Guia Mezzala: a volta de La Liga

20 equipes, opiniões de convidados e campos para saber mais sobre La Liga antes da pausa e como as equipes podem voltar

Rafael Bizarelo
Mezzala
22 min readJun 10, 2020

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(Foto: Reprodução/Arte: Pedro José Domingues/Mezzala)

Aos poucos, o futebol está voltando nas ligas pelo mundo após a pausa por conta do novo coronavírus. Coréia do Sul, Alemanha e Portugal já voltaram a jogar e, no dia 11 de junho, a Espanha também irá. Na Alemanha, os primeiros jogos não provocaram aglomerações, e por isso foram considerados como seguros, e a Espanha irá fazer o mesmo teste para ver se existem condições de La Liga continuar.

Os próximos jogos estão completamente abertos, e apesar de haver uma briga forte pelo topo da liga entre Barcelona e Real Madrid, tudo pode mudar, e a pequena diferença de dois pontos entre os rivais irá dar ainda mais emoção nas onze rodadas restantes.

Tabela de La Liga (Foto: Sofascore)

Já se passaram três meses desde a última partida da liga, e muita gente não se recorda de como o campeonato estava e do panorama geral das equipes. Aqui iremos relembrar um pouco dos 20 times e falar o que esperar deles nas rodadas restantes, contando com opiniões de alguns convidados.

Barcelona: 1º colocado (58 pontos)

(Foto: Albert Gea/Reuters)

Líder do campeonato, o Barcelona ainda procurava uma melhor forma de se jogar após a mudança de treinador, quando Ernesto Valverde foi demitido e Quique Setién foi contratado. Valverde, apesar de conquistar o bicampeonato de La Liga, não mostrava um futebol envolvente e acumulava fracassos na Champions League. A escolha por Setién foi dada por conta do estilo de intensa posse de bola do treinador, que se relaciona com a identidade do Barcelona. Ainda assim, o Barcelona enfrentava dificuldades no início da passagem de Setién, mas conseguia sobreviver muito por conta de Lionel Messi.

Na temporada atual, o Barcelona enfrenta diretamente um Real Madrid mais forte que o da temporada anterior, tendo mais dificuldades para se manter na ponta da tabela.

Com a Champions League suspensa, o Barcelona pode focar na liga nacional e achar a melhor maneira de explorar 100% do melhor jogador do mundo. O importante é ter Lionel Messi em sua melhor forma na volta do campeonato, pois ele é o responsável por fazer a diferença em um time forte, mas que é extremamente dependente de seu camisa 10. Se é o argentino que salva ofensivamente, é o goleiro alemão Ter Stegen que salva defensivamente. O Barcelona é, de forma geral, uma equipe com um meio de campo confuso e que se confunde no jogo, precisando ter Messi para marcar ou achar um espaço para os companheiros.

Opinão: João Terra

Acredito que a pausa possa fazer bem ao Barcelona. Tanto para os jogadores quanto para o técnico Quique Setién. Isso porque, apesar de ser o atual líder com dois pontos de vantagem para o segundo colocado (Real Madrid), o Barça ainda não correspondeu totalmente ao seu enorme potencial. É óbvio que deve ser considerado o pouco tempo de trabalho do treinador, que assumiu o cargo em janeiro, mas algumas iniciais do espanhol foram bastante questionáveis, como a forma com que De Jong vem sendo utilizado, atuando em uma posição mais avançada do meio-campo. Outra questão é Sergio Busquets: o lendário volante, já com 31 anos, tem uma história excepcional com o clube, mas é preciso entender o quanto ele pode contribuir para a equipe hoje.

Em números, realmente, o desempenho não era mau. Oito vitórias em 12 jogos com o novo treinador. Mas o futebol está longe de ser definido por algarismos, e é preciso atentar-se aos aspectos que ainda não estão em sua perfeição. Com isso, a parada forçada pode ter ajudado Setién a pensar em novas soluções com as peças que tem à disposição. Mesmo sendo bastante ortodoxo à sua filosofia de jogo, o técnico precisa se adaptar minimante às características de cada jogador e, assim, impulsionar o crescimento do jogo do Barça.

Real Madrid: 2º colocado (56 pontos)

(Foto: Getty Images)

O Real Madrid tenta voltar a vencer o campeonato espanhol, que não vai para a sala de troféus do clube desde a temporada 2016–2017. O desempenho da equipe em La Liga na temporada atual tem sido inconstante, tendo vitórias muito importantes se contrastando com derrotas bobas.

