tocava, em média, 52 vezes na bola por partida, enquanto em 2018, passou a ter uma média de 32 passes por partida. Em 2020, essa é mais uma estatística que vem se reduzindo: atualmente possui uma média de 27 toques a cada jogo que disputa.

PASSES NO PRÓPRIO MEIO CAMPO E MEIO CAMPO ADVERSÁRIO POR PARTIDA*
Atuando como meia, Diego Souza muitas vezes recuava durante as partidas para auxiliar na saída de bola do Sport, além de ser responsável pela criação do time no ataque. No Brasileirão de 2016, dava cerca de 7 passes por jogo em seu meio-campo, e mais de 19 passes no campo adversário. Como centroavante, em 2018, dava apenas 3.7 passes em seu campo por partida, e 10.7 no campo adversário. Essa média se mantém próxima dos números de 2020: são 3.4 passes em seu próprio campo e 9.5 no meio campo do adversário, por partida.

*Dados: SofaScore

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