BANDA DESENHADA

Entrevista com Paulo Metello

André Lissonger
Microphonia
Published in
24 min readAug 7, 2020

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Rio de Janeiro/RJ — Salvador/BA, 2020

Paulo Metello (material de divulgação do álbum “Liquid Sky”). Imagem: KK Reis

Essa entrevista foi realizada entre os meses de junho e agosto do ano de 2020, no período de quarentena forçada devido à pandemia do Covid-19. A logística da comunicação aconteceu por etapas, através de emails e messenger, em um clima bastante agradável.

Paulo Metello é designer, músico e compositor, tendo participado de bandas como Medellin, Cactus Cream, NomeDeFilme e atualmente segue com carreira solo. Além disso é um grande amigo de adolescência — dos tempos das primeiras descobertas musicais — o que permitiu uma atmosfera saudosista, auto biográfica, e reveladora de uma cena musical e artística profícua, como o leitor poderá notar.

(…)

André Lissonger: Gostaria de falar um pouco sobre suas origens?

Paulo Metello: Fala meu amigo André! Quanto tempo hein, cara!!? Ao mesmo tempo parece que foi ontem! Foi complicado lembrar os detalhes e não me deixar levar pela memória seletiva (risos).

Bom, nasci na capital do Rio de Janeiro, filho de Paulo Metello de Oliveira (engenheiro) e Eloiza Norma Ferreira Metello de Oliveira (professora). Minha avó paterna Valentina era de origem, de um lado russa (Ryazantseva) e do outro, italiana (Metello). Por parte de mãe, minha avó Olga tem um lado alemão (Leppans) e tem todo o lado brasileiro/português (Ferreira/Oliveira ) da família também. Uma mistura total, como costuma acontecer aqui no Brasil.

Meu pai sempre gostou muito de música. Na juventude costumava andar com o pessoal da música e acompanhava uma banda que incluía em sua formação Eumir Deodato e Hugo Marotta, que viriam a ser nomes internacionalmente importantes na música anos depois.

Minha mãe tinha uma relação próxima com a música também, chegando a compor algumas canções no violão em sua juventude nas férias na Ilha de Paquetá/RJ. Assim como minha avó paterna Valentina, que tinha um ótimo conhecimento musical e tocava muito bem piano. E meu avô Ferreira também tocava bem violão e cantava.

Logo, eu, meu pai e minha mãe, fomos morar em Volta Redonda/RJ. Pois meu pai foi trabalhar na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) nos idos dos anos 70.

Poucos anos depois minha irmã Fernanda Metello nasce no Rio. Hoje ela é arquiteta e trabalha também com arte e música¹.

Depois de alguns anos em Volta Redonda voltamos para o Rio e fui morar no Leblon, próximo a sede do Clube de Regatas do Flamengo. Meu pai costumava ouvir seus discos às alturas no seu amplificador Kenwood turbinado, depois de encomendar alguns discos na icônica loja Modern Sound ² em Copacabana.

Loja de discos Modern Sound, em Copacabana (Rio de Janeiro/RJ).

A lista era variada e ia de Bob Marley aos clássicos da Disco Music e Funk americano (Bee Gees, Chic, Stevie Wonder, ELO…), passando pelo pop rock da época. No lado Rock, tinha uma K-7 do Santana que sempre rolava e algumas outras coisas afins.

O disco do Rock in Rio 85, com vários nomes (Scorpions, B-52s, Queen, White Snake, Rod Setwart…), seria muito escutado por lá alguns anos depois.

Tudo muito dançante, melódico e dando predileção aos graves do baixo, instrumento que me chamou a atenção logo de cara e viria a ser minha introdução no universo da música tocada. Nessa época, dividia o tempo entre estudar, jogar bola no clube e o interesse crescente pela musica, conhecendo nesse período, os primeiros amigos que dividiam os mesmos interesses na vida.

Em meados dos 80's fomos morar em Salvador/BA devido a uma oportunidade de meu pai trabalhar no Polo Petroquímico de Camaçari/BA, nos arredores da capital. Nesse momento conheci a nossa turma do Edifício Módulo ³ que foi bem importante, entre outras coisas, para a iniciação do meu lado punk / pós-punk.

