Projeto Everton: Uma ameaça ao “Big Six”

Novo estádio, novos jogadores e um treinador competente fazem com que o futuro do time inglês seja promissor

Kaio Sauaia
Mezzala
5 min readSep 19, 2020

--

Carlo Ancelotti é o cérebro da reformulação dos “Toffes” (Foto: Getty Images)

Depois de alguns anos de tentativas, parece que o Everton finalmente engrenou em uma reformulação. Pelo menos os nomes que chegaram para o projeto indicam isso, já que as tentativas com Ronald Koeman, Roberto Matínez e Marco Silva foram promissoras, mas não estreladas. Isso só se enfatiza quando comparamos os antigos nomes do comando técnico com o atual, de Carlo Ancelotti, multicampeão por Real Madrid, Milan, Bayern e outros, que substituiu o último da lista na temporada anterior, mostrando um progresso evidente no coletivo e ambiente da equipe, além de dar um bom parâmetro para a que vinha pela frente.

O mercado

Com um comandante de elite, era necessário fazer um mercado forte e, ao mesmo tempo, inteligente, pois a situação financeira dos Toffees é saudável, mas não do nível de times como os que o italiano dirigia. Assim, Carlo teve de usar de suas boas relações para negociar, conseguindo três jogadores para elevar o nível de seu plantel.

O primeiro foi negociado com seu ex-clube, o Napoli, time no qual Allan teve destaque, principalmente quando “Carletto” esteve por lá, se mostrando um jogador de excelente marcação e de ótima chegada. Tendo menos oportunidades no clube napolitano, o brasileiro optou por aceitar o convite de seu antigo mestre, viabilizando com que o Everton pagasse “apenas” € 25 milhões, assinando um vínculo de três temporadas com o jogador.

O segundo negócio foi com James Rodriguez, meia que vinha em baixa no Real Madrid e que pouco atuava pelo clube merengue. Seu único momento de destaque no Santiago Bernábeu foi quando Ancelotti esteve por lá, aliás, seus lampejos de craque no decorrer da carreira foram, em sua grande maioria, quando treinado por Carlo, jogando no Monaco e no Bayern. Já que o momento não era bom, James teve seu valor bem diminuído, fazendo com que os Toffes gastassem outros € 25 milhões.

Por fim, Abdoulaye Doucouré, que foi um ponto fora da curva do rebaixado Watford e que dificilmente jogaria a Champioship com o clube. Com interesse entre o jogador e o Everton, bastou com que os dois times negociassem o preço do volante, que também custou € 25 milhões.

No fim, Ancelotti conseguiu três reforços que ajudariam a consertar problemas defensivos e ofensivos evidentes na última temporada, gastando valores acessíveis aos cofres do Everton.

O primeiro jogo

(Foto: BBC Sports)

Para começar a Premier League e testar seus novatos, Carlo teve pela frente nada mais, nada menos do que o Tottenham, um dos clubes do “Big Six”, treinado por um de seus maiores algozes, José Mourinho, em época que o italiano treinava o Milan e o português a Inter. Para dificultar ainda mais a situação, os três reforços tiveram apenas uma semana de treino juntos, deixando a entender que tais teriam pouco entrosamento e ritmo de jogo. Todavia, o trio teve desempenho influente, sendo importante e contando com a contribuição de alguns conhecidos do clube para conquistar uma suada vitória por 1x0.

Allan

Formando uma dupla com Doucouré, o brasileiro foi quem ficou mais retido entre os volantes, com a função de proteger uma criticada linha defensiva na temporada 19/20, além de ser uma opção a mais para a saída de bola do time. A tranquilidade e qualidade do jogador se sobressaíram, contando um pouco com impotência ofensiva dos Spurs, contribuindo para que seu time saísse da partida com um clean sheet.

Abdoulaye Doucouré

Fechando a dobradinha com Allan, o francês teve maior liberdade para o apoio, apesar de cumprir o habitual box-to-box que já exercia no seu ex-clube, tendo que pressionar a saída de bola adversária e voltar para compor a defesa. Isso fica mais evidente em uma recuperação que Abdoulaye teve, quando salvou Pickford de ficar cara a cara com Lucas, roubando a bola do brasileiro e livrando o Everton de sofrer um possível gol.

James Rodriguez

O elo entre o colombiano e Ancelotti é um fato, mas ficava a dúvida de como seria o encaixe dele em seu time. Acabou que James se enquadrou perfeitamente ao 11 inicial, tendo companheiros que exerciam funções a mais para dar conforto ao meia na recomposição, dando uma maior liberdade a ele para exercer o que faz de melhor, distribuir passes, acertando 83% dos que tentou e criando mais do que qualquer jogador do Everton criou nas últimas 20 partidas do clube.

Quem tem a evoluir?

(Foto: SkySports)

Richarlison

Com meio campo mais pegado, há uma necessidade menor de que Richarlison tenha que recompor, menor porque, ao lado de Digne, com certeza o brasileiro terá de voltar para cobrir seu companheiro. Outro ponto que o “pombo” pode ter progresso é no número oportunidades, já que, jogando ao lado de James, ele será ainda mais acionado, podendo multiplicar a quantidade de tentos que ele já vinha marcando.

Calvert-Lewin

Depois de algumas temporadas irregulares, o jovem centroavante, que já vinha evoluindo na última, tem a oportunidade de potencializar ainda mais seu futebol. Como Richarlison, o autor de um “hat-trick” diante o West Brom terá ainda mais oportunidades de finalizar, já que seus companheiros do meio de campo são bem mais criativos do que os de temporadas anteriores.

Lucas Digne

Ao lado de Chilwell, o lateral já é um dos que incomodam Robertson como o melhor da Premier League. Agora com o meio de campo composto por jogadores bem mais potência na marcação, há uma maior liberdade para o francês progredir em seu flanco, já que o especialista em cruzamentos é um dos melhores no fundamento dentro da liga, podendo dar ainda mais assistências para seus companheiros.

Extracampo

Como se e não bastasse as mudanças dentro das quatro linhas, o Everton também tem se reformulado fora delas. Um exemplo é a fornecedora da equipe de Liverpool, que deixou de ser a Umbro, fabricante os uniformes desde 2014, que fornecia uma renda anual de £5M, passando a ser a empresa dinamarquesa Hummel, que deve aumentar a renda para £9M e que não vestia nenhum clube da primeira divisão inglesa desde a temporada 06/07, quando produziu as camisas do Aston Villa.

Outra mudança que o clube deve ter nos próximos anos é no estádio, já que o atual, o Goodinson Park, é um bem tradicional, tendo 127 anos de existência, e o intuito dos dirigentes é deixar sua nova casa bem mais moderna, tendo um projeto já desenvolvido.

Não há intenção de cravar nada por aqui, ainda mais depois de tantas reformulações que, no fim, acabaram se degringolando e deixando o Everton fora da disputa por títulos e competições europeia. Mas, como dissemos, a chegada de jogadores estrelados, as primeiras partidas desse novo time e os movimentos tomados pela diretoria apontam que os Toffees chegam de uma forma bem mais incisiva do que de temporadas atrás, deixando o sonho de criar um “Big Seven” bem mais real.

--

--