O Metaverso é muito mais do que parece ser

Mia Diniz
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4 min readDec 10, 2021

Para “existir” na internet é imprescindível acumular uma coleção de contas, aplicativos e perfis de usuário. Das redes sociais ao internet banking, nós respiramos a conectividade que a internet possibilita e espelhamos a nossa identidade em cada plataforma. Imagine agora um futuro onde todas essas contas e aplicativos possam estar integrados em um espaço online compartilhado e interoperável. Esse é o objetivo do metaverso.

Esse não é um conceito novo. A ideia de uma experiência integrada data desde o nascimento da internet, mas só agora temos todas as ferramentas e tecnologias em mãos para trazê-la à realidade. Se a integração da World Wide Web em um único espaço virtual parece ter saído de um livro de ficção científica é porque de fato foi. O termo “metaverso” — e por coincidência, ou não, “avatar” — foi popularizado por Nevasca de Neal Stephenson onde os personagens interagiam em um espaço virtual 3D, não apenas como um jogo mas como uma extensão da vida “real”.

Afinal o que é o metaverso e por que você deveria se importar?

O metaverso está a caminho de ser a grande junção das tecnologias que hoje nos permitem interagir pela internet. Desde as plataformas básicas de comunicação, como email, até os mais avançados periféricos, como óculos VR. Podemos dizer que ele irá expandir nossa noção de realidade ao mesmo tempo em que simplifica e integra nossas interações online. A palavra em si tem raiz no grego metá que significa “ além de “ e este é um conceito importante de se ter em mente.

Vai ser um jogo?

O termo leva muitos a imaginar algo similar a jogos como Fortnite e Second Life — para os veteranos da internet — ou as representações cinematográficas de Ready Player One e Free Guy. O metaverso pretende quebrar as barreiras geográficas através de um espaço virtual, assim como esses exemplos. Apesar dessa semelhança ele não será limitado ao entretenimento.

Então é trabalho?

Depois de tantos meses de adaptação forçada ao trabalho remoto não julgamos o receio disso trazer o escritório ainda mais para dentro das nossas casas. Mas, o metaverso oferece a possibilidade de um ambiente virtual com o objetivo de aproximar aquilo que o home office afastou, a interação entre os que trabalham de maneira remota para o ambiente presencial.

Vai ser mais uma rede social?

O contexto social é um atributo importante do metaverso, assim como é nas nossas vidas “reais”. Muito além de uma simples rede para compartilhar interesses e conectar com pessoas, o metaverso está buscando tornar-se uma continuidade das interações que temos no dia a dia.

Vamos misturar trabalho, entretenimento e vida social?

Não.

O seu chefe não vai entrar no lobby do seu jogo favorito para te cobrar aquela planilha. Nem sua avó poderá comentar emojis nos seus updates de trabalho. O que vai mudar é a possibilidade de uma experiência mais fluida entre as interações online, que já fazem parte da sua vida, e o mundo offline.

O acesso à internet no celular já nos possibilita navegar o mundo offline com mais facilidade. Você pode pedir uma recomendação de restaurante aos seus amigos de onde quer que esteja, e logo em seguida buscar direções de como chegar até ele. Isso é apenas a ponta do iceberg do que a conectividade tem a oferecer.

Hoje as plataformas online funcionam de maneira isolada. Para mandar um email você precisa de uma conta, para mandar mensagens você precisa de um app, para jogar videogames você cria um avatar, mas nenhum deles conversam entre si. Apesar da possibilidade de fazer o login em alguns sites a partir de uma conta externa existente, ainda sim é exigido criar um novo perfil repetindo suas informações e preferências. Seria muito mais simples poder fluir entre todos os momentos em que usamos a internet no dia a dia sem as constantes transições entre os perfis de usuário.

Agora imagine ir ao shopping e cada uma das marcas permitir apenas a entrada de membros, lidar em moedas proprietárias e sempre que você fizer uma compra só poder usá-la dentro da loja. Não há lógica nesse modelo, né? Mas é isso que acontece com itens virtuais.

Atualmente a aplicação mais conhecida destes itens se encontra nos jogos, mas já vemos grandes marcas como a Nike começarem a apostar em produtos virtuais. Isso será possível através de NFTs que são registros digitais usados para provar a autenticidade de um bem. Vale ressaltar que NFT — token não-fungível — não é o item em si, mas sim o registro atrelado a ele. Este termo é muito usado em relação a criptoarte — arte digital com um token provando sua autenticidade e propriedade.

A criptoarte está aos poucos preenchendo a lacuna entre o virtual e o real à medida que artistas estão experimentando a nova tecnologia. Ao mesmo tempo em que elas são nativas do ambiente virtual e podem ser aplicadas de infinitas maneiras do metaverso, também podem ser exibidas na sala da sua casa ou projetadas em um evento.

No final das contas, o metaverso não está preso ao mundo etéreo da internet. Ele vem com o objetivo de enriquecer o mundo “real” gerando um novo nível de integração com as tecnologias que fazem parte das nossas vidas. Ainda há um longo caminho a percorrer entre capacidade computacional e desenvolvimento de softwares, mas estamos presenciando o nascimento de uma nova tecnologia com o privilégio de poder fazer parte da sua criação.

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Escrito originalmente para tropix.io — 2021

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