Os desafios de Mauricio Pochettino no PSG

As expectativas sobre o treinador argentino anunciado como o novo comandante do PSG

Luan Fontes
Mezzala
7 min readJan 2, 2021

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Foto: Twitter/PSG

Tem novo comandante no time da Cidade Luz. Após a demissão de Thomas Tuchel, o Paris Saint Germain anunciou seu novo técnico, na tarde de sábado dia 6 de janeiro. O nome da vez é um cara bem conhecido no Parque dos Príncipes, o argentino Mauricio Pochettino. Ele não treinava nenhum clube desde o final de 2019, quando foi demitido do Tottenham no meio da temporada passada. O argentino chega com a missão de colocar o PSG de volta nos trilhos do Campeonato Nacional, onde se encontra em terceiro na tabela e ao título da Champions League, o qual Pochettino já esteve muito perto de conquistar, mas bateu na trave contra o Liverpool em 2019. A glória europeia é a aspiração máxima do clube desde que foi comprado por investidores do Qatar, há mais de uma década.

Tuchel teve um início razoável na Ligue 1. Em 17 rodadas soma quatro derrotas na Liga Francesa (contra Lens, Lyon, Olympique de Marselha e e Mônaco), sendo três contra adversários diretos. Além destas, soma mais duas derrotas na Champions, contra Leipzig e Manchester United.

A demissão de Tuchel foi de certa forma surpreendente, visto que vinha de uma boa campanha na temporada passada, levando o PSG a sua primeira final de Champions League. O alemão tinha boa relação com o elenco e respaldo de jogadores, porém o clima com os dirigentes não era dos mais agradáveis. Tuchel ao cobrar por reforços ouviu duras palavras de Leonardo:

“Se ele quiser ficar aqui, tem que respeitar as políticas internas do clube”

Mesmo tendo sido respaldado pelos atletas, seu atrito com a diretoria pesou na demissão. Pochettino chega com a missão de conduzir o PSG ao que ele quase conseguiu com Tuchel neste ano, que é justamente o caneco europeu.

TRAJETÓRIA DE POCH

Pochettino já é um treinador bastante conhecido no cenário do futebol mundial. Iniciou sua carreira de técnicobno Espanyol de Barcelona, por onde teve duas passagens, sendo a primeira sete anos e a segunda de três anos. Por lá ficou por quatro temporadas e meia como treinador. Logo depois foi para o Southampton em 2013 e fez uma boa campanha na Premier com os saints. Sua boa campanha no time da Costa Sul da Inglaterra foi suficiente para que o Tottenham o contratasse no ano seguinte. Poch elevou o patamar dos Spurs a ponto de brigar pelo título contra Arsenal, City, Liverpool, United e Chelsea. Foi vice-campeão da Premier em 2016, perdendo o título para o surpreendente Leicester City e levou os Spurs à final da Champions em 2019, quando os yids foram batidos pelo Liverpool em Madri.

COMO DEVERÁ JOGAR O PSG DE POCHETTINO

Pochettino foi treinado por Marcelo Bielsa quando jogava no Newell´s Old Boys e na seleção argentina, logo é um pupilo de El Loco. Preza por um futebol ofensivo baseado em uma posse de bola objetiva e uma marcação bem agressiva.

Sem a bola: pressão incessante

Pochettino costumava usar muito o 4–2–3–1, especialmente na configuração defensiva.

Em jogo contra o City, os Spurs de Pochettino se defendiam nesta configuração de 4–2–3–1.

Sem a bola, as equipes de Pochettino costumam fazer uma pressão bem alta, com dois ou três jogadores pressionando fortemente o portador da bola. Vale também observar a vantagem numérica que é exercida no setor do campo onde se encontra o portador da bola.

A marcação pressão do Tottenham de Pochettino

Quando o rival tem a bola no campo de defesa, no início da construção, a marcação é forte e alta, com linhas em alta profundidade, afim de sufocar o oponente.

Do meio pra trás, a pressão continua intensa, porém é feita por zona, no qual se cerca o portador da bola, afim de não dá-lo espaço e tempo para jogar. As opções de passe próximas também são cercadas.

Os números de PPDA(passes por ação defensiva do rival) nas primeiras temporadas mostram isso; logo na primeira temporada, o PPDA do Tottenham foi de 6.5, um dos mais baixos na liga.