Ao vencer a Supercopa da Espanha no meio da temporada, o Real Madrid mostrou que não era uma equipe fraca e incapaz de vencer, mesmo com problemas. Jovic e Hazard, as principais contratações da equipe, não corresponderam a expectativa até agora, e o Real Madrid contou muito com a força de seu meio campo, tendo o uruguaio Federico Valverde com muito destaque e melhora, para poder brigar pelo título.

A volta do futebol pode favorecer aqueles que não estavam bem antes da pausa, como Eden Hazard. Luca Jovic, entretanto, enfrentou problemas na Sérvia por furar a quarentena, e talvez isso possa interferir em seu desempenho dentro de campo. Vinicius Júnior, porém, já está com sede de vitória antes mesmo da bola rolar, e disse para o Marca, da Espanha, que o Real Madrid agora terá “onze finais”.

Opinião: Guilherme Bianchini

“O Real Madrid fazia temporada muito irregular até a pausa forçada. Um bom resumo dessa oscilação são os dois últimos jogos. Ganhou o confronto direto com o Barcelona, que colocou o time na liderança e parecia marcar uma arrancada final pelo título. Mas na rodada seguinte a empolgação já foi frustrada pela merecida derrota para o Betis, que custou o primeiro lugar.

A esperança na reta final é toda em Eden Hazard. O tempo sem jogos acabou servindo para dar tempo a ele de se recuperar da lesão. Pode servir, também, para Benzema retomar seu mais alto nível, que estava em falta nos últimos meses. Esses fatores me parecem os únicos capazes de fazer o time alcançar a regularidade necessária pra conseguir o título, desde que a defesa mantenha a solidez do resto da temporada.”

Sevilla: 3º colocado (47 pontos)

(Foto: Reprodução)

Um outro campeonato composto por times que brigam por uma vaga na Champions League começa a partir do Sevilla, do técnico Julen Lopetegui. A equipe chegou em um nível bom para o que era esperado, montando um bom time para se garantir com uma vaga na Champions League.

Bastante regular, o Sevilla passava das expectativas e ainda é uma equipe que gosta de vencer como visitante. Em 14 partidas, foram 7 vitórias para o Sevilla, ainda com 3 empates e 4 derrotas.

Opinião: Gêra Lobo

O Sevilla tem sido uma equipe altamente correta e legal de ver jogar na temporada. Chegada do Lopetegui me encheu de expectativa, exatamente por ser muito fã dele, e ele vem correspondendo. Um time que perdeu as duas principais peças ofensivas (Sarabia e Ben Yedder), mas se manteve competitivo com os acertos nas contratações de caras como Diego Carlos, Lucas Ocampos e Sergio Reguilon (Monchi é um espetáculo). Equipe propositiva, não tem medo, utiliza demais e muito bem os laterais (protagonistas), é versátil e etc. Terminou em terceiro na parada com méritos.

Eu espero um time na mesma pegada e regularidade que teve desde o início. Lopetegui tem o elenco na mão e, mesmo sem nenhuma grande estrela, compete contra qualquer time, exatamente por essa utilização tão bem feita de peças consideradas “irregulares”, como Ocampos, que faz ótima temporada. É um time que não tem força pra brigar por título por algumas limitações, mas que, sem dúvidas, seja, hoje, o favorito pra ficar com a terceira colocação, por mais que tenha companhia de Getafe, Valencia, Sociedad e Atléti na briga.

Real Sociedad: 4º colocado (46 pontos)

(Foto: Reprodução)

A Real Sociedad é uma equipe que cumpre muito bem o seu papel. Não é um elenco para brigar pelo título, mas são bons jogadores que conseguem disputar uma vaga para a Champions League, e é que o time está alcançando na 4ª colocação, além de ter uma vaga garantida na final da Copa do Rei.

Portu e Oyarzabal somam 14 assistências, e jogadores como Willian José e Martin Odegaard tem total importância para o funcionamento do time. Odegaard, emprestado pelo Real Madrid, conseguiu evoluir bastante na Real Sociedad, principalmente na atual temporada. Estes jogadores são alguns dos responsáveis por formar o 3º melhor ataque da liga, com 45 gols, atrás apenas de Barcelona (63) e Real Madrid (49).

