Opinião: O The Best menos sério em anos

Premiações polêmicas despertaram muitas dúvidas com relação a credibilidade do evento de premiação da FIFA

Luan Fontes
Mezzala
4 min readFeb 3, 2022

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Prêmio de melhor do mundo foi entregue pela sexta vez desde o fim da fusão da FIFA com a Bola de Ouro (foto: Divulgação/FIFA)

Em meados do mês de janeiro, a FIFA realizou o seu evento de premiação aos melhores futebolistas do ano de 2021. Porém, o The Best, como é conhecido o evento, foi extremamente polêmico principalmente pelo resultado principal da noite, que foi o prêmio de melhor jogador masculino do mundo, entregue pela segunda vez ao atacante polaco Robert Lewandowski. Tal veredito dividiu opiniões. Muitos acharam merecido, mas outros tantos contestaram o resultado, e por consequência, a credibilidade do evento.

Mas esse não foi o único prêmio que gerou controvérsias no The Best apresentado no mês passado. A Seleção do Ano foi polêmica, principalmente no masculino. Diferentemente dos outros anos, o onze ideal foi feito em um esquema 3–3–4. Isso significa que a seleção do mundo não possui laterais. Ou seja, melhor lateral direito e esquerdo do mundo? Não tem. E para deixar essa seleção do mundo mais casual e estranha, colocaram quatro atacantes.

Outro tópico confuso ocorreu com relação aos goleiros. O prêmio de melhor goleiro do ano foi para o senegalês Edouard Mendy, do Chelsea, de acordo com seu desempenho excelente no clube londrino. Mas o goleiro na seleção ideal foi o italiano Gianluigi Donnarumma, do PSG, que teve na Eurocopa seus grandes momentos de destaque — apesar de não ter sido tão notório quanto Mendy no clube. Vale lembrar que a seleção do ano é escolhida por jogadores de diversas partes do mundo, mas o principal problema da eleição foi justamente o fato da FIFA não colocar laterais e trocá-los desnecessariamente por dois atacantes.

O prêmio de melhor treinador(a) do futebol feminino também foi um pouco duvidoso. Emma Hayes, do Chelsea, foi eleita a melhor treinadora em um ano no qual o Barcelona foi dominante. Embora as Blues tenham vencido a Liga Inglesa, acabaram não vencendo a Champions, na qual Hayes perdeu por 4 a 0 na final contra o Barcelona de Lluís Cortés, um de seus dois concorrentes ao prêmio. Na final, inclusive, o Barcelona foi dominante durante o jogo inteiro, e o Chelsea de Emma Hayes não viu a cor da bola.

Mas o Barcelona não ficou sem prêmio no futebol feminino, o que seria um absurdo maior. O prêmio de melhor jogadora ficou com a espanhola Alexia Putellas que fez um ano excelente com a camisa do Barça.

Com relação ao prêmio principal da noite, o de melhor do mundo foi para Robert Lewandowski, o que dividiu opiniões e tornou o The Best ainda mais polêmico. O polonês marcou mais gols que seus dois concorrentes - Lionel Messi e Mohamed Salah - e quebrou o recorde de mais gols em uma edição de Bundesliga (41), que perdurou desde 1972, quando Gerd Müller marcou 40 gols. Mas comparando apenas ao concorrente Lionel Messi, Lewandowski leva vantagem apenas em finalizações e gols. Fora isso, Messi leva vantagens em todos os aspectos ofensivos, como chances criadas, dribles e assistências. Fora o desempenho individual no Barcelona, Messi também foi muito bem na seleção argentina, sendo campeão da Copa América, artilheiro e líder em assistências e atingiu o recorde de mais gols por seleções sul-americanas, ultrapassando Pelé. Vale lembrar que o período de avaliação dos atletas para o The Best durou até o último mês de agosto, ou seja, o desempenho do argentino no PSG não conta. Já que falamos em desempenho pela seleção, Lewandowski não apresentou nada com a seleção polonesa esse ano, especialmente durante a Euro, onde ele podia fazer a diferença. E não adianta dizer que a Euro valeu mais que Copa América. Os dois têm o mesmo peso e são os principais torneios entre países dos dois maiores continentes do futebol.

Números dos três finalistas. Veja que Messi leva vantagem na maioria deles

Para fechar a noite, ainda foi entregue um prêmio de homenagem para Cristiano Ronaldo, que atingiu o recorde de mais gols por seleções masculinas na história — pode-se lembrar daquela Bola de Ouro especial que o Pelé recebeu em 2013, presenteado pela Fifa e pela Ballon d’Or, antes unidas para a premiação. Vale lembrar que o maior jogador de todos os tempos nunca jogou na Europa, portanto, nunca pôde ser coroado como o melhor do mundo. Isso se tratou de uma reparação histórica. Não é nada que tire o gigantismo incontestável de Cristiano Ronaldo, mas parece até que arrumaram algum jeito de premiá-lo depois de contestações ao fato de ele não estar entre os três primeiros no The Best.

Por fim, o prêmio da FIFA acabou tendo sua menor credibilidade em anos, pelo tanto de premiações forçadas e contestáveis resultados. Ao invés de ser um prêmio para DEFINIR os melhores do ano, acabou sendo uma cerimônia de indecisões, na qual tentou-se agradar todo mundo, o que tirou a seriedade do evento, que é o principal a premiar jogadores e técnicos.

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Luan Fontes
Mezzala

Apenas um rapaz sul-americano que sonha em ser jornalista esportivo, quem sabe, narrador