Gallardo, o monumental de Núñez

Marcelo Gallardo se tornou o treinador mais importante da história do River Plate ao guiar o clube para um caminho de incontáveis títulos internacionais

Rafael Bizarelo
Mezzala
15 min readNov 22, 2019

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Jogadores do River Plate celebram a vitória da Copa Libertadores da América 2018 contra o Boca Juniors junto de Marcelo Gallardo (Foto: Reprodução)

O River Plate passou por maus tempos no final da década de 2000 e no ínicio da década de 2010. Foi no ano de 2011 em que o River atingiu o ponto mais baixo de sua história. Após terminar na 17ª colocação geral, o clube de Buenos Aires deveria enfrentar o Belgrano nos play-offs para não ser rebaixado. O resultado não poderia ser pior: uma derrota por 2–0 em Córdoba e um empate por 1–1 no jogo de volta em casa.

Rebaixado, o River Plate teria que lidar com a segunda divisão e com um menor investimento em relação aos anos anteriores. O acesso ao primeiro nível do futebol argentino foi garantida na última rodada com dois gols de Trezeguet, torcedor assumido do clube. De quebra, o título da Primeira B Nacional foi levado para a sala de troféus do Monumental de Núñez.

A temporada seguinte foi bastante mediana. A terceira colocação não rendeu nada ao River na temporada 2012–2013. Na temporada seguinte, mesmo com o título do Torneo Final, que era como um segundo turno nas regras antigas da AFA, o time terminou o campeonato como sexto colocado pelo seu péssimo desempenho no Torneo Inicial, garantindo a classificação à Copa Libertadores da América 2015 por conta do título.

Após técnicos instáveis e trabalhos insatisfatórios, a diretoria do River Plate se reuniu para decidir quem seria o novo treinador da equipe. O nome de Marcelo Gallardo, ídolo millonario que havia jogado pelo clube em duas passagens nas décadas de 90 e 2000, foi sugerido. Como treinador, Gallardo só tinha 39 jogos no Nacional do Uruguai, mas contava com um aproveitamento de 64,96% e um título do campeonato nacional. Mesmo sendo uma aposta, o ídolo foi escolhido para comandar o River naquele mês de junho de 2014.

O surgimento de uma máquina

Jogadores do River posam para foto com o troféu da Copa Sul-Americana 2014 (Foto: Reprodução)

O primeiro campeonato disputado por Gallardo foi a Primera División 2014, um torneio que serviu como passagem para um novo formato. Os torneios Inicial e Final foram extintos e abriram caminho para a disputa direta do campeonato que passaria a conta com 30 equipes a partir de 2015. O desempenho do River Plate não foi ruim, mas não foi bom o suficiente para garantir o título. Os 39 pontos feitos em 19 jogos garantiram o segundo lugar e uma sombra para o Racing, campeão com 41 pontos.

O foco em 2014, porém, era na Copa Sul-Americana. O River passou sem muitas dificuldades pelos seus primeiros adversários. Contra o Godoy Cruz, Pezzela marcou o gol da vitória nos acréscimos do segundo tempo e contou com dois gols de Mora no Monumental para garantir a classificação com um agregado de 3–0. Nas oitavas de final, o Libertad também não ofereceu perigo ao River. Carlos Sánchez, Driussi e Giovanni Simeone marcaram no Paraguai e viram Claudio Vargas descontar para o time da casa. Na volta, Mercado e Simeone selaram a classificação.

Nas quartas de final, o Estudiantes de La Plata jogou de igual para igual com o River Plate. O atacante Diego Vera, aos 46 minutos do primeiro tempo, marcou o primeiro gol do jogo para o Estudiantes após um erro do zagueiro Funes Mori. A torcida do Estudiantes festejava a vitória contra a equipe de Gallardo mas foi calada após Carlos Sánchez acertar um cruzamento na cabeça de Mora, que deixou tudo igual no Estádio Ciudad de La Plata. A festa do River veio quando o marcador chegou aos 71 minutos, e mais uma vez em uma jogada originada dos pés de Carlos Sánchez, que contou com o desvio na cabeça de Jonathan Schunke, do Estudiantes.