A pausa no futebol freou uma equipe que estava em constante evolução, e a volta pode servir para revigorar o gás do time.

Opinião: Matheus Eduardo

A Sociedad é um time que, além de aproveitar muitos talentos jovens (e em transição durante a carreira profissional), também joga de formas diferentes porque troca muito os jogadores a cada partida.

O trabalho do técnico Imanol Alguacil tem sido bem importante na adaptação aos jogos e, quase sempre, com uma equipe bem rápida e agressiva a partir da criação de Martin Ødegaard e Portu entre o lado direito e o meio do campo. Com o norueguês como centro do jogo (conduzindo bola, controlando/armando jogo e até em transições) e o espanhol efetivo em gols (8) e assistências (7), o time ganha força no terço final de campo e se defende com agressividade — é uma equipe com bastante liberdade e criatividade com a bola, sobretudo.

Efetivamente, a Sociedad é uma equipe de boa marcação e bem agressiva a partir dos volantes e dos laterais para pressionar o adversário com a bola. Tem como marca a velocidade e muitos pontos de individualidade — Januzaj e Oyarzábal, sobretudo — e um 9 que pode ser mais forte dentro da área e agressivo (Isak) ou mais “hierárquico” e com bom entendimento do jogo (Willian José, que perdeu a titularidade nos últimos meses).

Além dos homens de frente, outros nomes conhecidos do futebol espanhol têm sido importantes na até então campanha de 4° lugar nesta La Liga: o lateral-esquerdo Nacho Monreal, o zagueiro Diego Llorente e o meio-campista Mikel Merino — de passagens rápidas por Dortmund e Newcastle. E outros jovens como Zaldua (lateral-direito), Le Normand (zagueiro), Remiro (goleiro), Ander Guevara e Zubeldia (volantes) ganhando cancha. E pode acrescentar que não sentiram falta do Illarramendi, que é um dos grandes volantes do futebol espanhol e esteve machucado

Getafe: 5º colocado (46 pontos)

(Foto: Getty Images)

O Getafe mostra um bom futebol com seu treinador, Pepe Bordalás. Na temporada passada, a classificação para a Champions League não ocorreu por muito pouco, e o objetivo na atual temporada é chegar na principal competição da Europa.

Na temporada 2019–2020, o Getafe disputa a Europa League, e conseguiu o grande feito de eliminar o Ajax, que caiu nas semifinais da última Champions League. No âmbito nacional, o Getafe está chegando em seu objetivo, embora ainda seja na fase preliminar da Champions League.

Sem a Europa League no começo da volta, o Getafe terá um foco 100% em La Liga, podendo assim ter seus principais jogadores sendo utilizados na competição na maioria das rodadas.

Opinião: Eduardo Baptista

O Getafe era um dos times mais legais de se ver na Espanha antes da pandemia. Eficiência na essência da palavra. Time compacto, que corta caminho com ligações diretas e muito jogo pelas beiradas. Tem dois centroavante brigadores, mas que são técnicos quando tem a bola no pé: Jorge Molina e Jaime Mata. Além do mais, era um time que sabia muito bem ser versátil e mudava rápido do bloco baixo para o alto. Sabe se fechar, como também marcar pressão. Volume de jogo era o grande segredo de Bordalás.

Certamente é um dos times mais afetados pela parada Covid-19, pois vivia um momento mágico até fevereiro, quando enfrentaria a Inter de Milão na Liga Europa. A volta em alto nível vai depender das condições físicas de um time que exige demais dos duelos corporais.

Atlético de Madrid: 6º colocado (45 pontos)

(Foto: Getty Images)

A contratação de João Félix e a saída de Antoine Griezmann mostravam uma grande mudança no Atlético de Madrid. O treinador, Diego Simeone, tinha então um novo camisa 7, mas não com a mesma função de seu antigo jogador. A adaptação de João Félix na Espanha foi algo que prejudicou muito o clube no início de La Liga, mas conforme a temporada estava correndo, o jovem jogador português começava a evoluir.

O Atlético estava focado mais na Champions League, em que o clube de Madrid eliminou o Liverpool, atual campeão da competição. Por isso, os resultados da equipe em La Liga não estavam perto do que era esperado, estando bastante longe da briga pelo título.

A situação do Atlético de Madrid é parecida com a do Getafe. Sem a competição continental, o clube estará 100% focado em La Liga, sem precisar poupar os jogadores.

