O City da América do Sul

O crescimento do Montevideo City Torque, a filial uruguaia da grande empresa de investimentos esportivos

Luan Fontes
Mezzala
4 min readNov 20, 2020

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(Foto: Twitter/Montevideo City Torque)

Na terra da celeste olímpica, cresce um clube com a mesma cor dos sky blues de Manchester ou de Nova York e seus mesmos donos, é claro. Fundado por um grupo de empresários uruguaios em 2007, o jovem clube de Montevidéu sempre teve a pretensão de colocar em prática no futebol charrúa, um modelo de gestão diferente do normal. Em 12 anos de história, o clube foi subindo de divisões, teve alguns descensos, mas não desistiu de crescer e hoje se consolida cada vez mais na elite do futebol uruguaio.

Em 2017, o Club Atlético Torque foi comprado pelo City Football Group, o mesmo que é proprietário de clubes como New York City, Girona, Yokohama Marinos, Melbourne City, Mumbai City, além do mais badalado, poderoso e famoso membro da família, Manchester City. Assim, é possível ver dentro do futebol uruguaio, um projeto esportivo diferenciado e um novo modelo de gestão de futebol.

Dentro das quatro linhas, o Torque tem uma identidade: um futebol ofensivo, bonito e de construção. É o que vemos tanto na equipe de Pablo Marini quanto na de Guardiola. A prioridade em ter a bola e com sua posse construir uma transição ofensiva com uma saída em feita no campo de defesa, um meio-campo dinâmico, triangulações rápidas pelos flancos, liberando a subida dos laterais e volume no último terço do campo para finalizar.

Com este projeto, o Torque busca absorver e revelar talentos. A primeira grande joia da casa foi o atacante Valentin Castellanos. O atleta de 22 anos estava despontando no cenário do Uruguai e em 2019 foi vendido para o New York City, que também pertence ao grupo do City. O Torque também aproveita a proximidade do Uruguai com a Argentina e o Brasil par buscar jogadores no mercado destes dois países.

Recentemente, o Manchester City contratou Nahuel Bustos, atacante promissor que estava no Talleres de Córdoba . Para ajudar na sua adaptação, o City emprestou o argentino ao Girona, dando a possibilidade de se habituar em um ambiente com menos pressão, menos exigência e onde poderá ganhar mais tempo de jogo devido à pouca concorrência na posição. Outro jogador contratado pelo clube de Manchester e que passa pelo mesmo processo de Bustos é o lateral brasileiro Yan Couto. Negociado pelo Coritiba e destaque pela Seleção Sub-17 em 2019, o atleta também está emprestado ao time catalão.

Também nos últimos dias, o Torque contratou o promissor meia Santiago Rodríguez que estava no gigante Nacional. Rodríguez jogará pelo clube por alguns meses antes de ser repassado para Girona ou New York City, também pertencentes ao conglomerado City. Uma transferência como essa traz um choque ao futebol uruguaio, mostrando que o Torque está literalmente pronto para incomodar o eixo dos dois gigantes Nacional e Peñarol, seja no campo ou no mercado.

O Torque também passou por mudanças fora das quatro linhas. Em janeiro de 2020 o clube mudou seu nome de Club Atlético Torque para Montevideo City Torque, três anos após ser comprado pelo conglomerado. A parceria com o Grupo City possibilita também possibilita mudanças de infraestrutura para o clube, que vão além do que é convencional ao futebol do Uruguai. Recentemente foi iniciada a construção de um novo CT bastante moderno..

O complexo está sendo construído nos arredores da capital uruguaia e ficará pronto entre 2020 e 2021. Será o centro de treinamento para a equipe profissional e as equipes da categoria de base. O local contará com cinco campos, sendo quatro de grama natural e um sintético, centro médico, vestiários e um núcleo administrativo, todas as instalações com o mais alto nível de modernidade.

Á esquerda vemos o CT em construção e à direita, a projeção de como ele ficará (Fotos Twitter/Montevideo City Torque e Divulgação/Montevideo City Torque

Com um modelo administrativo, estrutura e projetos esportivos condizentes com as exigências de um futebol de alto nível, o Torque e o City Group não buscam revolucionar e tornar fortes a si próprios, mas buscam mexer com as estruturas de um cenário futebolístico conhecido por ser “raiz” se é que não é de bairro. É uma espécie de recado não só para os gigantes Nacional e Peñarol, mas para todo o futebol uruguaio, dizendo que se este quiser se tornar mais forte e competitivo, ao menos dentro de um cenário continental, pode tomar a mensagem do Torque como referência.

Se o Torque vai ser um “terceiro gigante” no país, aumentando o eixo já formado por carboneros e bolsos, isso só o tempo vai dizer, mas uma coisa é certa: O Torque e o City Football Group não querem apenas competir, querem revolucionar.

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Luan Fontes
Mezzala

Apenas um rapaz sul-americano que sonha em ser jornalista esportivo, quem sabe, narrador