Metamodelo de linguagem

Michel Luca
Michel Luca
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8 min readNov 1, 2019

Uma ferramenta da PNL para comunicação assertiva

Uma, duas, três horas de um papo fantástico com um grande amigo(a)! Que sensação maravilhosa. Ter alguém que te ouça, realce seus valores e te motive é sinônimo de alegria!

Uma, duas, três horas de deliberações frenéticas, em meio a uma reunião que parece eterna. A sensação é de angústia, e a percepção é de que nada está de fato sendo resolvido.

Duas situações comuns, dois sentimentos opostos e apreciações diferentes! Ambas envolvem comunicação, exposição de ideias e muita escuta. Por que será, que em alguns contextos a comunicação parece fluir de forma tão assertiva e prazerosa, já em outros, a coisa se arrasta é dolorida e vazia de significado?

“As pessoas tomam as palavras que você lhes oferece e as relacionam à sua própria experiência pessoal” Richard Bandler

Comunicação é a forma de relação com o mundo externo, e é também o fundamento de nosso experiência pessoal (mundo interior). Essa construção é individual e intransferível (não posso fazer sua, a minha lembrança).

Quando nos colocamos à comunicar com o outro, oferecemos uma narrativa de acordo com nossa experiência e interpretação, que será, por sua vez, interpretada por este, a partir de sua referência individual, ou seja, sua própria experiência.

“Cada pessoa reage de acordo com a sua percepção da realidade.” Um dos pressupostos da PNL

Comunicar de forma assertiva (o que se refere à fala e a escuta), você com você mesmo; e você com o outro, ganha importância fundamental, quando se percebe que isso significa agregar potencial para o êxito e prazer na comunicação. Por sua vez, comunicar com assertividade, segundo o metamodelo de linguagem, é reconstruir os elementos da experiência pessoal, que estão ausentes na comunicação. Já que não é possível a experiência direta da vivência, o metamodelo se vale de um conjunto de técnicas que busca aproximar a narrativa, do que foi realmente experimentado. Sem essa aproximação, o risco é a confusão e o esvaziamento do significado.

Se digo apenas que: “estou completamente feliz”! Mesmo sem intenção, pressuponho que você sabe a razão, pois ao comunicar eu omiti esta.

Posso estar feliz por apreciar o ato de compartilhar o que conheço, por estar bebendo um café delicioso ou a razão pode ainda não estar clara nem a mim mesmo.

“A comunicação não é só a mensagem que pretende passar mas também a resposta que obtém.” Um dos pressupostos da PNL.

E foi justamente para a assertividade na comunicação, que Richard Bandler e John Grinder, criadores da Programação Neurolinguística, alicerçaram o Metamodelo de Linguagem. Este nasce do estudo da forma de atuar de dois psicoterapeutas: Fritz Perls e Virginia Satir. Ao estudá-los, os criadores da PNL perceberam que eles faziam perguntas de tal forma, que seus pacientes se viam impelidos a tornar singular o que foi generalizado, buscar informações ausentes e elucidar conexões profundas! Notaram também que, essas “perguntinhas”, tinham a capacidade de conduzir a um exame profundo da vivência, e obtinham respostas qualitativamente enriquecidas. Uma vez que os elementos ausentes e necessários ao entendimento, através destas, se tornavam presentes.

Já alicerçado, o Metamodelo de linguagem se tornou um conjunto de perguntas estruturadas em três categorias (entendidas como filtros da realidade): Generalização, Omissão e Distorção. Cada categoria, por sua vez, possui itens específicos, que nomeiam falas e propõe perguntas “elucidativas” a serem feitas ao seu interlocutor, ou a você mesmo (em seu diálogo interno).
De forma prática, então, o metamodelo de linguagem é um conjunto de perguntas específicas.

Se digo apenas que: “estou completamente feliz”! Cabe a pergunta: “especificamente com o que você está feliz?”

É importante ressaltar, que essas três categorias fazem parte do processo de: “aprendizado, interiorização e criação ou projeção da experiência”. Por isso, não se trata de um fato negativo nem positivo e sim de ônus e bônus.

A Generalização como parte do processo de aprendizado (é dada por máximas como: os objetos sempre caem em direção ao centro da terra). A Omissão por sua vez é essencial para capacidade de síntese, sem a qual, este texto alcançaria algumas horas de leitura. Já a Distorção é a base da criatividade e da inovação, é o que nos torna capazes de extrapolar o que existe e inventar algo novo.

Até aqui falamos sobre o porquê e o como se estruturou o metamodelo de linguagem, e isso nos deu a possibilidade de caminhar para o que é de fato! Segue abaixo o Metamodelo de Linguagem. Cada item tem seu nome (pode variar de acordo com a literatura de referência), descrição, exemplos de fala e pergunta “desafio” ao mesmo:

Generalização

Toma-se um evento particular, como verdade absoluta e geral. Aqui a pergunta tem o objetivo de trazer a singularidade, ou consequência do evento tomado como regra (as expressões que seguem a descrição dos tipos, são pistas vocais do que se trata):

  • Operador Modal de Necessidade: Tenta estabelecer regra e crenças limitadoras: Não devo, tenho que, é preciso, sou obrigado…

Você deveria me ouvir quando digo isto! O que aconteceria se eu não ouvisse?
Devo
ser gentil com as pessoas. O que pode acontecer se você não for gentil?
É preciso se esforçar para ter sucesso. De que forma especificamente o esforço está ligado ao sucesso?