AL: Lembro que a nossa turma de futebol, em Salvador/BA, resolveu sair da rotina e acabou comprando uns discos. É fácil encontrar, no seu gosto musical e nas suas influências, aqueles álbuns e audições do pós-punk inglês. Como foi isso? Você vê algum tipo de significado ou importância naquelas primeiras descobertas?

PM: Com certeza, André!!! Aquelas garimpagens nas lojas e descobertas musicais foram fundamentais para formatar minhas influências. Todos aqueles álbuns que pipocavam no momento: Jesus And Mary Chain, Cocteau Twins, The Smiths, Echo And The Bunnymen, Siouxsie And The Banshees, Cure, The Cult, Damned, U2, Ira, Violeta de Outono, Mercenárias, Legião Urbana, Cólera entre outros. A revista Bizz.que apresentava as novidades também foi uma importante referência.

Além de contar com outras fontes de inspiração musical em outros estilos, esses clássicos do pós-punk britânico sempre conservaram muita relevância para mim no decorrer do tempo. Eles fazem parte fundamental das influências que permeiam meu trabalho e ando ouvindo muito, de novo, esse tipo de som, tanto os antigos quanto os representantes mais atuais do estilo.

Hoje, lembrando, vejo como eram legais aquelas aventuras pelas lojas de discos em busca das bandas que começavam a chegar ao Brasil, numa espécie de revolução musical.

Era aquele ritual de comprar, escolher uma casa, geralmente no Módulo, e fazer uma audição concentrada e eufórica da novidade adquirida. Eu lembro também do procedimento de gravação de fitas para os que não tinham comprado o álbum ainda e queriam ter o prazer de ouvir em casa.

Havia também aquelas idas à casa do Guta , que era músico e tinha conexões com as bandas de Brasília e São Paulo. Acho que isso teve influência também sobre nossa turma, com os papos e audições de raridades na casa dele.

Sempre havia também aquelas reflexões sobre os sons preferidos e qual seria a próxima banda a ser dissecada, entre outras elucubrações juvenis (garotas, som, futebol, futuro…), nos intervalos entre as partidas de futebol ou em eventuais incursões etílicas pela noite adentro.

Você apresentou muitos sons legais pra gente também no seu ap. Lembro muito de alguns discos do Led Zeppelin, e raridades das bandas de Brasília entre outras coisas.

Lembro bastante da turma se reunindo (tipo gangue) e partindo pros shows que aportavam na cidade. Alguns foram bem importantes e impactantes…

O do Ira! foi demais, os caras chegando pelo meio do público do Circo Troca de Segredos (uma espécie de Circo Voador mais punk), com aquele figurino totalmente mod e detonando um showzaço.

A volta a pé, com todos empolgados com aquela vibe que faz você ver as coisas de outra forma depois de um grande show, era demais.

Presenciamos outras apresentações muito legais como a do Legião Urbana, Camisa de Vênus entre outros.

Tinha também o Utopia, né? Sua banda, que tinha uma vibe pós-punk e que cheguei a presenciar alguns ensaios ótimos.

AL: Em que época retorna para morar no Rio de Janeiro? Como acontece seu caminho inicial como músico?

PM: Eu voltei pro Rio por volta de 1987. O legal é que, nessa época, estavam fervilhando shows de bandas gringas do pós-punk no Rio. Consegui ver shows memoráveis do Echo And The Bunnymen, Cure, The Fall, Nick Cave & The Bad Seeds, Jesus And Mary Chain entre outros no decorrer dos primeiros anos da volta.

O show do Echo foi um dos melhores que fui na vida. Foi impressionante, aquele começo com cantos gregorianos e eles entrando no palco por entre a fumaça. Muito cool mesmo! Isso deixou marcas profundas no adolescente que eu era na época e que perduram até hoje.

O primeiro show do Echo and The Bunnymen, no Canecão (Rio de janeiro/RJ), em 1987. À esquerda, imagem extraída do site Ronca Ronca, de Maurício Valadares. À direita, capa do bootleg Live In Rio 87.

O show foi icônico, com a banda dando o seu melhor. Através de execuções impecáveis de seus clássicos, misturados a covers de Doors, Stones, Velvet, James Brown, entre outros. A banda voltou muitas vezes ao palco e pareciam cada vez mais insanos e geniais no decorrer do show. Uma apresentação simplesmente inesquecível e que eu tive a sorte de presenciar.