O 2–1 não deixou nada decidido, e ainda havia incerteza quanto ao jogo de volta, realizado no Monumental de Núñez. Hoje é de noção geral que Gallardo sabe muito bem como encarar um jogo decisivo contra equipes que jogam no mesmo nível da sua, e mesmo que o River sofra um gol ou até mais, Muñeco, como é chamado pelos torcedores, sabe vencer. A prova disso foi a pressão exercida pelo River antes mesmo do primeiro minuto da partida e o resultado dessa pressão, que foi nada menos que um gol de Teo Gutiérrez aos 43 segundos de jogo. O Estudiantes não estava ali para se entregar, e a virada veio primeiro com um gol de Diego Vera aos 41' e depois com um gol de Guido Carrillo em uma cobrança de pênalti aos 50'. A virada do Estudiantes estava levando o jogo para os pênaltis, mas o gol de cabeça de Mora, do River, eliminou essa possibilidade. Aos 62 minutos, dois minutos depois do empate, Funes Mori, que havia errado no primeiro jogo, virou para o River com outra cabeçada.

Jogos como essa partida de oitavas de final contra o Estudiantes talvez não permaneçam na memória de todos os torcedores e espectadores no geral, mas servem para evidenciar o poder de decisão que a equipe de Marcelo Gallardo tem e como ela e o treinador estavam preparados para enfrentar o seu maior desafio até então.

As manchetes para o duelo da semifinal entre Boca Juniors e River Plate lembravam o passado recente das duas equipes. Tendo em vista o histórico do clássico no mata-mata da Libertadores com duas vitórias do Boca em 2000 e em 2004, os xeneizes eram os favoritos para chegar na final da Sul-Americana.

O primeiro jogo, bastante truncado e com muitos erros na conclusão por parte das equipes, terminou sem balançar as redes de La Bombonera, levando a decisão do confronto para o Monumental de Núñez. Na volta, um pênalti foi marcado para o Boca Juniors com apenas 18 segundos. Emmanuel Gigliotti tinha tudo para ser o herói de La Boca, mas ao não bater o pênalti corretamente, deu a chance do goleiro Barovero brilhar. Com o 0–0, o River aproveitou para atacar e pressionar o Boca, que não conseguiu impedir o gol de Pisculichi aos 16 minutos. As duas equipes continuaram a atacar, mas mantiveram o padrão do jogo de ida e perderam muitos gols. Assim, Gallardo venceu o seu maior rival e conseguiu a classificação para a final da Sul-Americana.

Na final, o River enfrentaria o Atlético Nacional que havia eliminado o São Paulo nos pênaltis na semifinal. Mesmo sendo um time de projeção menor que o River Plate, os colombianos tinham jogadores perigosos que participaram do caminho para o título da Libertadores de 2016. Um desses jogadores era o veloz Orlando Berrío, hoje jogador do Flamengo, adversário dos argentinos na final de 2019. Berrío foi quem transformou a bola em um míssil lançado com muita força pelo seu pé até o fundo das redes de Barovero. No segundo tempo, em um chute parecido com o de Berrío e pelo mesmo lado, Pisculichi foi decisivo em mais um jogo. Um balaço do jogador selou o empate em Medellín, levando a decisão para Núñez mais uma vez. O título veio em casa, e não poderia ser melhor. A partida foi dominada pelo River Plate, mas os dois gols só foram marcados no segundo tempo. Mercado aos 54' e Pezzella aos 58' fizeram de cabeça após dois escanteios.

A conquista da América

Elenco do River Plate levanta a taça da Libertadores de 2015 (Foto: EPA)

A Libertadores de 2015 em 5 de agosto não foi o primeiro torneio que o River venceu naquele ano. Em fevereiro, o San Lorenzo foi vítima da máquina que Marcelo Gallardo estava criando ao perder por 1–0 na Recopa Sul-Americana. As outras vítimas seriam o Sevilla na Supercopa Euroamericana e o Gamba Ozaka na Copa Suruga.

A fase de grupos não foi a melhor para o River Plate. Nos seis jogos, os millonarios venceram apenas uma partida, perderam uma e empataram em quatro oportunidades. Os sete pontos garantiram a classificação como pior segundo colocado entre as equipes que terminaram na segunda posição de seus grupos. Dessa forma, o River enfrentaria o melhor time da fase de grupos, e para tornar o jogo ainda mais difícil, o adversário seria o Boca Juniors, que havia vencido todos os jogos da fase grupos.

Dessa vez, o River Plate iria jogar a partida de volta fora de casa, mas fez o dever de casa no primeiro jogo. O confronto foi bastante parelho, mas assim como nos jogos da Sul-Americana de 2014, Boca e River não conseguiam marcar. Foi de pênalti que Carlos Sánchez abriu o placar para o River Plate aos 81 minutos de jogo.