  • Operador Modal de possibilidade: Tenta estabelecer limite sobre o que é possível: Não posso, não consigo, posso! …

Sou assim não posso mudar. O que te impede de mudar?
É impossível sentir-se confortável. O que te impede de se sentir confortável?
É possível entregar o projeto na data. O que torna isto possível?

  • Quantificador Universal: Generalizadores por natureza: Sempre, Nunca, Jamais, nenhum, ninguém, todos

Ninguém me entende. Quem, especificamente não te entende?
Os homens são uns cafajestes. TODOS (ressalta-se a generalização) os homens? Já encontrou algum que não o fosse?
Tudo
é entregue fora do prazo. O que exatamente foi entregue fora do prazo?

Omissão

Informações importantes para o entendimento são omitidas. Aqui a pergunta tem como foco emergir elementos ausentes (por se tratar de omissão, não há pista vocal):

  • Omissão Simples: Algo importante é omitido da sentença.

Estou surpreso! Com o que, especificamente?
Eu não gosto dela. O que especificamente você não gosta nela?
Estou completamente feliz. O que aconteceu, que te deixou feliz?

  • Sujeito não específico: Algo está acontecendo ou sendo feito, sem que alguém o esteja fazendo.

Estão me perseguindo! Quem especificamente está te perseguindo?
Aquele aplicativo é horrível. Que aplicativo especificamente é horrível?
A coisa tem que ser desse jeito. O que especificamente tem que ser desse jeito? (ou que pode acontecer)?

  • Verbo não específico: Não demonstra exatamente como algo aconteceu, ou como se chegou a determinada conclusão.

Ele me agrediu! De que maneira ele te agrediu?
Meu vizinho me assusta. Como (o como pode ser usado com frequência) especificamente ele te assusta?
Essa equipe me dá orgulho. De que maneira (o que faz) especificamente, ela te da orgulho?

  • Comparação: O objeto tomado como referência, esta ausente. A dica, são adjetivos implícitos: Pior, melhor, fácil, bom, ruim…

Este aplicativo é horrível! Comparado com qual?
Eu não sou bom o suficiente. Comparado com quem?
Aquela pessoa é muito chata (ou legal). Comparada com quem?

  • Julgamentos: Similar a comparação. Expressa uma opinião que omite o autor e o padrão aplicado. Geralmente (mas não necessariamente) acompanha o radical: mente.

Obviamente isto esta certo! Para quem isto esta certo? Com base em qual padrão?
Isto não é suficientemente bom. Quem disse isso, comparado com o que?
Você é irresponsável (não tem o mente, mas se enquadra). Quem disse isso? Sob qual referência?

Distorção

Informações são correlacionadas de forma distante. Fantasia e criação sobre a relação de causa e efeito. A pergunta tem como foco expor o pressuposto tomado como base.

  • Substantivação: Se usa um verbo, que designa uma ação ou processo, como substantivo. O que aconteceu?

Minha relação com meu gerente me deixa triste! De que maneira ela te deixa triste?
Minha comunicação é péssima. Como você gostaria de se comunicar?
A felicidade é o mais importante. Quem está feliz e de que maneira
especificamente?

  • Equivalência Complexa: Duas situações externas, completamente diferentes, são colocadas em uma relação delirante.

Ela esta sempre gritando comigo, ela me odeia! Você já gritou com alguém que você não odeia?
Ele não me cumprimentou, não gosta de mim. Toda vez que você não cumprimenta alguém, significa que não gosta da pessoa?
Quando me livrar dos problemas, posso ajudar. Alguma vez já ajudou, mesmo com problemas?

  • Pressuposição: Distorção básica. A pessoa que fala supõe uma verdade. Este metamodelo é o que comumente conhecemos como preconceito.

Você não vai contar outra mentira, vai? Quando contei mentiras antes?
Por que você é tão incompetente? O que te leva a crer que sou?
Aquela pessoa é intragável! Como você chegou nessa conclusão?

  • Causa e efeito: Duas situações distintas são interligadas. X é causa de Y.

Eu sei que você me ama quando sorri pra mim. Como o meu sorriso te faz, se sentir amado?
A voz dele me aborrece. Como exatamente a voz dele te aborrece?
Eu sei que as pessoas gostam de mim, quando me cumprimentam! Como exatamente o cumprimento, faz você saber que gostam de você?

  • Execução perdida: Se trata de uma afirmação tida como verdade, cuja autoridade está ausente.

Usar x tecnologia é o que mais agrega qualidade. Quem disse isso? Como você sabe disso?
Somente a fé produz sentimento verdadeiro. Como você sabe disso?
É egoísta pensar nos próprios sentimentos. Egoísta para quem? Quem disse isso?

Metamodelo de linguagem é uma das ferramentas mais fascinantes que tive a oportunidade de conhecer.
É simples, flexível e ao mesmo tempo profundo. Sua qualidade não está associada só a manutenção das relações interpessoais, mas a intrapessoal também. Pensar e comunicar agora, ganham a possibilidade de serem diferentes.

E se este é o primeiro artigo que lê sobre PNL, quero de te desejar um:

“Seja muito bem vind@!”😉

“Não existe fracasso, apenas feedback!” Um dos pressupostos da PNL.

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Muitíssimo obrigado por ler 🤗

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Michel Luca
Michel Luca

Desenvolvimento Pessoal, Desenvolvimento de Software e Inspirações. Acredito que o mundo ideal, se constrói, quando compartilhamos o saber!