Sucesso dentro e fora de campo: Cuiabá Esporte Clube

Resultado de uma excelente administração nos últimos anos, a equipe de Mato Grosso lidera a Série B e está nas oitavas de final da Copa do Brasil

Danilo Jordão
Mezzala
5 min readOct 10, 2020

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(Foto: Cuiabá EC/ Twitter)

A sensação da Série B do Brasileirão, talvez de todas as divisões. Um clube jovem, fundado em 2001 pelo falecido Gaúcho, ex-jogador do Flamengo, Grêmio, Palmeiras, dentre outros. Era, na verdade, uma escolinha de futebol para crianças, mas o craque resolveu transformá-lo em um clube-empresa, iniciando a caminhada da instituição no esporte profissional em 2003. Gaúcho rompeu relações burocráticas com o clube em 2006, quando o Cuiabá passou por dois anos de licenciamento. Mas, após a notícia de que a Copa de 2014 seria realizada no país e uma Arena seria construída na cidade, o grupo Dresch, antigo patrocinador do clube e grande produtor de borracha, resolveu comprá-lo e iniciar um projeto de aproximação do mato-grossense com o futebol local. Seu mascote é o peixe dourado, símbolo da região do Pantanal. Suas cores verde e amarela, com referência à bandeira do Brasil. Seu nome é Cuiabá Esporte Clube.

O time do Centro-Oeste é recente, mas seus gestores são melhores que muitos dirigentes de clubes centenários. Organizada, a instituição segue à risca seus planejamentos, mantendo treinadores por um longo período, realizando contratações pontuais que não afetam as finanças e crescem de pouco a pouco no cenário nacional. Campeão da Copa Verde em 2015 e 2019, nove vezes campeão estadual e participante da Sul-Americana em 2016, o Cuiabá mostra crescimento exponencial e deve figurar entre os gigantes da primeira divisão no ano que vem. Além do provável acesso, o Dourado, por ter sido vencedor da Copa Verde ano passado, entra direto nas oitavas de final da Copa do Brasil. O clube encara o favorito Botafogo, mas pode surpreender. A permanência na competição não é apenas para a busca da taça, são, também, 3,3 milhões de reais para o classificado, dinheiro que cairia muito bem nas mãos das duas equipes.

Líder com 32 pontos em 15 partidas disputadas, a equipe do treinador Marcelo Chamusca vem de uma sequência excelente na competição. Nos últimos 5 jogos, venceram 3 e empataram 2, sem nenhuma derrota. A vantagem é de 6 pontos para a Chapecoense, vice-líder. Porém, a equipe catarinense disputou apenas 13 rodadas.

Ontem, o Cuiabá derrotou a Ponte Preta, 4ª colocada no campeonato. Sob um calor de 39ºC às 18h30 na Arena Pantanal, a macaca foi derrotada pelo líder, com dois gols de Felipe Marques. Os campineiros descontaram com Luiz Carlos.

Destaque do time verde e amarelo, Felipe, com apenas 1,66m, é um ponta esquerda muito veloz que tem contribuído com a marcação de gols nas últimas partidas. Outro jogador importante para o desenvolvimento ofensivo é o veterano Elton, atleta que passou por gigantes como Corinthians, Flamengo e Vasco. Apesar da posição de 9 ser a dos goleadores, Elton não tem marcado muito ultimamente. Ele é fundamental no jogo de pivô, de costas para o zagueiro, servindo os companheiros com mais velocidade. Maxwell, Rafael Gava e Felipe Marques são os que aproveitam mais a última bola.

Fora de campo, a diretoria é fundamental para esse momento que o Cuiabá vive. Alessandro Dresch, presidente do clube, faz crescer a receita ano após ano, além de realizar o que para grandes clubes é considerado impossível. O Cuiabá não possui dívidas. Enquanto alguns cartolas contratam jogadores sem ter dinheiro e afundam seus clubes progressivamente, o grupo Dresch mantém a política de contratações com excelente custo-benefício. Temos que ressaltar, é claro, que os mais tradicionais do país acumulam déficits desde o início do século passado. São sucessivas administrações que envolvem, em muitos casos, esquemas de corrupção, problemas com sócios, dentre outras questões. Portanto, não é possível consertar um clube da noite para o dia. O Cuiabá, por ser muito recente e conduzido por uma empresa, não fica refém dessas situações. Outro ponto essencial é que nem todo clube-empresa consegue manter uma estabilidade da mesma forma que o Cuiabá. Transformar uma instituição em S.A não faz dela milionária e sem problemas. Às vezes, pode dar muito errado.

Torcida do Dourado (Foto: Reprodução)

A evolução do clube também implica no crescimento da sua torcida. De acordo com um levantamento feito pela “KGM Pesquisas”, a torcida do Dourado (apelido do time) se tornou a maior da capital de Mato Grosso dentre os clubes do Estado. Com 21,5%, o Cuiabá só perde para as pessoas que não torcem pra nenhuma equipe local (41,5%), o que pode mudar com o passar dos anos. Muitos habitantes da Região Centro-Oeste são apaixonados por times de outros Estados. Flamengo, Corinthians e Vasco possuem popularidade absurda em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Algo interessante de se destacar, o acesso do Dourado faz com que o clube enfrente os grandes da Série A, ou seja, as pessoas que torcem para os maiores do país poderão assistir seus ídolos de perto.

Dessa forma, fica aqui a torcida para a estruturação de cada vez mais clubes do Centro-Oeste, Norte e Nordeste nas grandes divisões do futebol nacional. Outro assunto extremamente importante, que vai além do futebol, é o que está acontecendo no Pantanal. Quem puder, ajude doando para ONG´s e outros projetos. Aqui, coloco uma vaquinha para os que se disponibilizarem e puderem.

(Foto: Cuiabá EC/ Twitter)

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O que veio primeiro: o sorriso ou o mundo? Na felicidade tudo se cria.