Leroy Sané no Bayern: como pode encaixar?

Craque alemão precisará se adaptar à nova equipe, com um cenário diferente do que vivia no Manchester City

João Terra
Mezzala
4 min readJul 5, 2020

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(Foto: Pedro José Domingues/Mezzala)

Na última sexta-feira (03), o Bayern de Munique finalmente anunciou a contratação do alemão Leroy Sané. O ex-jogador do Manchester City já vinha sendo especulado no clube bávaro durante as últimas janelas de transferências e voltará a disputar a Bundesliga após quatro anos na Inglaterra.

Apesar do preço considerado baixo para os padrões do mercado futebolístico — 49 milhões de euros, explicados pelo fato do contrato com o City estar perto do fim — , Sané chega com status de estrela, sendo uma das principais contratações no mundo do futebol até aqui. O ponta de 24 anos, que chegará ao novo time no começo da temporada 20/21, atuará com a camisa 10, hoje utilizada por Phillipe Coutinho, que não seguirá no clube para a próxima temporada.

Sané vai complementar um ótimo elenco, que já conta com grandes jogadores e vem fazendo uma temporada muito boa sob o comando do técnico Hans Flick. Certamente, o novo camisa 10 chega para ser titular, mas como ele pode estar entre os 11 inciais? Para facilitar esse entendimento, é preciso analisar o contexto em seu antigo clube, o Manchester City.

Atuando como extremo esquerdo, o alemão tinha a função de dar amplitude por aquele lado, ficando, muitas vezes, colado à linha lateral para alargar a defesa rival, enquanto o lateral-esquerdo atacava por dentro. Como um ponta posicional, esperava a bola bem aberto e, ao receber, encarava o lateral adversário no um contra um, onde Sané se destaca bastante por sua enorme capacidade de desequilibrar com dribles e velocidade. Quando leva vantagem no duelo individual, chega em profundidade à linha de fundo (situação facilitada por ser canhoto e atuar na esquerda), invadindo a área e realizando cruzamentos (rasteiros, muitas vezes) para algum companheiro finalizar.

Outra forma bastante utilizada de ser acionado era por meio de lançamentos longos para sua entrada em diagonal na área adversária, realizando um movimento por trás da linha defensiva do rival. Nesse tipo de lance, Sané também tinha boas oportunidades de acionar um companheiro em melhores condições de marcar. Importante destacar seus números em participações diretas: 39 gols e 45 assistências em 135 jogos com a camisa do City.

Entendida a utilização do jogador na sua antiga equipe, vamos tentar compreender como joga o Bayern de Hans Flick, o novo time de Leroy Sané, e onde (e como) ele pode agregar entre os titulares.

Time base do Bayern na atual temporada

A posição mais propícia para Sané entrar é como um meia ofensivo mais aberto pela esquerda, onde atua seu compatriota Serge Gnabry, um dos principais jogadores do Bayern nessa temporada. É bem verdade que o camisa 22 altera bastante com Kingsley Coman, podendo jogar pelos dois lados do campo. Acredito que seja o francês que dará lugar à nova contratação no time titular, fixando Gnabry pela direita, e com o novo camisa 10 pelo lado oposto, acompanhando o essencial Thomas Müller e o artilheiro Robert Lewandowski no setor ofensivo.

Não se trata, porém, apenas da posição e onde encaixá-lo nos 11 iniciais: a principal questão é a função que Sané exercerá, pois o contexto é totalmente diferente do encontrado no Manchester City. No Bayern, os pontas estão muito mais associados a zonas interiores, com movimentações entre linhas e de aproximação ao centroavante, ao contrário do que acontece nos Citizens. Pela esquerda, quem explora constantemente o corredor (até por característica) é o lateral Alphonso Davies, canadense de muita velocidade e potência para dar profundidade por aquele setor. Portanto, Sané não seria mais o responsável por esperar a bola na ponta esquerda e teria que trabalhar mais por dentro em situações em que o Bayern possui a posse da bola.

Algo que pode ser parecido com o que acontecia no time de Guardiola é a busca por Sané através de lançamentos longos — bastante explorados por Jérôme Boateng, David Alaba, Joshua Kimmich e Thiago Alcântara — esse último com o futuro ainda incerto no Bayern.

Fato é que a contratação só é ruim para o lado do Manchester City, que perde um grande jogador de seu elenco. O Bayern ganha uma peça de muita qualidade para trabalhar, concretizando um sonho antigo da diretoria do clube, e o próprio Sané chega como uma das principais referências do time bávaro e, certamente, terá mais minutos no novo time, o que pode refletir positivamente até na sua importância para a seleção alemã.

(Foto: FC Bayern München/Twitter)

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