No jogo de volta, apenas o primeiro tempo teve futebol. Nada de muito interessante havia ocorrido até a volta das equipes para a segunda etapa da partida, mas quando os jogadores do River Plate passavam pelo túnel de acesso ao campo, torcedores do Boca Juniors jogaram spray de pimenta dentro do túnel. A partida, que foi primeiro paralisada por mais de uma hora e depois foi suspensa, não teria os seus 45 minutos finais nunca mais, já que a Conmebol optou por excluir o Boca da Libertadores.

Drone representando o fantasma da Série B feito para provocar os jogadores e torcedores do River Plate sobrevoou La Bombonera na partida de volta (Foto: Reprodução)

O duelo das quartas de final seria contra o Cruzeiro, algoz do River Plate na final da Libertadores de 1976. O primeiro jogo deu a entender que a classificação do Cruzeiro já estava encaminhada, já que Marquinhos, aos 81 minutos, selou a vitória do clube mineiro por 1–0 em Buenos Aires.

O jogo da volta mostrou, assim como a partida contra o Estudiantes na Sul-Americana do ano anterior havia evidenciado, que Marcelo Gallardo tinha um poder de decidir e reverter resultados e como ele estava em sintonia com o seu elenco. O River Plate fez uma partida fenomenal na volta, uma das melhores de 2015, e com gols de Carlos Sánchez, Maidana e Teo Gutiérrez, venceu o Cruzeiro por 3–0 no Mineirão, passando para a semifinal.

O Guaraní do Paraguai não ofereceu perigo para o River Plate no primeiro jogo da semifinal. No segundo tempo, o River decidiu concluir com efetividade, marcando dois gols, um de Mercado aos 59' e outro de Mora aos 72'. No jogo de volta, no Defensores del Chaco, o Guaraní só deu alegria aos seus torcedores no minuto 16 do segundo tempo, com um gol de Fernando Fernández. O River, porém, decretou a sua classificação aos 78 minutos de jogo com um golaço de cobertura marcado por Lucas Alario.

Marcelo Gallardo já havia vencido uma Libertadores com o River Plate, mas como jogador. O River havia perdido o primeiro jogo da final de 1996 contra o América de Cali por 1–0, mas a decisão no Monumental seria bastante diferente. Hernán Crespo, com 21 anos na época, marcou os dois gols da vitória do River Plate em Núñez. Após 19 anos, Marcelo Gallardo levava o River Plate para outra final de Libertadores, dessa vez tirando o clube de uma situação medíocre que não o pertence. O Tigres do México era o time a ser batido pelo River Plate.

O Tigres, jogando em casa, não conseguiu furar a defesa do River Plate, mas também conseguiu se segurar e não levou gols na primeira partida da decisão. O placar de 0–0 levou a decisão para o Monumental, e a certeza era de que o River não iria decepcionar os seus torcedores. Lucas Alario, ainda no primeiro tempo, abriu o placar para o River Plate de peixinho. Aos 72, um pênalti foi assinalado para os argentinos, e Carlos Sánchez o converteu. Se o gol de Sánchez serviu para decretar o título, Funes Mori marcou de cabeça para aumentar a festa da torcida, que viu o time de Gallardo levantar a terceira Libertadores dos millonarios.

La Copa Libertadores es mi obsesión

Jogadores e funcionários do River Plate posam para foto com a taça da Libertadores 2018 após vitória contra o Boca Juniors no Santiago Bernabéu (Foto: Reprodução)

Eliminado pelo Independiente del Valle nas oitavas da Libertadores de 2016 e pelo Lanús na semifinal de 2017, o River precisava vencer a competição em 2018. Invicto na fase de grupos, os argentinos terminaram na primeira colocação do grupo D com 12 pontos conquistados.

Em um jogo bastante parelho e com muitas oportunidades para os dois lados, Racing e River empataram sem marcar gols no Cilindro, e os millonarios ainda jogaram o segundo tempo inteiro com menos um jogador, já que Ponzio havia sido expulso no final da primeira etapa. Na volta, o poder de decisão da equipe de Marcelo Gallardo foi mostrado mais uma vez. O baile do River começou aos 10 minutos com um gol de Lucas Pratto, foi ampliado por Exequiel Palacios aos 27 e decretou a grande festa com Borré aos 80 minutos.