Aquilo foi mágico e teve grande impacto na minha intenção de montar uma banda em algum momento. Minha irmã também curtia esse tipo de som e foi em alguns desses shows comigo e sessões de vídeos de rock na Casa de Cultura Laura Alvin em Ipanema, onde passavam raridades do pó-punk entre outras coisas.

Havia muitos shows das bandas nacionais também e conferi várias no Canecão em Botafogo e no Teatro Ipanema. Violeta de Outono, DeFalla, Plebe Rude, Capital Inicial, Picassos Falsos, Último Número, entre outras tantas que pude conferi r— todas em grande fase e em suas melhores formações.

Existia também a Rádio Fluminense FM, que apresentava muita novidade bacana do rock mais alternativo. Eu gravei muitas fitas legais direto da programação da rádio.

Algum tempo depois de voltar a morar no Rio, comecei a me aprofundar nas bandas do pós-punk que eu gostava e em suas influências (David Bowie, Velvet Underground, The Doors, Stooges…). Eu ia à Modern Sound e gastava quase a mesada toda em discos variados. Lembro-me de ter comprado um vinil importado maravilhoso do Closer do Joy Division e ouvido praticamente até furar. Aquele lugar era o paraíso da música e você poderia encontrar quase tudo de todos os estilos.

Nesse período, comecei também a tentar tocar algum instrumento. Lembro-me de estar na casa do meu avô Ferreira, que gostava de tocar um violão nas horas vagas, e eu ficar dedilhando seu violão sem muita direção ou propósito, tentando entender aquele universo.

Certo dia, consegui tirar a música Hope do álbum Burning From The Inside do Bauhaus, disco que meu pai trouxe de Paris numa viagem a trabalho, junto com o October do U2 e alguns outros discos inspiradores. Aquilo foi o estopim para eu ter a vontade de tocar um instrumento propriamente, uma espécie de epifania.

No decorrer do tempo fui revendo os antigos amigos do prédio e um deles tocava bem violão e gostava muito de música de uma forma geral, o Francisco Pires também conhecido como Kinho. Ele adorava Pink Floyd, Sex Pistols e Clube da Esquina ao mesmo tempo e vinha mostrando muito interesse nas bandas que eu estava ouvindo.

Em algum momento consegui comprar um baixo simples, um instrumento de qualidade questionável, mas que me ajudou na época a tirar algumas músicas. Descobri então que eu tinha um bom ouvido e comecei a acompanhar os discos, tocando em uma caixa de som improvisada que teimava em estourar de vez em quando.

À medida que eu tentava evoluir no instrumento, começava a cogitar a possibilidade de chamar mais alguém para fazer um som.

O Francisco, que morava no andar de cima, foi a pessoa mais indicada. Em algum momento combinamos de tirar umas músicas e começamos a tocar baixo e guitarra.

Lembro que em pouco tempo tirarmos algumas coisas do The Cult e U2. Um certo dia, percebemos que uma garotinha na janela vizinha aplaudiu nossos esforços iniciais.

A família, em geral, apoiava bem meus avanços na música, mas sempre rolava aquele receio das incertezas e instabilidades do meio artístico.

Nessa época, acho que em 1989, fiz vestibular para engenharia na PUC-RJ. Passei e comecei a cursar o básico e percebi que não era a minha turma, que não era o tipo de coisa que se adequava com meu lado mais artístico ligado ao desenho, embora gostasse também de algumas matérias da área das Exatas.

Em 1991 passaria para UFRJ — Belas Artes na Ilha do Fundão para cursar Desenho Industrial e Programação Visual.

De qualquer forma, foi lá na engenharia da PUC que conheci o Fábio Teixeira, que era um baterista e estava procurando uma banda pra tocar. Em pouco tempo já estávamos ensaiando na casa dele e começando a formar um repertório de covers e composições próprias no formato de trio clássico (vocal / guitarra, baixo e bateria). Depois de um tempo ensaiando em casa e aturando as reclamações dos vizinhos, partimos para os primeiros ensaios em um estúdio. Nessa altura quem cantava era o Francisco, que tinha mais experiência. Tivemos o Renato e a Marcele também como vocalistas em momentos distintos da banda.