Construção: Variações para evitar a mesmice

Nem sempre, Pochettino irá usar um mesmo esquema com uma linha de quatro defensores. Se depender de desfalques Pochettino pode alterar o sistema para um esquema 4–4–2, com meio-campo formatado em diamante ou em linha, até mesmo para um que possua uma linha de 5 atrás com 3 zagueiros e dois alas. Por falar em alas, lateral no time de Pochettino não fica sem passar da linha do meio de campo como um cão, ele vai para o ataque para dar apoio.

Pochettino varia muito a quantidade de jogadores na construção das jogadas de acordo com a quantidade de jogadores do adversário que irão pressionar. Portanto, se por exemplo, na primeira fase o rival marca com um, dois jogadores participam da primeira fase da construção, ou se dois jogadores rivais pressionam, a primeira fase da construção é feita com três, e caso três rivais pressionem, os laterais ficam mais abertos para dar vantagem numérica que é o principal aspecto a ser levado em conta na primeira fase da construção.

Primeira fase da construção

Caso o volante que joga entre os zagueiros estiver marcado, é feita uma rotação posicional entre os jogadores afim de criar liberdade no setor central do campo para que o pivô receba. Pelo fato de os dois meias não ficarem parados na mesma posição, é criado espaço para a ruptura de linhas com um passe. Quando o primeiro volante se posiciona em profundidade dando apoio ao lateral, o volante de defesa ocupa o espaço para dar opção e libera o avanço do zagueiro.

Assim como vimos na análise sobre Marcelo Bielsa no Leeds, a saída é feita em um formato de diamante com três na linha de zaga e um volante, o que possibilita a formação de triângulos nos dois lados do campo.

As opções de triangulações que são criadas pelo Tottenham

Caso o time não consiga fazer uma jogada trabalhada da defesa para o ataque, aposta em bolas longas nas costas do adversário(o Tottenham também foi eficiente nisso).

Os ataques no terço final do campo, costumam ser esquematizados com quatro jogadores posicionados bem estreitamente, como vemos nesta jogada que origina o gol do Tottenham contra o Chelsea em 2016. Uma linha com os três meias e um atacante à frente.

Posicionamento do ataque no terço final com dois meias externos, o meia de armação e o centroavante

Os laterais sobem para ajudar no ataque mas de maneiras distintas. Como os times de Pochettino gostam de vantagem numérica na criação, os meias jogam próximos o tempo inteiro, podendo ocupar uma zona do campo entre o meio e os flancos, porém este posicionamento libera o avanço do lateral no outro lado, enquanto o lateral na zona ocupada ajuda como um meia de criação apoiando o ponta.

Ocupação da zona central para esquerda do campo, liberando o avanço do lateral pela direita

Pochettino pode não ter problemas com o vestiário do PSG, visto que há muita presença hispânica, com vários atletas espanhóis, como Bernat e Herrera e argentinos, como Icardi e Di María, além do goleiro costarriquenho Navas, o que pode lhe ajudar muito na sua adaptação ao clube pelo qual, Pochettino já jogou.

Provável time do PSG de Pochettino

Pochettino pode muito bem vingar no PSG, e fazer com que a equipe dê o sprint final em busca da Champions League, mas requer tempo. Embora não tEnha conquistado nada, Pochettino vem de um tremendo trabalho no Tottenham, levando o time à primeira final de Champions League depois de 5 anos de trabalho e consolidou os Spurs entre os melhores da Inglaterra. No PSG, Pochettino não terá um desafio doméstico tão grande como era da Inglaterra, visto que para o PSG é obrigação vencer as competições locais, coisa que não acontecia no Tottenham. Como qualquer treinador de qualquer clube, o argentino precisará de tempo, paciência e amparo da diretoria. Pochettino já provou ser um excelente técnico, mas deverá contar com a valorização ao seu trabalho, a diretoria não pode cair direto na expectativa gerada pelo que está fora do clube.

Apoio, confiança e paciência são as três coisas mais necessárias, para que o PSG possa alcançar a eternidade de uma glória europeia.

Você pode conferir o episódio do podcast Mezzala Airlines sobre a troca no comando do PSG clicando aqui

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Apenas um rapaz sul-americano que sonha em ser jornalista esportivo, quem sabe, narrador