Moacyr Barbosa: a lenda injustiçada que dará nome a um dos campos do novo CT do Vasco

Um dos maiores ídolos da história do clube, enfim será homenageado após tantos pedidos da torcida cruzmaltina

Luan Fontes
Mezzala
5 min readSep 15, 2020

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Foto: AcervoUh /Folhapress

Na última sexta, o Vasco inaugurou o seu novo CT em Jacarepaguá, e realizou um evento para celebrar o feito, e que contou com diversas homenagens, principalmente ao ex-goleiro e lenda do clube, Moacir Barbosa.

Barbosa foi um dos mais importantes atletas da história do Vasco da Gama e do futebol brasileiro, mas foi marcado por sofrer os dois gols na final da Copa do Mundo de 1950, o que lhe gerou um linchamento desnecessariamente perpétuo.

SOBRE A LENDA CRUZMALTINA

Nascido em 1921, na cidade de Campinas, Moacir Barbosa era um goleiro talentosíssimo, de muita segurança e elasticidade. Começou a carreira como profissional no Ypiranga e em 1945 foi para o Vasco da Gama. Barbosa passou a ser titular na sua segunda temporada pelo clube. O arqueiro fez parte de uma das maiores equipes da história Vasco e do futebol brasileiro, que venceu 5 cariocas e o Campeonato Sul-Americano em 1948 e que recebeu a alcunha de Expresso da Vitória. O arqueiro teve duas passagens pelo clube, sendo a primeira de 1945 a 1955 e a segunda de 1958 a 1962. De acordo com os dados do Vasco da Gama, Barbosa disputou mais de 400 partidas pelo clube.

Barbosa tinha no Vasco um lugar onde era amado no meio de um país onde foi desnecessariamente crucificado. Barbosa foi o goleiro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil, na qual o Brasil perdeu a final para o Uruguai em pleno Maracanã por 2 a 1. Barbosa foi o principal culpado pelo povo, por sofrer os dois gols da derrota e teve de carregar essa culpa para o resto da vida.

“No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 por um crime que não cometi”

Certamente, o linchamento popular contra ele foi injusto.Barbosa ainda conseguiu manter o alto nível depois da Copa de 1950. Depois da final perdida contra o Uruguai foram criadas pelos brasileiros na época, teorias das mais ridículas, como a de que a Seleção não poderia ter um goleiro negro

O Brasil não perdeu aquela final por culpa de seu goleiro, mas por sua própria soberba, já que na véspera, jogadores, políticos, imprensa e torcedores comemoravam o título mundial e faziam festa pelas ruas. O soco no estômago dos brasileiros veio só das mãos uruguaias, mas de si próprios.

Barbosa ainda conseguiu manter o alto nível depois da Copa de 1950. Depois da final perdida contra o Uruguai foram criadas pelos brasileiros na época, teorias das mais ridículas e racistas, como a de que a Seleção não poderia ter um goleiro negro. O ex-goleiro ainda jogou no Santa Cruz, no Bonsucesso e no Campo Grande-RJ antes de se aposentar. O ex-arqueiro faleceu em 2000, aos 79 anos, no litoral paulista.

UMA TORCIDA ENGAJADA

Que a torcida vascaína é uma das mais fanáticas do país, todos nós sabemos e certamente, o forte engajamento social é um de seus diferenciais. A valorização à sua história sempre esteve presente entre os milhões de adeptos do clube da Colina, seja dentro de campo, com seus grandes feitos e heróis, ou fora dele, com a sua luta contra o racismo no futebol e sua ligação com a classe operária.

Como anteriormente dito, o Vasco era o único lugar onde a figura de Barbosa era muito querida, visto que foi um dos principais personagens de uma época áurea para o cruzmaltino. Os torcedores do Vasco fazem questão de lembrar de seu grande goleiro até os dias de hoje.

Meses antes da inauguração do CT, vascaínos se mobilizaram e fizeram campanhas para que o nome de Moacyr Barbosa fosse dado ao novo Centro de Treinamento do clube. Para muitos, seria a homenagem mais justa possível ao seu histórico arqueiro.

Filha de Barbosa recebeu homenagens de Campello. Foto: Reprodução

Oficialmente, o local se chamará CT do Almirante, mas o ídolo terá seu nome no CT,; o Campo 1 foi oficialmente batizado como Campo Moacyr Barbosa. Para o presidente do cube, Alexandre Campello, seria injusto dar o nome de apenas um ídolo ao CT. Ainda assim, a torcida fará questão de chamá-lo popularmente de CT Moacyr Barbosa. Tereza Borba, filha de Barbosa esteve no evento de inauguração para receber as homenagens ao pai.

Também é válido lembrar da importância da torcida vascaína para a construção do CT. Assim como na construção de sua emblemática casa, o Estádio São Januário, a massa cruzmaltina foi fundamental para a construção do Centro de Treinamento. Vascaínos de todas as classes fizeram doações para ajudar na construção do CT, bancando boa parte da mesma. Ao todo, mais de 30 mil torcedores doaram R$5,8 milhões para a construção.

A construção ainda não foi totalmente finalizada, mas faltam poucos ajustes nas instalações e a última etapa de arrecadação ainda precisa de R$500 mil.

Novo CT do Vasco. Foto: Reprodução

Para muitos, o batismo da nova casa como Moacyr Barbosa seria mais um exemplo da forma como o vascaíno valoriza à riquíssima história que o clube construiu dentro e fora das quatro linhas. Seria uma justiça feita por um ídolo que enquanto fardado com a cruz-de-malta, sempre mostrou o seu melhor, rendendo inúmeras glórias ao clube. Esta pode ser mais uma resposta histórica de um clube que sempre falou com a massa.

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