No início dos anos noventa fizemos os primeiros shows, ainda procurando evoluir no repertório. Com shows pequenos em Paulo de Frontin/RJ e Miguel Pereira/RJ (cidades com clima frio no estado do Rio), já com o nome de Medellin. Esse nome que achávamos causar impacto nos levou a algumas situações peculiares.

Medellin nos anos 90, show na cidades de Miguel Pereira abrindo para a banda Bull e Bill & Cabras e Bodes. “(…) que já foi banda de apoio do Raul Seixas em algum momento (…)” PM.

Uma vez fomos parados em uma blitz, com o carro cheio de instrumentos, e o guarda perguntou o nome da banda. Nesse momento, todos se tocaram e falaram na mesma hora que a banda não tinha nome ainda.

Existia também o sítio do Francisco em Miguel Pereira/RJ, que serviu de laboratório de muitas ideias musicais, com os ensaios frequentes que fazíamos na garagem da casa, durante os finais de semana e férias.

Foi uma loucura o primeiro show em Paulo de Frontin, tocamos 25 músicas, uma insanidade para um primeiro show, com direito a garçom passando na frente enquanto tocávamos e muito nervosismo de iniciante.

Metade do repertório era de covers de Cult, Cure, REM, Echo entre outros e a outra metade de músicas próprias. “Relógio”; “Quem é você?”, “Extremos…” eram algumas dessas nossas composições embrionárias.

Parece que não foi tão ruim, pois alguns elogiaram a performance.

Nosso amigo de infância, Carlos Eduardo, fazia o papel de empresário muitas vezes. Ele morava no mesmo andar que o meu e também gostava muito de rock, chegou a agendar alguns bons shows pra gente nessa fase inicial. Esse período como Medellin foi o princípio do que viria a ser num futuro próximo o Cactus Cream.

Cactus Cream

AL: O que o levou à longa aventura Cactus Cream?

PM: Acho que a resposta desta pergunta está “lincada” com a anterior, de certa forma.

Já como Cactus Cream, começamos a ensaiar no icônico Garage Art Cult, um estúdio barato e muito peculiar, que depois viria a se tornar a famosa casa de show Undergroung, localizado na Rua Ceará, perto da Praça da Bandeira.

Os donos do local começaram a transformar o espaço da grande casa em um local para as bandas tocarem e fomos umas das primeiras a tocar lá.

Algumas outras bandas tocavam lá também, como: Second Come, Dash, Skonks e até o Planet Hemp, que fez sua estreia em palcos, na mesma noite em que tocamos.

A banda Second Come chegou a nos convidar para um show no Espaço Retrô em São Paulo. Essa foi nossa primeira viagem pra tocar em outro estado e foi uma grande experiência.

Ensaiávamos também no Estúdio Groove em Santa Teresa, do baterista do Finis Africae, e produtor Ronaldo Pereira. Certa vez, ele produziu uma coletânea das bandas de vários estilos que ensaiavam por lá, lançando o material em fita cassete.

Já ali na sala do Estúdio Garage, que ficava em uma espécie de porão, comecei a experimentar uns vocais e vi que estava funcionando bem, com a ajuda de umas cervejas a mais. Ficou boa a dobra vocal com o Kinho e deu força no som.

Os ensaios seguiam bem e começamos a perceber uma evolução nas composições e na execução das músicas. Os ensaios sempre viravam uma diversão total no final, com todos já bem altos.

Nessa época, começamos a ouvir bastante rock alternativos norte americano como Pixies, Nirvana, Sonic Youth e o shoegaze britânico na linha do Ride, Slowdive e My Bloody Valentine, sem perder de vista o punk e pós-punk britânico.

O som ficou mais pesado e experimental de certa forma, mas manteve a ênfase na melodia.

Depois de algumas demos lançadas e dos shows iniciais, durante os anos 90, boa parte com o nome Medellin, a banda Cactus Cream lançou alguns discos de ótima projeção e boas crítica.

Cactus Cream

AL: Quais os principais trabalhos da Cactus Cream?

PM: Envelhecido Em Barris De Memória (2000, produção Jr. Tostoi e Victor Z), Elefante Be Bop (2003, produção Ricca Guimarães e Rogério Furtado), Pequena Sinfonia De Bolso (2005, produção Claudio Lyra), Disco Punk Drunk (2007), Dance Surreal Studio (2009) e Outra Amosfera (2010) foram alguns desses trabalhos.

