O boicote histórico na NBA

Em movimento contra o racismo, os jogadores do Milwaukee Bucks lideraram o boicote da partida contra o Orlando Magic

Caio Amorim David
Mezzala
4 min readSep 1, 2020

--

Quadra da NBA com a frase do movimento “Black Lives Matter” (Foto:David Dow/AFP)

Entenda o boicote

No dia 23 de agosto de 2020, mais um caso de racismo acontece nos Estados Unidos. O norte-americano negro Jacob Blake é alvejado nas costas por um policial branco, na cidade de Kenosha, que pertence ao estado de Wisconsin.

O boicote aconteceu na semana passada, na quarta-feira. Os jogadores do Milwaukee Bucks não entraram em quadra para o jogo 5, dos playoffs, contra o Orlando Magic, em protesto ao acontecido. Além da suspensão dessa partida, outros dois jogos foram cancelados, o confronto entre Portland Trail Blazers x Los Angeles Lakers e Houston Rockets x Oklahoma City Thunder. A liga feminina de basquete, a WNBA, também teve as partidas suspensas.

A NBA divulgou que os jogos, após dois dias de paralisação, vão voltar no sábado (28).

O caso George Floyd

O jogador Russel Westbrook no movimento Black Lives Matter (foto:Marcio Jose Sanchez, Associated Press)

Em 2020, outro caso envolvendo a questão racial também repercutiu na liga de basquete americana. O cidadão negro George Floyd foi assassinado por um policial branco, em Minneapolis. O caso aconteceu em maio, enquanto a NBA estava paralisada por conta do novo coronavírus.

Nos Estados Unidos, o movimento “Black Lives Matter” tomou grandes proporções e alguns atletas resolveram participar também. Stephen Curry, Klay Thompson, Jaylen Brown, Jordan Clarkson, Russel Westbrook e Karl-Anthony Towns foram alguns que marcharam nas ruas apoiando a manifestação.

O melhor basquete do mundo voltou em uma espécie de bolha, localizada em Orlando, no resort da Disney. Essa foi a solução arranjada para evitar a contaminação do Covid-19. Os jogadores passam por diversos exames diariamente e só podem sair do complexo com uma autorização da liga.

Os jogadores do Los Angeles Lakers ajoelhados em quadra apoiando o movimento Black Lives Matter (foto:movimentorevista.com.br)

Nesta retomada, os atletas puderam se manifestar nos jogos. Eles receberam diversas opções de frases para serem usadas em suas camisas, como: Freedom (liberdade), Justice (Justiça) e Peace (paz) . Além disso, a quadra da NBA também está marcada com a frase do movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam). Os jogadores estrangeiros podem usar as palavras em suas línguas de origem.

A voz de LeBron James

O grande astro LeBron James é um dos atletas que mais usa a sua mídia para falar a favor do ativismo. Além de ser forte dentro de quadra, apoia também com muita força os movimentos raciais. O jogador do Los Angeles Lakers é uma referência para inúmeras pessoas, tanto os amantes do basquete quanto de outros esportes.

LeBron usando a camiseta I can’t breathe ( eu não consigo respirar) em protesto ao ocorrido com Eric Garner em 2014 (foto:si.com)

LeBron tem muita influência e sabe muito bem como utiliza-la, é um líder dentro e fora das quadras. Em 2014, se posicionou indignado ao não indiciamento de um policial que matou o afro-americano Eric Garner por asfixia e em 2017 apoiou a causa do jogador Colin Kaepernick, da NFL, que se ajoelhava na hora do hino nacional americano em protesto contra a violência policial.

Os anos 40

A liga de basquete americana foi criada em 1946. Naquela época o Estados Unidos vivia uma grande segregação racial. No início da competição havia 11 times e 150 jogadores e nenhum negro participava. Só no ano de 1950 que houve essa quebra de ideologia que só os brancos podiam jogar.

Oscar Robertson e Bill Russel também foram vítimas de racismo na NBA (foto:pristineauction.com)

Oscar Robertson, um dos grandes jogadores da época, conta que nas viagens os negros ficavam em quartos separados dos outros. Até mesmo Bill Russel, o mais vitorioso da liga com 11 títulos, sofreu com a descriminação.

Hoje em dia, os atletas negros correspondem a 75% da NBA. A liga tem sido muito compreensiva com o posicionamento das suas estrelas, e isso é muito bom para todos. Esses profissionais são vistos pelo mundo todo e são grandes referências para quem os assistem.

Os jogadores, após o caso de Jacob Blake, até pensaram em suspender o resto dos playoffs, mas houve um acordo para que continuassem. Nele consta algumas prioridades pedidas pelos esportistas, como: que os ginásios das franquias virem pontos de votação nas eleições, para que ocorra um engajamento maior das pessoas votando.

A NBA anunciou que volta no sábado (28) com os jogos de Milwaukee Bucks x Orlando Magic, Houston Rockets x Oklahoma City Thunder e Los Angeles Lakers x Portland Trail Blazers.

--

--