Nas quartas, o Independiente, maior campeão da Libertadores, foi o adversário do River Plate. Mais uma vez, o placar de 0–0 se manteve na partida de ida, levando a decisão para o Monumental. Lá, a certeza de que o River iria se classificar já era grande. A equipe de Gallardo decidiu não desapontar os 60.000 torcedores presentes no estádio e marcou três vezes contra o Independiente. Scocco abriu o placar aos 46', mas Romero empatou para o adversário aos 54 minutos. O empate por 1–1 classificaria o clube de Avellaneda, mas Muñeco não havia acordado para ser eliminado em sua casa. O colombiano Quintero, emprestado do Porto para o River Plate, marcou o segundo gol dos donos da casa. O 2–1 já colocava os millonarios na semifinal, mas Borré selou a classificação com um belo gol no ângulo do Independiente.

O adversário das semifinais era o mais forte até então. O Grêmio era o detentor do título da Libertadores e o time a ser batido pelos rivais. A primeira partida ocorreu no Monumental de Núñez, mas o River não conseguiu acertar a rede de Marcelo Grohe. O jogo foi bastante equilibrado, mas foi Michel que conseguiu marcar de cabeça para o Grêmio aos 16 do segundo tempo. Mais uma vez, acreditava-se que a vitória do time brasileiro já estava encaminhada após a vitória na Argentina, mas Gallardo estava pronto para reverter o resultado.

Léo Gomes, aos 35 minutos de jogo, marcou o primeiro do Grêmio na Arena. O agregado de 2–0 já decretava a eliminação do River Plate. Borré, com 9 minutos para chegar aos 90, empatou a partida para os argentinos, deixando-os perto da classificação. Ainda assim, virar a partida contra o Grêmio em Porto Alegre seria muito difícil. Três minutos depois do gol de Borré, Scocco finalizou, mas o zagueiro Bressan desviou na bola e o escanteio foi assinalado para o River Plate. Antes da cobrança, o árbitro Andrés Cunha recebeu a recomendação do árbitro de vídeo para checar o monitor, e assim concluiu que houve um desvio no braço de Bressan dentro da área, marcando o pênalti para o River. O pênalti só foi cobrado 10 minutos depois, e Pity Martínez o converteu, empatando o resultado agregado, mas classificando os argentinos pelos gols marcados fora de casa.

Confusão antes da final da Libertadores entre River e Boca fez com que o jogo fosse adiado (Foto: EFE)

Um River x Boca é um grande jogo em circunstâncias normais, mas tem o seu tamanho elevado em uma final de Libertadores. Mesmo com o sucesso recente com Gallardo, as duas partidas da final contra o seu maior rival seriam as mais importantes da história do River Plate. Quem copasse seria coroado para sempre, e ambos os times entraram com uma gana enorme para vencer.

A primeira partida foi adiada por conta de uma forte chuva em Buenos Aires que alagou o estádio de La Bombonera, impossibilitando a partida de acontecer. Originalmente, o primeiro jogo seria no dia 10 de novembro, mas ocorreu no dia seguinte. Ábila abriu o placar para o Boca, mas Lucas Pratto respondeu menos de 2 minutos depois e empatou para o River. Benedetto, no final da primeira etapa, colocou os xeneizes na frente do placar mais uma vez. O 2–1 se manteve a favor do Boca até os 15 do segundo tempo, quando Izquierdoz, marcou um gol contra para o River Plate. O 2–2 levaria mais uma vez a decisão para o palco do River.

O Monumental de Núñez, porém, não sediou o segundo jogo como era previsto. No caminho para o Monumental, o ônibus dos jogadores do Boca Juniors foi atingido por pedras jogadas por torcedores do River Plate. Uma delas chegou a atingir o meia Pablo Pérez no olho. A partida foi adiada para o dia seguinte, mas foi adiada mais uma vez, pois o Boca declarou que não estava nas mesmas condições do River após o ataque.

O palco escolhido para a final foi neutro, e mais neutro impossível. O Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, sediou a grande final da Copa Libertadores da América. Benedetto, mais uma vez no final do primeiro tempo, colocou o Boca na frente do placar. O empate do River viria dos pés de Lucas Pratto. Sem contar gols fora de casa, o 1–1 levou o jogo para a prorrogação, onde Quintero virou para o River Plate com um golaço aos 108 minutos de partida. O goleiro Andrada, do Boca, foi para frente para tentar um milagre, mas o que ele conseguiu foi o contra-ataque dos millonarios e o gol de Pity Martínez aos 121 minutos para sacramentar o título do River Plate sobre o seu maior rival.