Clipe da música “Antes e Depois”, exibido na MTV em 2005.

AL: Quais as músicas que considera mais relevantes? Porque?

PM: Em 2004, com lançamento do álbum Elefante Be Bop, produzido por Ricca Guimarães e lançado pelo selo Ettorerock de Marcelo Teófilo, produzimos o clipe (diretor Richard La Rosa) da música Antes e Depois que entrou na programação da MTV (2005) e rendeu mais visibilidade pra banda e por consequência, mais shows pelo Brasil. Também por conta disso fomos convidados e tocamos nos estúdios da MTV em São Paulo no (Programa Banda Antes Mtv).

Session “ Outra Atmosfera “ no Estúdio Túnel. Fotos: Sílvia D.

O álbum obteve também boas resenhas em revistas e sites especializados, sendo elogiado até mesmo pelo saudoso crítico, produtor, apresentador e figuraça Carlos Eduardo Miranda.

Nos anos seguintes, começamos e nos envolver mais com o lado da produção musical. Eu e o recém chegado na banda na época, Arthur Brasil, que além de ótimo músico, tinha um bom conhecimento nessa área, começamos a produzir boa parte dos discos. Com o tempo fui gostando também desta parte e procurei me aprofundar e aprimorar nas produções.

O CD Disco Punk Drunk teve algumas de suas músicas presentes na trilha sonora do DVD da animação Mega Powers (é uma série brasileira de Tokusatsu criada por Levi Luz, o mesmo criador dos Dogmons! e do Conta vovô, e produzida pela empresa carioca Intervalo Produções).

“Disco Punk” — álbum “Disco Punk Drunk”.

Foram anos de produção independente de um material variado, em que a identidade musical sempre se viu presente. Geralmente lançado por selos independentes ou pela própria banda.

Um box com os cds lançados, foi produzido nesse período também, tendo obtido um excelente retorno.

Box com os álbuns do Cactus Cream. Material de divulgação.

Com o tempo, fui fazendo a migração do baixo para a guitarra e violão, e em outras fases, assumindo somente o vocal da banda, como frontman.

Eu acredito que minhas composições foram evoluindo e amadurecendo com o tempo, alternando entre o português e o inglês dependendo do momento.

Cactus Cream — “Sempre Igual”.

AL: Você ressalta a importância de alguns produtores. Como foi trabalhar com o produtor Tom Capone?

PM: Entre os vários singles lançados durante esse tempo, Onde Penso Estar (1999) single produzido pelo saudoso, genial e ganhador do Latin Grammy Awards 2004, Tom Capone, foi feito de forma ocasional em um momento de folga dele. O resultado ficou bem legal e muito superior ao que vínhamos tentando fazer, mostrando todo seu talento diferenciado.

Acho que a presença de um produtor pode ser uma coisa boa ou muito ruim, dependendo do entendimento que esse tem do seu trabalho.

No geral tivemos produtores que contribuíram bem, sem interferir muito nas nossas idéias musicais. Na verdade sempre co-produzimos os discos, quando tínhamos um produtor formal.

O trabalho com o Tom Capone foi um pouco diferente do que vínhamos fazendo. Na verdade, ele pegou a música a noite, numa sobra de horário no estúdio AR na Barra (RJ). Ele fez umas modificações, equilibrou tudo, colocou efeitos bem escolhidos, fez a mágica e já encontramos tudo pronto no dia seguinte.

Essa oportunidade foi meio ao acaso pra gente, mas foi muito bom ter tido essa experiência com um produtor tão talentoso que valorizou o som desse single, que acabou entrando também, em uma das edições do nosso CD Envelhecido Em Barris De Memória.

Cactus Cream e Vulgue Tostoi com participação de Dado Villa-Lobos na Bunker 94 no final dos anos 90.

AL: A aventura do Cactus Cream terminou?

PM: Esse tempo de estrada do Cactus Cream, sempre com hiatos, excessos, brigas, amizades, conquistas, camaradagens, festas, viagens, mulheres, diversão, crises, produções, mudanças de formação, shows excelentes, shows catastróficos e/ou bombásticos, apresentações na TV, festivais, resenhas variadas e muito rock, foram tempos intensos e muito legais.

Altos e baixos que uma banda independente tem que, invariavelmente, se deparar no decorrer de sua carreira.

