Um resumo da gestão Palotta e o que esperar de Friedkin na Roma

Marcos Cardoso
Mezzala
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6 min readSep 6, 2020

Com participação do comentarista dos canais ESPN, Gian Oddi, analisamos os últimos anos da Roma e projetamos um futuro próximo

Foto: Pedro José Domingues/Mezzala

No início do mês de agosto, uma notícia causou sentimentos positivos nos torcedores da Associazione Sportiva Roma. Gerida por James Palotta desde 2012, e sem conquistar nenhum título no período, o clube da capital italiana foi vendido para o bilionário Dan Friedkin. O norte-americano é proprietário do The Friedkin Group, que tem atuação em diversos setores da economia. Os valores da negociação giraram em torno de 591 milhões de euros, o que equivale a 86,6% das ações. Ao que tudo indica, o cargo de “presidente” do clube deve ficar sob os comandos do filho de Dan, Ryan Friedkin, de 30 anos.

Dan Friedkin novo mandatário da Roma — Foto: Roma/Divulgação

Os anos da gestão de James Palotta foram marcados por algumas polêmicas, mas, principalmente pela seca de títulos. A Roma não levanta uma taça de forma oficial desde a temporada 2007/08, quando venceu a Copa da Itália e Supercopa do país. Com o magnata, que assim como Fredkin, também é americano, criou-se a expectativa de grandes feitos dos Giallorossos, porém, nada disso se viu no papel.

James Pallota, antigo dono da Roma — Foto: Getty Images

Nesse período, alguns bons nomes vestiram a camisa do clube da capital. Miralem Pjanic, Medhi Benatia, Alisson, Leandro Paredes, Mohamed Salah, Kostas Manolas, Marquinhos e Radja Nainggolan. Com Palotta, a Roma se caracterizou mais por garimpar esses jovens nomes e depois vende-los do que segurar e montar um supertime.

Palotta também foi o presidente que viu os dois maiores nomes do clube se despedirem como jogadores. Francesco Totti, o lendário camisa 10, maior artilheiro com 307 gols feitos de 1993 até 2017, e também jogador com mais partidas, 786. O outro, trata-se de Daniele De Rossi, grande símbolo dentro e fora de campo do que é ser um Gialorosso. Jogador de marcação forte e grande ímpeto defensivo, disputou mais de 600 partidas no período de 2001 a 2019.

Totti e De Rossi na despedida do eterno camisa 10 Giallorosso — Foto: Silvia Lore/Getty Images

Para o jornalista e comentarista dos canais ESPN no Brasil, Gian Oddi, que também é torcedor da Roma, clube que começou a acompanhar por volta dos anos 1980 e 1990, faltou empatia e carinho com esses atletas.

“(…)Não sei se não foi um equívoco colocar o Totti em um cargo ao qual ele talvez não estivesse preparado, e gerar uma expectativa que talvez não devesse existir. (…)Você tem que saber onde está colocando ele, tratar ele como o símbolo, a maior marca da Roma pelo mundo. (…)Me parece que o De Rossi tem um maior preparo para ocupar cargo de Diretor Técnico dentro da Roma do que o Totti.(…) Agora, independente dele ter ou não essa condição [de ocupar o cargo], as coisas foram muito mal conduzidas (…)”, destaca Gian Oddi.

Em abril de 2017, Palotta tentou dar novos rumos na direção da Roma. Contratou para o cargo de Diretor Esportivo o ex-goleiro Ramón Rodriguez Vardejo, mais conhecido como Monchi. Ocupando o mesmo cargo no Sevilla, o espanhol foi peça fundamental para a construção de um clube que, até 2017, conquistou em cinco oportunidades a Uefa Europa League — retornou nesta temporada ao clube da Andaluzia e levantou a sexta taça da competição.

Na Itália, Monchi foi o responsável por garimpar alguns jovens promissores para o elenco, ocupando um cargo de “superstar” dentro da diretoria. Nomes como Rudiger, Emerson Palmieri, Paredes, Gerson, Grenier, Salah, Karsdorp, Lorenzo Pelegrini, Cengiz Under e Patrick Schick tiveram, de alguma forma, o espanhol envolvido em suas contratações.

Monchi, ex-diretor esportivo da Roma — Foto: Roma/Divulgação

A relação entre Monchi e Palotta não gerou nenhum grande feito a não ser a classificação sobre o Barcelona nas quartas de finais da Champions League de 2017/18. Após perder o primeiro jogo por 4 a 1 no Camp Nou, os Giallorossos venceram por 3 a 0 na capital italiana. Contudo, nas semifinais, não conseguiram derrotar o Liverpool, o placar agregado ficou em 7 a 6 para os ingleses. Monchi deixou o cargo após a eliminação. Gian Oddi, falou sobre a saída.

“Não tiro em nada a responsabilidade do Monchi, que chegou ali como um superstar, cheio de moral e tudo mais e no fim das contas o trabalho dele não foi nada bom. (…)Tem uma lista grande de jogadores que ele contratou e no fim não deram em nada (…)”, afirma.

De 2012 até 2019, a Roma conseguiu terminar duas vezes em segundo lugar na Série A, ambas sob o comando do treinador Rudi Garcia — atualmente no Lyon. A primeira foi em 2013/14, quando conseguiu somar 85 pontos em 38 rodadas, foram 26 vitórias e sete empates, contudo, ficou 17 pontos atrás da campeã Juventus. Na temporada seguinte, somou 70 pontos com 19 vitórias e 13 empates, ficando os mesmos 17 pontos atrás da Juventus.

Na temporada 2019/20, que se encerrou em 2 de agosto, a Roma teve seu pior desempenho desde 2012/13 com Palotta como presidente. Em 38 rodadas, somou 70 pontos, os mesmo do vice-campeonato de 2014/15, porém, desta vez, ficou na quinta colocação, garantindo vaga na Uefa Europa League.

Em 17 de agosto, o perfil oficial do clube no Twitter anunciou de forma oficial a venda. Assim como quando Palotta chegou em 2012, grandes expectativas giram em torno da chegada de um novo mandatário. Contudo, Gian Oddi lembra que nesse primeiro momento não devem ter grandes contratações.

“(…) A Roma não jogou a última Champions League, a Roma não está nessa Champions League, com isso você perde muito dinheiro. Teve a questão da pandemia que também mexeu no bolso (…). Não me parece que essa primeira temporada vai ser de grandes investimentos (…)”, ponderou.

Até o momento, a Roma contratou o atacante Pedro, ex-Chelsea e Barcelona, que chegou sem custos após o término de contrato com os ingleses. Além de Carlos Pérez, jovem de 22 anos do Barcelona, por 11 milhões de euros. Chris Smalling, zagueiro que esteve emprestado pelo Manchester United na última temporada, é outro que pode retornar, agora em definitivo, para o clube da capital italiana. Porém, a grande contratação seria segurar o promissor meio-campista Nicolò Zaniolo, de 21 anos, e que já vem sendo convocado para a Seleção Italiana.

Para o torcedor Giallorosso, fica a expectativa de temporadas melhores. Se não conquistar o scudetto de início, ao menos brigar por posições melhores e bater de frente da Copa da Itália e na Europa League.

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