Opinião: Francesco Chianelli

Diferente do seu rival madrilenho, o Atlético teve uma temporada mais de altos do que baixos até aqui. Definitivamente, o ponto alto de 19/20 para os colchoneros foi a classificação para as quartas de final da Champions, depois da virada na prorrogação contra o Liverpool, em Anfield. Já em La Liga, a equipe ainda não cumpriu as expectativas, porque esbarrou no excesso de empates (foram 12 no total).

Com o retorno da Liga, as expectativas para alcançar o top 2 giram em torno da recuperação do futebol apresentado por João Félix nos tempos de Benfica. Fichas são apostadas, também, nas grandes atuações de Thomas Partey e na solidez defensiva de Felipe. É a hora dos comandados de Simeone mostrarem que não sentiram as saídas de Griezmann, Godín e Filipe Luís.

Valencia: 7º colocado (42 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Valencia, 7º colocado de La Liga, estava tendo uma boa participação na Champions League, onde estava jogando as oitavas de final antes da pausa no futebol. Na liga nacional, o Valencia não estava tendo um grande desempenho, mas muito por conta do foco na competição mais importante para o clube.

A estrela principal da equipe do Valencia é o camisa 10, Dani Parejo. Em 27 rodadas de campeonato, Parejo atuou em 25 partidas, marcando 8 gols e dando 3 assistências. Não são números impressionantes, mas seu papel na criação é vital para o Valencia.

O retorno de La Liga pode ser bom para o Valencia em uma situação que se repete com clubes que disputam uma competição continental. Com o foco em La Liga, o desempenho da equipe tende a melhorar.

Opinião: Caio Vinícius

Depois de um começo de temporada bastante turbulento com a saída de Marcelino García, o Valencia conseguiu reverter sua condição dentro de campo sob o comando de Alberto Celades, ex-treinador da Seleção Espanhola e do Real Madrid. Com regularidade e solidez defensiva, o morcego conseguiu resultados consistentes nos torneios nacionais e internacional até o início da metade final da temporada, mas as atuações decaíram antes da paralisação. A equipe foi eliminada da Copa do Rei e da Liga dos Campeões no período de um mês, com cinco derrotas e vinte gols sofridos em 8 jogos, afetando o rendimento na liga e os deixando na sétima posição.

Com a volta do futebol na Espanha e apenas um campeonato no calendário, espera-se que o time valenciano consiga reverter sua situação atual. Fora da zona de classificação para a Liga Europa, os comandados de Celades estão a apenas três pontos do Atlético de Madrid, sexto colocado. A evolução de alguns jogadores como Maximiliano Gomez e Ferran Tores, aliada a regularidade de Dani Parejo e Gabriel Paulista permite que o Valencia siga esperançoso com uma vaga no principal torneio continental da Europa, mas é essencial o treinador retome a estabilidade da defesa, principal ponto forte de seu time.

Villarreal: 8º colocado (38 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Villarreal abre uma zona de meio de tabela, com a equipe parando em uma sequência de três derrotas seguidas. O desempenho do time mostra que a briga por uma competição continental já está bastante longe com a distância de 7 pontos para o Atlético de Madrid.

Até a pausa, o Villarreal mostrou um desempenho muito médio. Enquanto o ataque marcou muitos gols, se tornando o 4º melhor de La Liga, a defesa sofreu muitos gols, sendo a mais vazada entre os 10 primeiros do campeonato.

Agora, o Villarreal tem apenas duas opções: continuar se afundando na tabela, como estava acontecendo, ou tentar achar uma nova marcha e poder finalmente por uma vaga na Europa League.

Granada: 9º colocado (38 pontos)

(Foto: EPA-EFE)

O Granada é uma equipe de meio de tabela que cumpre a sua expectativa. Não existe muita esperança em conquistar uma vaga na Europa League, muito menos na Champions League, e também não existe um medo em brigar pelo rebaixamento. Sem alcançar vôos altos e sem se assustar na tabela, o Granada acaba sendo uma equipe do meio da tabela.

Esperançoso por conta da Copa do Rei, o Granada caiu nas semifinais para o Athletic Bilbao, mesmo após uma vitória em casa por 2–1, já que havia perdido fora por 1–0. Dessa forma, o esforço na copa ficou para trás, e agora o clube se vê obrigado a correr atrás de uma posição melhor em La Liga. Bastante mediano até a pausa, o Granada agora precisa muito melhorar e deixar a mediocridade de lado.