A consolidação da máquina de Gallardo

Borré celebra o primeiro gol do Superclássico contra o Boca com De La Cruz (Foto: Juan Mabro/AFP)

O River Plate atual é muito forte. Ainda na fase de grupos, venceu apenas duas partidas contra Palestino e Alianza Lima, empatando as outras quatro, duas dessas contra o Internacional.

Mesmo com a perda de Pity Martínez, que se transferiu para o Atlanta United dos Estados Unidos, o River conseguiu sofrer mais, pois Quintero, o jogador mais diferenciado da equipe, sofreu uma grave lesão.

A classificação sofrida nas oitavas de final contra o Cruzeiro deixou os torcedores millonarios nervosos. O placar não saiu do zero no Monumental e no Mineirão, levando a decisão para os pênaltis, em que o River treinou e converteu todos, classificando-se para as quartas.

O Cerro Porteño cometeu um pênalti logo aos 7 minutos de jogo. Nacho Fernández não perdeu a oportunidade e balançou as redes no Monumental. Afinal, o River Plate se garante em casa. Os donos da casa continuaram a atacar durante toda a partida, e Nacho fez o seu segundo gol aos 53 minutos. Na volta, o Cerro assustou o River com um gol de Haedo Valdez no início da partida, e continuou a pressionar, mas não eficaz o suficiente para impedir o golaço de empate do uruguaio De La Cruz no segundo tempo. Com a classificação do River encaminhada, a Libertadores já estava preparada para outro Boca x River decisivo, agora na semifinal.

A decisão não seria no Monumental, e sim em La Bombonera, então o River tinha a obrigação de fazer o dever de casa e vencer o Boca em Núñez. Mais uma vez, o River começou o jogo pressionando o adversário, e a pressão rendeu um pênalti convertido por Borré aos 7 minutos de partida. Ainda que a partida estivesse parelha, Boca e River não conseguiam marcar, mas o River soube se segurar e furar a defesa do seu rival. Nacho Fernández, aos 69, ampliou para os millonarios e viu outra derrota dos xeneizes na Libertadores, mas ainda tinha que aguardar pela volta em La Bombonera.

Dessa vez, o policiamento foi intenso e não houve adiamento de partida por circunstâncias violentas de torcedores fora (Libertadores 2018) ou dentro (Libertadores 2015) do estádio. O jogo em si foi de domínio maior do Boca, que prevaleceu sobre o River no placar, já que Hurtado marcou aos 79', mas não foi o suficiente para classificar o Boca Juniors para a final contra o Flamengo.

Time do River em 2019

Começando pela primeira camisa, deve-se salientar o quão importante é ter um ótimo goleiro como Franco Armani. Gallardo o contratou em 2018 após o arqueiro vencer a Libertadores em 2016 e a Recopa em 2017 pelo Atlético Nacional.

Os laterais do River Plate tem um importante papel no jogo ofensivo. Casco e Montiel são vistos normalmente bastante avançados no campo de ataque do River. A presença dos laterais no ataque também serve para a equipe usar a tática de pressionar bastante o adversário ao perder a posse de bola no ataque, tendo até cinco jogadores pressionando um adversário para ter a posse da bola de volta, o que cria uma quebra na linha defensiva do River Plate.

A dupla Pinola e Martínez Quarta enfrenta problemas na bola aérea, algo que ficou bastante evidente no clássico contra o Boca Juniors. Na partida em La Bombonera, o Boca conseguiu um domínio nos cenários de ataque a partir da bola alta na área. Pinola, por exemplo, erra bastante em duelos aéreos. Ainda assim, a dupla de zaga tem bons atributos para impedir o ataque adversário.

O meio de campo é fundamental para o River Plate. Enzo Pérez é o jogador que volta para perto de Pinola e Martínez com o intuito de iniciar as jogadas do River. Palacios, homem de centro, trabalha com os três meias entrelinhas ou até mais recuado quando necessário. Nacho e De La Cruz tem os lados do campo para trabalhar, avançando por dentro na busca por espaço, já que Casco e Montiel podem fechar os lados.

Por fim, Borré e Matías Suárez fazem um movimento interessante para o ataque. Um faz o “sacrifício”, atraindo um zagueiro para a marcação e deixando o companheiro de ataque avançar para balançar as redes.

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