O que esperar do Benfica com Jorge Jesus?

Treinador volta ao clube português com grandes contratações após temporada frustrante da equipe

Rafael Bizarelo
Mezzala
7 min readSep 2, 2020

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(Foto: Divulgação/Benfica)

Jogadores crescem com bons treinadores. Esta frase foi comprovada em 2019, quando Jorge Jesus treinou o Flamengo, vencendo a Libertadores e o Brasileirão. Exemplos como Gerson, que vinha de passagens frustradas em clubes europeus, Willian Arão, que enfrentava críticas da torcida rubro-negra, e Pablo Marí, espanhol que pulou de paraquedas no Brasil após empréstimos na Europa, comprovam como um treinador conseguiu extrair o máximo de cada um até montar um esquadrão.

Agora de volta ao Benfica, Jorge Jesus terá bons jogadores em sua mão, mas a grande maioria saindo de uma temporada tumultuada e com mais pontos baixos do que altos.

Tudo deve ser tratado como possibilidade nesse início de trabalho, mas existem coisa que podem ser apontadas com base do que foi visto anteriormente, seja nos problemas no time do Benfica ou na abordagem de Jorge Jesus no Flamengo.

Até o momento, o Benfica contratou cinco jogadores para a temporada 20/21. Abordarei cada uma delas.

Vertonghen

(Foto: Divulgação/Benfica)

A contratação gratuita de Jan Vertonghen é uma das melhores do Benfica em vários pontos de vista. Por ser sem custos, ela já é muito boa, e se tratando de um jogador do nível do belga, se torna melhor ainda.

Apesar dos seus 33 anos, Vertonghen ainda era um jogador útil para o Tottenham, e agora pode somar ao Benfica, que disputa uma liga que não está no patamar da Premier League. Além do mais, a sua versatilidade no setor defensivo é algo a ser ressaltado.

(Foto: SofaScore)

Adaptado ao bloco de quatro defensores ou de três zagueiros, o belga é capaz de atuar como lateral esquerdo e também como zagueiro. Analisando as necessidades do Benfica, Vertonghen pode acabar fazendo as duas funções.

A lateral esquerda é de Grimaldo, mas em sua ausência, o jovem Nuno Tavares pode ainda não corresponder ao que se espera de um titular. Dessa forma, o novo contratado pode sim fazer tal função.

A zaga do Benfica foi um ponto que gerou problemas. Ferro, que atuou em 26 partidas da última Primeira Liga, falha em muitas ocasiões e não é o nome necessário para o time. O brasileiro Jardel também já está envelhecendo, e só jogou em 10 partidas da última liga portuguesa. Rúben Dias é o melhor zagueiro que estava no elenco do Benfica e pode ser o parceiro de zaga de Vertonghen.

Gilberto

(Foto: Divulgação/Benfica)

Gilberto não é um reforço de peso como Vertonghen, mas pode ser uma peça útil para o elenco do Benfica.

André Almeida é o titular da lateral direita mas, mesmo não tendo uma temporada boa, continua sendo um bom lateral. Com um bom treinador que irá tirar o máximo dele e do time, André pode voltar sim a um nível mais alto.

A afirmativa pode ser a mesma para Gilberto, que contrastava aplausos com vaias no Fluminense. Muito inconsistente, com erros de marcação, mas ainda com uma grande capacidade ofensiva, o brasileiro tem muitos pontos positivos que podem ser aproveitados, e outros negativos que podem acabar minados com Jorge Jesus, um treinador que sabe explorar muito bem os seus jogadores.

Gilberto deixa muito a desejar no ponto de vista defensivo, e isso não é novidade. O Fluminense muitas vezes sofreu com buracos em seu setor defensivo que foram deixados por idas ao ataque por parte de Gilberto, que sempre demorava muito para conseguir recompor e formar a linha defensiva.

Jorge Jesus viu em Gilberto um lateral que poderia melhorar com ele, tanto que o recomendou para o Flamengo. Se ele quis o jogador, havia um motivo para tal desejo. O treinador português pode acreditar que é capaz de melhor o senso defensivo de Gilberto, e explorar ainda mais a questão ofensiva, mostrada em jogo treino do Benfica em que o lateral marcou um gol.