Athletic Bilbao: 10º colocado (37 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Athletic, finalista da Copa do Rei, tinha o confronto de tal competição como principal foco até a pausa. A partida seria contra a Real Sociedad, sendo assim, um derby basco, região com causas separatistas e contra a Coroa Espanhola, decidiria a competição do monarca.

Em La Liga, a equipe teve, em 27 jogos, um desempenho médio, que rendeu uma colocação média. Foram 10 empates, 8 derrotas e 9 vitórias para a equipe que começou a se alinhar na liga em busca da briga por uma vaga em competições continentais após vitórias contra Villarreal e Real Valladolid.

O coronavírus forçou o freio do que poderia ser uma grande sequência de vitórias para o clube basco. Com a volta do futebol, a equipe tem que tentar ao máximo voltar ao nível estabelecido não só nas duas partidas mas também na Copa do Rei, em que até eliminou o Barcelona nas quartas de final. Dessa forma, a possibilidade de uma vaga em uma competição europeia não seria realista apenas por conta da copa, mas também pela liga.

Opinião: Daniel Souza

Acho que Gaizka Garitano tem muitos méritos desde que assumiu. Sob a ótica dos resultados, resgatou o time de uma briga contra o rebaixamento ano passado e nesse ano chegou a uma final de Copa. O time mostra uma versatilidade tática interessante, podendo jogar com uma linha defensiva de 3, 4 ou 5 por exemplo. E fica muito claro que a estratégia é o quase sempre apoiada em uma defesa fortíssima, difícil de ser furada. Faz sentido, pois temos excelentes zagueiros (Iñigo, Unai, Yeray). Destaco a temporada do Ander Capa, lateral/ala direito, muito versátil. Nos jogos contra o trio de equipes mais fortes da Liga, temos sido muito competitivos. Mas na minha visão, falta mais criatividade ofensiva ao time, que sofre muitas vezes para criar chances claras contra os adversários. O time depende imensamente da inspiração e talento de Iñaki Williams, que muitas vezes precisa praticamente se matar em campo, para se sair bem. Muniain, outra referência técnica, tinha voltado há pouco tempo de lesão. Vamos ver como será agora.

Quanto à temporada, tivemos uma jornada de uma luta incrível (e uma boa dose de sorte) na Copa. Não sei se a final será disputada, mas num cenário hipotético, mesmo sendo um dérbi, vejo a Real Sociedad como favorita pelo futebol que vinha jogando. O clube fez a opção de concentrar esforços no mata-mata (o que é compreensível), o que afetou muito o desempenho na Liga, que já era irregular. Antes da parada, porém, vínhamos de duas vitórias que nos puseram mais perto da zona europeia, o que é ótimo. Precisamos nos recuperar para garantir a volta a uma competição internacional já pela Liga, e temos capacidade para isso.

Osasuna: 11º colocado (34 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Osasuna é um time que não consegue alcançar algo bom. Antes da parada, a equipe não conseguiu emendar uma boa sequência de vitória e se mostrou muito mediana, tendo números medianos para provar isso. Foram 34 gols marcados e 38 sofridos em 8 vitórias, 10 empates e 9 derrotas.

O elenco também não é dos mais incríveis, e o meio de tabela é justo para o Osasuna, assim como a eliminação para a finalista Real Sociedad nas oitavas de final da Copa do Rei. É por isso que a volta de La Liga não reserva muitas emoções para o Osasuna. A esperança da equipe é talvez ganhar uma ou duas posições, ou tentar se manter na 11ª colocação.

Real Bétis: 12º colocado (33 pontos)

(Foto: Getty Images)

O Bétis é uma decepção, principalmente por não ter um time ruim, e poder brigar em uma parte mais alta da tabela, não na 12ª colocação. Uma série de vitórias nunca foi estabelecida, e a equipe também não conseguiu ter um bom momento em nenhuma parte de La Liga, tendo apenas uma sequência de 4 e outra de 6 jogos sem vencer.

O potencial do Bétis foi mostrado na última partida antes da pausa, na vitória por 2–1 contra o Real Madrid. Com aquela vitória, a equipe finalmente poderia emendar uma sequência de vitórias ou ficar algumas partidas sem perder, mas o campeonato parou.

A volta de La Liga pode colocar o Bétis para jogar todas as partidas como aquela contra o Real Madrid. Talvez assim eles possam escapar de uma zona angustiante da tabela.

