Santos, o time de poucas chances e muita fé!

Galvao
Mezzala
Published in
3 min readJan 28, 2021

De 5ª força paulista para finalista da Libertadores, o Alvinegro da Vila Belmiro mostrou que apesar de crises financeiras, escassez de jogadores e salários atrasados, o clube consegue ser uma das melhores equipes da América.

(Foto: Ivan Sorti)

Com a saída de Sampaoli e alguns dos principais jogadores do elenco santista, acreditava-se que o Peixe não chegaria longe em nenhuma competição e muitos até diziam que brigaria para fugir do rebaixamento. Sendo taxado como a 5ª força de São Paulo, a diretoria apostou em Jesualdo Ferreira. O técnico não fez uma má campanha, mas também não cativou o elenco e nem a torcida. Após sua saída no início da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, o Santos enfrentava uma crise com dívidas, salários atrasados e um bloqueio da Fifa que impedia o clube de fazer novas contratações.

Mesmo sabendo desta situação conturbada, Cuca aceitou o desafio de comandar a equipe da baixada e lapidar o que tinha em suas mãos. Com o elenco limitado, a alternativa para criar uma equipe competitiva foi usar o que o Santos tem de melhor, seus jogadores da base. Kaio Jorge, João Paulo, John e Sandry se tornaram peças essenciais para o time, alguns sendo utilizados como reposições de desfalques e outros como titulares. Mesmo com uma boa campanha até as quartas de final da Libertadores, a imprensa continuava dizendo que o time não chegaria à final do torneio, dando somente 4% de chance para os alvinegros conquistarem o tetra. Essa porcentagem só trouxe mais motivação para os jogadores e virou bordão da torcida santista durante esta campanha. “Quatro por cento é muito para gente” — disse Alison em sua preleção antes do jogo contra o Boca.

Desde a chegada de Cuca, o Santos ganhou força, determinação e competitividade, principalmente na Libertadores. No torneio, a equipe tem um aproveitamento incrível de 75% com 10 jogos, seis vitórias, três empates e apenas uma derrota. Na última vez em que o Santos levantou a taça da competição, a equipe tinha um aproveitamento de somente 50% até a final.

Como um time sem chances consegue ser tão competitivo?

Além da motivação dos jogadores, Cuca faz um trabalho interessante na equipe que comanda. O time alvinegro trabalha com rápidas transições, aproveitando espaços vazios entre linhas para seus atacantes ficarem em situação de um contra um. Na parte defensiva o time ganha muitos duelos e bolas em disputa, dificultando a criação de jogadas adversárias. Em sua saída de bola, normalmente Alison recua, formando uma linha de três zagueiros com Peres e Veríssimo, dando liberdade para os laterais avançarem para o campo de ataque e criarem jogadas. Apesar das estratégias de Cuca, seu grande Triunfo é a habilidade individual de seus atacantes como Soteldo e Marinho, que possibilitam ataques versáteis e perigosos para o adversário, com suas arrancadas e chutes de fora da área.

Cuca chega para sua segunda final de Libertadores e acredita que sua equipe tem capacidade para conquistar o título. Apesar da confiança, o adversário da final não é fácil e também tem muita qualidade dentro de campo. Além de ser um rival, o Palmeiras tem uma ótima campanha com Abel Ferreira. Para este duelo, não basta apenas fé, o Alvinegro praiano terá que mostrar a essência de seu futebol para sair com o título do Maracanã e contrariar todos os críticos do clube.

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