O futebol carioca nos tempos de Covid-19

Como os 4 grandes clubes do Rio estão se comportando diante desta pandemia? A volta do futebol, a economia e a saúde, serão os temas abordados

Caio Amorim David
Mezzala
5 min readMay 21, 2020

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O futebol carioca está paralisado, por conta do coronavírus, desde o dia 15 de março (Foto:metropoles.com)

A suspensão do campeonato carioca

Com o aumento da contaminação do coronavírus, algumas partidas do campeonato carioca chegaram a ser realizadas de portões fechados. Para prevenção de todos, no dia 16 de março, a Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) realizou uma reunião, e convocou os clubes, para debaterem sobre os impactos negativos que a doença poderia trazer aos jogadores, funcionários e também para discutirem sobre meios de prevenção.

Como já citado, houveram partidas, porém, todas sem a presença dos torcedores. Assim, evitando aglomerações e diminuindo a propagação do vírus. Alguns clubes adotaram as lives, para realizarem treinos e conversarem com seus jogadores, uma medida para evitar que todos fiquem parados.

O debate dos clubes para a volta do futebol

Ferj anunciando que o futebol carioca será suspenso (Foto:uol.com.br)

No dia 8 de maio, uma sexta-feira, em uma nota da Ferj, alguns clubes pediram o retorno das atividades relacionadas ao futebol, o mais rápido possível. Flamengo e Vasco, assinaram o papel pedindo a volta. Por outro lado, Botafogo e Fluminense não concordaram com o documento, logo, não preencheram. Os representantes do Glorioso e do time das Laranjeiras, deram declarações dizendo que o esporte não deve voltar agora, por conta do pico da pandemia, e só retornarão às atividades quando as autoridades liberarem e o risco diminuir.

Sabemos que, muitas equipes do campeonato carioca, não conseguem ficar paradas, precisam gerar dinheiro para se manterem ativas. Mas diante desta pandemia, deve-se pensar, primeiramente, na saúde dos atletas e de todas as pessoas que trabalham para a instituição. No Rio de Janeiro, o vírus contaminou e matou muitas pessoas. É claro que, os jogadores precisam ganhar seus salários, assim como os funcionários, mas o bem-estar dos mesmos necessita de mais atenção.

Os métodos adotados pelos clubes

Campanha dos clubes cariocas contra o coronavírus (Foto:foxsports.com.br)

Em General Severiano, o Botafogo adotou algumas medidas para tentar amenizar os problemas financeiros. Alguns contratos foram suspensos, cerca de 40 funcionários foram demitidos e o próximo passo, pode ser o corte no pagamento dos jogadores, mas essa possibilidade ainda não ocorreu. O alvinegro chegou a perder 400 sócios. Lembrando que o sócio torcedor, é uma das fontes de dinheiro do Glorioso.

O Fluminense, em acordo com seus atletas, reduziu os salários. O tricolor também arranjou outra medida para aliviar seus cofres, obtendo na Justiça, uma autorização para suspender o pagamento das parcelas do Ato Trabalhista por três meses. O time das Laranjeiras, diferente de seus rivais, não demitiu trabalhadores do clube.

Esperando poupar R$ 4 milhões, o Vasco demitiu cerca de 50 funcionários e reduziu o salário de outros. O presidente do Gigante da Colina, Alexandre Campello, prevê que com a paralisação, o cruz-maltino possa ter um prejuízo de R$ 40 milhões. A pandemia do coronavírus, sem sombra de dúvida, vem afetando bastante os clubes brasileiros.

Presidente do Vasco, Alexandre Campello em entrevista pelo clube (Foto:foxsports.com.br)

O impacto chegou no Flamengo também. O time da Gávea demitiu cerca de 60 funcionários e necessitou de uma readequação salarial. A equipe rubro-negra chegou a fazer testes em seus jogadores e funcionários. Dos 293 testados, 38 testaram positivo para o COVID-19, mas nenhum nome foi divulgado. O clube carioca pretende manter suas estrelas pós pandemia, para isso, pensa em vender seus jogadores da base.

O coronavírus também atrapalhou as negociações dos times. O Botafogo negociava com Obi Mikel e Yaya Touré, mas as conversaras pararam, por conta da pandemia. O Vasco tinha planos para novas contratações, mas também foi suspenso. O técnico rubro-negro Jorge Jesus, ficou por um tempo sem conversar com o Flamengo, mas tudo indica que os dois cheguem a um acordo.

O futebol está apto para voltar?

Jorge Jesus, técnico do Flamengo, fazendo teste para o COVID-19 (Foto:esporte.ig.com.br)

Com os problemas cada vez mais graves, que estão acontecendo no Rio de Janeiro, a resposta é não. A cidade chegou a 2.852 mortes e cerca de 26 mil casos. Cada vez mais, o futebol parece distante. Os clubes que andam voltando a suas atividades, adotaram medidas severas de limpeza e proteção, mas mesmo assim, correm o risco de contaminação.

Alguns campeonatos pelo mundo voltaram semana passada, a Bundesliga é um deles. Os alemães adotaram os jogos sem torcida, poucas pessoas no estádio, só as que realmente precisam estar lá, os jogadores no banco de reservas ficam distantes um dos outros e entre outras medidas. Será que o futebol carioca e brasileiro deve tomar as mesmas precauções e voltar?

A decisão da prefeitura e o comportamento dos clubes

Treino da equipe do Flamengo no Ninho do Urubu (Foto:globoesporte.com)

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse em uma entrevista que só os atletas que estão em processo de fisioterapia devem voltar. Os jogadores do Flamengo, no Ninho do Urubu, foram vistos treinando em dois campos. O clube carioca disse, em entrevista, que só estavam sendo feitas avaliações, nada que desobedecesse as ordens da prefeitura.

Na terça-feira, dia 19 de maio, Rodolfo Landim e Alexandre Campello, presidentes de Flamengo e Vasco,respectivamente, encontraram com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro aconteceu, por conta do interesse dos clubes em treinarem no Mané Garrincha, em Brasília. Diante das fotos tiradas do encontro, é possível ver o não uso das máscaras, nenhum pote de álcool gel e aglomeração, fatores que furam as indicações de saúde diante do coronavírus.

Imagens do encontro que aconteceu nessa terça-feira (foto:globoesporte.com)

Diante deste cenário, é necessário a compreensão do público, para entender que o futebol agora, não deve ser tratado como essencial, e sim, a saúde ocupar esse espaço. O Rio de Janeiro, dia após dia, vem sofrendo cada vez mais com o coronavírus. Os clubes precisam entender que a situação que o estado vem passando, não é favorável para a volta do futebol. É um momento importuno.

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