Levante: 13º colocado (33 pontos)

(Foto: Levante UD)

O Levante segue o padrão das duas últimas equipes, sendo muito mediano. O empates são menos comuns para a equipe (foram 3 em La Liga), mas as 14 derrotas mostram como o Levante peca na competição, tendo também o saldo negativo por sofrer 40 gols e marcar apenas 32.

Nas últimas partidas antes da pausa, o Levante alternava vitórias e derrotas. O clube não tem como almejar algo grande, mas deve tentar ao máximo se manter longe da zona de rebaixamento.

Alavés: 14º colocado (32 pontos)

(Foto: Reprodução)

Também com muitas derrotas, o Alavés se vê seguro na briga pelo meio da tabela. Seus 32 pontos não garantem nada, mas abrem uma vantagem da zona de rebaixamento. O elenco do time basco não é fraco, e tem jogadores que dão pro gasto, como o goleiro Fernando Pacheco, o meia Victor Camarasa e os atacantes Joselu e Lucas Pérez.

O clube venceu poucas vezes. Foram apenas 8 vitórias em 27 partidas, e um péssimo desempenho do ataque, que marcou apenas 29 gols, contrastando com os 37 sofridos. O Alavés não tem garantia para ficar em uma posição estável em La Liga. A volta do futebol na Espanha pode significar uma grande queda para o Alavés, que já não tinha um bom desempenho, mas que contatava com algumas vitórias magras.

Real Valladolid: 15º colocado (29 pontos)

(Foto: Getty Images)

A zona de maior perigo da tabela é inaugurada pelo Real Valladolid. Sua distância para a zona de rebaixamento é de apenas 4 pontos, e seu desempenho nas últimas partidas mostra o motivo disso. Nos últimos cinco jogos, por exemplo, foram 3 vitórias, 1 empate e apenas 1 vitória.

O ataque de apenas 23 gols é um dos piores do campeonato. A defesa sofreu 33 gols, sendo a segunda menos vazada da parte inferior da tabela. O Valladolid busca se manter em La Liga para a próxima temporada. Já nas duas primeiras rodadas, o clube enfrentará o Leganés e o Celta de Vigo, que são adversários direitos na briga contra o rebaixamento. Além dos adversários diretos, o Real Valladolid enfrentará times mais fortes e que estarão brigando nas zonas altas, como o Atlético de Madrid e o Getafe.

Eibar: 16º colocado (27 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Eibar é uma equipe que se acostumou com a derrota em La Liga. Em 27 jogos, foram 14 derrotas, 6 empates e 7 vitórias, com 27 gols marcados e 41 sofridos, mostrando como o sistema defensivo do Eibar deixa muito a desejar. Para se ter uma noção do rendimento da equipe principalmente nos últimos jogos, foram 4 derrotas e apenas 1 vitória nas últimas 5 partidas.

Se antes da parada já estava ruim, não se sabe como o Eibar irá voltar. Se permanecer igual, o risco de rebaixamento é alto, e a mudança na equipe deve ser dentro de campo e também na mentalidade.

Celta de Vigo: 16º colocado (26 pontos) — por João Victor Martins

(Foto: Getty Images)

O Celta iniciou a temporada com novidades quentíssimas, novidades estas que faziam tempo que não aconteciam, para deixar qualquer torcedor entusiasmado e confiante. Trouxeram jogadores com identificação com a torcida, com passagens anteriores no clube, formando um elenco quase sonhável: Rafinha Alcântara e Denis Suárez vindos do Barcelona, Santi Mina do Valencia, Pape Cheikh do Lyon, além do uruguaio ex-Peñarol Toro Fernández numa tentativa de substituição ao Maxi Gómez que se foi ao Valencia.

Entretanto, o time dos sonhos comandado pelo Fran Escribá perdia pontos inexplicáveis dentro de casa, com somadas atuações irreconhecíveis. Assim, o “sonho europeu” que era tratado como prioridade em consenso no clube foi descartado logo no primeiro turno. O pesadelo em questão virou a zona do rebaixamento mesmo. A situação ficou tão ruim que o treinador tardou mas caiu. O catalão Óscar García chegou com muita incerteza e passagens não brilhantes nos últimos clubes que treinou, mas com discurso pés no chão foi tentando retomar a confiança do elenco e tirá-lo da zona de rebaixamento. Após algumas rodadas, via-se um futebol mais apresentável, mas sem brilho.

