A REVOLTA DOS DECIBÉIS

Acordei em coma. No esplendor da primavera possível no território do limbo existencial. Em cadências quebradas, claudicantes, o golem se move com os nomes de Deus dissolvendo-se na saliva enquanto a melodia voa leve e livre e dança entre as nuvens e os raios de sol filtrados como pelos vitrais de uma catedral, lá onde o amor mantém unidos os estilhaços do universo. Entre os pedaços, o jogo de espelhos em que as identidades se confundem nas fronteiras tênues entre o eu e o tu.

Brisa Nórdica é um périplo em seis canções. Seis lapsos entre a agonia e a felicidade no jogo de quimeras e alegorias, um tiro no vazio que traz de volta à vida a nota perdida, o compasso extinto, o instinto natural excluído pelo abuso comercial das palavras e sabores ao ponto do embotamento. O álbum é um um convite ao uso dos sentidos para além das amarras do gosto e o compromisso artesão da dedicação laboriosa a cada nota.

Quer sentir? Ouça.

Joniel Franco da Silva para o Microphonia.