Lucas Waldschmidt

(Foto: Divulgação/Benfica)

Lucas Waldschmidt era um dos nomes que começaram a crescer na Bundesliga. Artilheiro do Campeonato Europeu sub-21. Em uma equipe mais fraca como era o Freiburg, o destaque não era tanto, e a mudança para um clube que briga pelo título em seu país era o que o jogador precisava.

Ainda que não seja um destaque de peso do Benfica, o alemão já era alvo do clube desde a última janela de transferências, e era visto como um substituto para João Félix. Sua função no campo pode ser confundida com a de um atacante, mas sua capacidade de jogar mais atrás é importante, ainda que ele seja um artilheiro.

Éverton

(Foto: Divulgação/Benfica)

Éverton é o melhor jogador que o Benfica contratou. 20 milhões de euros é um preço bom para um jogador já lapidado e com capacidade de evoluir ainda mais. No Grêmio, Cebolinha já era o astro da equipe, o principal jogador, e agora pode fazer o papel de craque também no Benfica.

A saída de Éverton para a Europa era questão de tempo, e demorou até demais. Como “o cara” o Grêmio, tinha a equipe jogando em função dele em muitas ocasiões. Não existem dúvidas em relação à qualidade individual de Éverton e a sua capacidade de jogar com o grupo. Na Copa América de 2019, Cebolinha foi muito importante para a Seleção Brasileira, jogando com o grupo.

O uso de Éverton em campo ainda depende de como Jorge Jesus irá usar Carlos Vinícius, Pizzi, Pedrinho e Chiquinho. São muitos jogadores de qualidade para um time com apenas 11 titulares.

Pedrinho

(Foto: Divulgação/Benfica)

Pedrinho foi mais um dos brasileiros que o Benfica contratou para a próxima temporada. 18 milhões de euros foi o preço pago ao Corinthians para ter o jogador de 22 anos.

No Corinthians, Pedrinho não teve destaque por ser um grande artilheiro, até porque não é a sua função de fazer isso na ponta direita. O dado mais importante de Pedrinho é o de passes decisivos. No Brasileirão de 2019, teve cerca de dois passes por jogo que davam uma chance boa de gol para um companheiro. No Benfica, com uma qualidade individual e coletiva maior, ainda com um treinador que busca um futebol ofensivo, tal dado pode subir.

Com a defesa já abordada quanto foi falado de Jan Verthongen, resta falar sobre dois setores do campo.

Meio de campo

(Foto: Global Imagens)

Existe uma incógnita para montar o meio de campo do Benfica. Weigl, Gabriel, Taarabt e Chiquinho são jogadores de qualidade, e todos são importantes para a equipe da águia.

Taarabt evoluiu muito taticamente, e acaba sendo um elemento chave para o Benfica. Gabriel é médio de qualidade, assim como Weigl, mais defensivo. Chiquinho, que trabalha com Taarabt para fazer a ligação as fases de construção e criação, também não pode ser deixado de lado.

Embora a imagem use Gabriel, Weigl e Chiquinho, a presença de Taarabt não pode ser deixada de lado de forma alguma, muito pelo contrário. Deve ser ressaltado que o marroquino tem papel fundamental na construção da equipe, e caberá a Jorge Jesus definir quem irá jogar no time do Benfica.

Ataque

(Foto: Miguel Barreira)

Já que o Benfica contratou Éverton e Pedrinho, dois pontas, e ainda tem Carlos Vinícius, atacante brasileiro que foi destaque na temporada 19/20, é de esperar que Jorge Jesus passe a usar os três juntos.

Carlos Vinícius é um centroavante que cai muito para o lado esquerdo, o que favorece chutes cruzados e até assistências. O brasileiro não é dos melhores no pivô, mas a sua mobilidade para jogar entrelinhas é um fator chave para o seu funcionamento no ataque.

Com Éverton e Pizzi, ou Pedrinho caso consiga a titularidade, o ataque do Benfica ficaria realmente forte.

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