A decepção foi muito grande em Vigo. Um time com cotação da parte de cima da tabela, se arrastando na zona de descenso. O time demorou pra engrenar com Óscar García, foi longe de ser instantâneo, por isso ele fez mudanças importantes: Denis Suárez, Beltrán e Mina perderam espaço e Aspas voltou a ter protagonismo.

A janela trouxe reforços de peso para ajudar a tirar o time da zona. Os internacionais Fedor Smolov e Jeison Murillo, trouxeram mais bagagem para o ataque e a zaga respectivamente, com a responsabilidade de sanar os problemas extremos: Mina e Fernández não convenciam na frente; Aidoo e Araujo eram inconsistentes atrás. Murillo e Smolov caíram como uma luva nesse time.

Por fim, o Celta conseguiu engrenar no pós-janela e vivia o melhor momento na competição antes da parada, finalmente saindo da zona de rebaixamento, ocupando o 17º posto. Infelizmente esse time perdeu o direito de ter pretensões mais altas, apesar do elenco com peças extremamente interessantes. O empate em 2–2 com o Madrid no Bernabéu e a vitória em 2–1 contra o Sevilla deram o gostinho bom de ser Celtiña novamente, mas todo alerta ainda é pouco no retorno, a ameaça da Segunda ainda está no cangote, porém é muito improvável ver um time tão bom sucumbir ao descenso.

Mallorca: 18º colocado (25 pontos)

(Foto: EFE)

O Mallorca é o primeiro clube na zona de rebaixamento, e muito disso se deve ao grande número de gols sofridos. Os 44 gols que o Mallorca sofreu o colocam como a segunda pior defesa de La Liga, ainda ajudando a levar o número de derrotas para 16, o maior do campeonato.

O time não é horrível, e tem peças interessantes como o jovem Kubo, promessa emprestada pelo Real Madrid, e o atacante Ante Budimir, autor de 9 gols em La Liga. O foco principal do Mallorca deve ser achar a melhor forma do sistema defensivo melhorar, e ter Budimir 100% já na volta do futebol na Espanha.

Leganés: 19º colocado (23 pontos)

(Foto: Reprodução)

O Leganés, do ataque muitas vezes composto por Guido Carillo e Óscar Rodríguez, marcou apenas 21 gols, o que justifica a posição da equipe na tabela. A 18ª colocação é justa para um time que perdeu 14 vezes e sofreu 39 gols. É um desempenho muito aquém de muitas equipes de La Liga.

Apesar da pouquíssima quantidade de gols, o atacante Óscar Rodríguez ainda é vital para o time. O camisa 27 marcou 7 gols em La Liga, ou seja, um terço dos gols do time na competição. Além disso, ele é um dos líderes de assistência do time com 2 passes para gol.

A volta do futebol será muito difícil para o Leganés, e o foco é total na permanência na elite espanhola. O fato é que Óscar Rodríguez tem que estar totalmente disponível para tal missão.

Espanyol: 20º colocado (20 pontos)

(Foto: Gerard Franco)

O Espanyol, embora esteja na última colocação de La Liga, estava focado na Europa League até ser eliminado para o Wolverhampton em um agregado de 6–3, com um 4–0 para os ingleses no jogo de ida. O foco na competição europeia foi extremamente prejudicial para o Espanyol no âmbito nacional. É por essas e outras que o maior feito da atual temporada de La Liga tenha sido um empate em casa por 2–2 contra o Barcelona no derby catalão.

Os números evidenciam a péssima campanha do Espanyol em La Liga. Foram 15 derrotas, 8 empates e apenas 4 vitórias em 27 jogos, sofrendo 46 gols e marcando apenas 23. É um desempenho digno de rebaixamento, e os míseros 20 pontos da equipe não dão muita esperança aos torcedores. Além disso, após a eliminação para o Wolves, o clube empatou por 1–1 em casa contra o Atlético de Madrid e perdeu para o Osasuna por 1–0 fora de casa.

O time tem bons jogadores. Raúl de Tomás é um bom atacante, assim como Wu Lei. O meio campo conta com Víctor Sánchez, outro bom jogador. O rebaixamento não era cogitado no início da temporada. A volta de La Liga e a falta de uma competição europeia pode colocar o Espanyol de volta ao campeonato, e finalmente sair da zona da degola, pois existe elenco para isso.

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