Os altos e baixos da Chapecoense no Campeonato Catarinense
Líder da primeira fase, a atual campeã da Série B tinha tudo para levantar a taça do estadual, mas deixou a desejar após a saída do Umberto Louzer
Pouco menos de um mês antes do início do estadual, a Chapecoense tinha se sagrado campeã da Série B, título inédito pro clube. Com a conquista e o acesso para a Série A garantido e por ser o atual campeão estadual, o Verdão do Oeste era o principal favorito ao título do Campeonato Catarinense de 2021.
Durante a primeira fase do campeonato, em pontos corridos, a Chape foi soberana. Perdeu somente uma partida, de onze, e terminou em primeiro lugar — colocação que deu vantagem do empate e do segundo jogo em casa para as partidas das fases de mata-mata. Ainda foi a equipe que com melhor ataque, 23 gols marcados, e a segunda melhor defesa, sofrendo apenas 6 gols, mesmo jogando boa parte do campeonato com um time misto.
Entretanto, após a saída do técnico Umberto Louzer, comandante da equipe durante a temporada 2020/21, que pediu o desligamento para assinar com o Sport, a Chapecoense caiu de rendimento.
Trecho do comunicado oficial do clube publicado no dia 14/04/2021:
“A Associação Chapecoense de Futebol informa, de maneira oficial, que Umberto Louzer não é mais o técnico da equipe alviverde. A decisão foi tomada a pedido do profissional, que manifestou o desejo de seguir para novos desafios.
No clube desde fevereiro de 2020, Umberto Louzer comandou a Chapecoense em 56 jogos oficiais e manteve a expressiva marca de 66,07 % de aproveitamento. Neste período, foram 31 vitórias, 18 empates e apenas sete derrotas, que renderam ao Verdão o título do Campeonato Catarinense, o retorno à Série A e o inédito título da Série B do Campeonato Brasileiro.”
Após quatro dias sem comandante, o Verdão anunciou Mozart, o novo técnico que comandou a equipe no mata-mata do Campeonato Catarinense. As duas últimas partidas da primeira fase foram conduzidas por Felipe Endres, auxiliar-técnico.
Devido ao calendário enxuto, até a “primeira” quartas de final, Mozart não conseguiu ter uma semana só de treinos para passar suas ideias de jogo à equipe. Por conta disso, manteve a estrutura base do antigo técnico para os confrontos contra o Hercílio Luz. Empatou a primeira partida (0x0) e venceu a segunda (1x0) contra o Leão do Sul, assim, a Chapecoense estava classificada para a semifinal.
A reviravolta judicial
No entanto, após a realização das duas partidas citadas acima, o Hercílio Luz foi eliminado do mata-mata pelo Tribunal de Justiça Desportiva por causa de um jogador irregular.
O lateral-direito Alisson foi expulso na final da Série B do Campeonato Catarinense, realizada no dia 20/12/2020. Porém, o julgamento do caso só ocorreu em abril de 2021 e o jogador pegou gancho de um jogo, que deveria ter cumprido contra o Brusque, no dia 10/04/2021, e não foi. Alisson entrou aos 38 minutos do segundo tempo, quando o placar já marcava 2x1 para o Brusque — resultado final.
Como o Quadricolor venceu a partida, o Hercílio Luz perdeu somente 3 pontos como forma de multa. Assim, não se classificou para a fase mata-mata do estadual e o Figueirense assumiu a vaga.
Enfim, o mata-mata
Apesar de finalmente ter conseguido uma semana só de treinos durante esse processo judicial, a Chapecoense teve que jogar duas partidas a mais para passar para a semifinal.
Para surpresa de todos, a Chape perdeu a primeira partida das quartas de final contra o Figueirense por 3x1 e a torcida se revoltou contra a equipe. Por causa da melhor campanha, decidiu em casa e conseguiu fazer 2x0, passando para a semifinal. Porém, novamente, a torcida cobrou a atitude de garantir o placar e parar de atacar, sofrendo pressão do adversário até o apito final.
Na semi, a vida de Mozart e jogadores foi mais tranquila. Derrotou o Marcílio Dias fora de casa por 1x4 e, na Arena Condá, jogou com o regulamento embaixo do braço e empatou por 1x1. Entretanto, a torcida esperava mais uma goleada e, mesmo com a vaga para a final, reclamou da postura defensiva da equipe contra um adversário de menor expressão.
No dia 23 de maio de 2021, a Chapecoense estava indo para sua sexta final seguida de Campeonato Catarinense e Mozart para sua primeira final como técnico.
Na reedição da final de 2019, a Chapecoense, mesmo com a cobrança da torcida, era a favorita. Afinal, tinha a vantagem do empate e de decidir a última partida em casa, teve o melhor ataque do campeonato e estava a 8 jogos sem perder para o Avaí.
No entanto, o Leão da Ilha estava a 11 partidas sem perder no Campeonato Catarinense, teve a melhor defesa do estadual e, na semifinal, passou pelo Brusque com propriedade.
A primeira partida foi equilibrada, porém, a equipe da casa foi mais agressiva e buscou o gol desde o início — já que a vantagem era do Verdão. Até os 49 minutos do segundo tempo a partida estava empatada em 1x1, porém nos últimos segundos de jogo, Vinicius Leite acertou um lindo chute e fez 2x1 para o Avaí. Com a vitória, a equipe da capital roubou da Chapecoense o privilégio do empate.
Precisando da vitória na segunda partida, a Chape teve maior posse de bola mas não conseguiu quebrar as linhas de marcação do Avaí. Já o Leão continuou com a mesma postura e pressionou a equipe da casa desde o apito inicial.
Aos 25 minutos do segundo tempo saiu o primeiro gol e, para o desespero da torcida alviverde, foi do Avaí. O Verdão do Oeste, para ser campeão, precisava fazer 2 gols em 26 minutos (6 de acréscimo), mas fez o primeiro — e único — somente no minuto final da partida.
Visto que a última partida foi em Chapecó, a torcida compareceu aos arredores do estádio e os mesmos adeptos que fizeram festa na chegada dos jogadores, hostilizaram o técnico Mozart após a final, como mostra o vídeo abaixo:
Como era de se esperar, um dia depois da final e três dias antes do começo da Série A, em 27/05/2021, a Chapecoense demitiu o técnico Mozart após apenas 8 partidas (50% de aproveitamento).
Portanto, em pouco mais de um mês a Chape foi do céu ao inferno. Perdeu um dos técnicos mais vitoriosos da história do clube para um rival direto na elite do futebol brasileiro e começa o Brasileirão com a torcida desconfiada e os jogadores com a moral baixa à espera do anúncio do novo comandante.