Marcus Rashford: um futebolista necessário
Atacante do Manchester United se destaca na luta contra a fome infantil na Inglaterra, tornando-se um exemplo entre os esportistas
Atletas engajados são uma necessidade não só dentro do âmbito desportivo, senão fora dele. No Basquete, vemos atletas da NBA se posicionando fortemente contra o racismo, no automobilismo, Lewis Hamilton não só impressiona dentro das pistas, mas fora das pistas com sua luta antirracista. No esporte bretão, a luta por causas sociais ganhou uma nova cara, a do atacante Marcus Rashford. O camisa 10 do United se destaca liderando com maestria a luta contra a fome infantil na Inglaterra. Um golaço fora das quatro linhas.
Durante o lockdown, o governo britânico anunciou que iria fornecer tickets de alimentação, em substituição a merenda escolar, para famílias pobres durante o período de lockdown, porém limitado ao calendário escolar. Ou seja, o projeto do governo não teria extensão até o fim do verão. O programa do governo oferecia os vouchers de 15 libras para crianças de famílias de baixa renda. Incomodado com a possibilidade do encerramento do programa, Rashford começou a pressionar nas redes sociais e conseguiu fazer com que o governo do primeiro-ministro Boris Johnson recuasse e mantivesse o investimento, após publicar uma carta no Twitter, onde possui mais de 3 milhões de seguidores, direcionada aos deputados britânicos.
Ao se destacar na liderança da luta contra a fome infantil, foi condecorado pela Rainha Elizabeth II como MBE (Membro do Império Britânico). Além disso também recebeu um doutorado honorário na Universidade de Manchester.
Rashford sabe muito bem como é lidar com esse problema. O atleta de 22 anos teve uma infância difícil. Sua mãe trabalhava até muito tarde para obter o salário mínimo que recebia para colocar comida em casa e quando não tinha o que comer, seus amigos reconheciam o problema e Marcus ia à casa deles.
No último dia 21 o governo recusou um pedido de extensão do programa, feito por Marcus Rashford e colocado em pauta pelo Partido Trabalhista. A reação em todo o país foi forte. Há uma forte mobilização em toda a Grã-Bretanha para ajudar na causa liderada por Rashford. Os prefeitos de Manchester e Liverpool declararam apoio à campanha liderada pelo jogador. O técnico do Liverpool Jurgen Klopp e as lendas do Manchester United Alex Ferguson e Bobby Charlton parabenizaram pelas ações sociais do jogador. Companheiros de profissão como Mesüt Özil do Arsenal, celebridades e astros da música como os membros da banda Coldplay também estão juntos com Rashford nessa batalha.
O craque do United segue participando fortemente na luta contra a fome infantil e recentemente divulgou a campanha FareShare em seu Twitter. A iniciativa do atleta conta com o apoio de clubes, prefeituras, restaurantes, bares e cafeterias de todo o país, que ajudam na distribuição de alimentos e doações. O craque divulgou em seu Twitter, pontos de distribuição de alimentos em diversas cidades do Reino Unido.
Marcus Rashford não só dá uma baita lição ao governo de Boris Johnson, mostrando o que se deve fazer e como lidar com os problemas sociais do país, mas deixa clara uma ideia de como um célebre atleta de um dos maiores clubes do mundo pode usar de seu poder de influência para tratar de questões sociais importantes. Diante de um governo que se omitiu a cuidar das gerações futuras, Rashford mostra-se inquieto, dando voz a quem não tem, entendendo tudo aquilo que as autoridades sequer parecem entender. O atacante literalmente está goleando o governo britânico, mostrando o que o futebol de fato é: um desporto que traz alegria, unidade, inspiração e bem dos campos para fora deles.
Quanto mais Rahford’s houverem, melhor será para o futebol e para a sociedade.