Por mais que tentássemos fazer as coisas de forma diferente, o clichê do rock sempre dava o ar da sua graça (ou desgraça, risos), de uma forma ou de outra, para o bem e para o mal. Mas o resultado final de todo esse processo foi muito positivo e produtivo.

Hoje, cogitamos a possibilidade de lançar uma caixa dos discos lançados pela banda, agora em vinil e uma eventual volta aos palcos no futuro.

AL: A Nome De Filme foi uma experiência juntamente ao Formiga (Planet Hemp), o Mario Mamede, além de outros músicos em 2012. Daí vocês soltaram o EP Sollar em 2013. Ainda existe material para ser lançado? Ou isso está encerrado?

PM: Sim, eu já conhecia e já tinha feitos shows com as bandas em que o Formiga tocava, incluindo o Planet Hemp, no Garage no início do Cactus Cream. Sempre combinávamos de fazer um som, montar uma banda e sempre trocando uma ideia sobre as bandas do pós-punk britânico.

Por volta de 2011 encontrei o Mario Mamede (Moptop) e Bernar Gomma (Beach Combers) e tivemos a ideia de montar uma banda. Em uma noite de shows no Circo Voador encontramos o Formiga e fizemos o convite, que foi aceito na hora.

Logo em seguida o Fabiano Santus (Splash) também entrou na banda com sua mesa espacial fechando assim, a formação do NomeDeFilme.

Nesse período também tive um grande baque na vida. Eu perdi a minha querida namorada Sílvia Droge para um câncer fulminante. Ela era uma grande companheira e até produziu e ajudou muito o Cactus Cream por um tempo, criando muitas oportunidades, tirando fotos, criando clipes e até mesmo nos contatos com as grandes gravadoras e rádios do exterior. Ela era uma grande jornalista e pesquisadora musical e me apresentou muito sons diferentes, além de ser uma talentosa compositora.

Foi uma época muito dura mesmo, uma das piores da minha vida, pois perdi também meu tio Raul e meu avô Ferreira mais ou menos no mesmo ano.

Esse foi o período que decidi dar um tempo no Cactus Cream, que ainda participou de um tributo à icônica banda indie Second Come com a música Gas Head, que saiu pelo selo Midsummer Madness. Foi bom relembrar a banda que dividimos palco na época do Garage e uma forma de homenagear o compositor, vocalista e guitarrista Fábio Leopoldino que havia falecido na época.

Com tudo isso fiquei bem arrasado e passei por um período muito difícil. Foi complicado tocar, ensaiar, trabalhar ou conviver com esse sofrimento extremo, eu nem lembro muito bem dessa época.

Acabei exagerando no álcool na época e os ensaios do NomeDeFilme eram verdadeiras festas de excessos variados, já que o resto da banda gostava de uma loucura etílico/musical.

Mas nem tudo era drama, a banda representava também um momento de alívio, celebração roqueira, criação artística e espaço para exercitar a paixão pela musica.

Show intenso do NomeDeFilme no Saloon 79 . Foto: KK Reis

Nessa época também conheci a minha atual companheira, a querida KK Reis. Ela foi um anjo que apareceu na hora certa, com seu carinho, amor, compreensão e bom humor num período tão caótico e complicado de superação. Foi um oásis em meio ao caos.

Ela depois se revelaria uma fotógrafa genial e muito versátil, que faria registros brilhantes tanto do NomeDeFilme, quanto da minha carreira solo.

O clipe do single Liquid Sky do meu solo faria mais tarde, referências a esses acontecimentos de forma abstrata e indireta.

A banda era bem criativa e talentosa, fizemos ótimos shows, canções e sons experimentais que gravávamos constantemente nos ensaios. Em alguns momentos também, as coisas fugiam do controle e ficavam um tanto estranhas. Muitos dos shows contavam com uma parte de improvisos, que tinha o potencial de virar uma combustão energética de pura entropia. Na verdade se tratava de um momento de músicas instantâneas, com letras e certa estrutura, que surgiam na hora e muitos não acreditavam que não tínhamos ensaiado elas, algo quase mediúnico, havia muita química na banda. O saldo geral era excelente, muito expressivo e rocker.

Gravamos algumas músicas no Estúdio 82 na Lapa. Uma parte saiu no EP Sollar em 2013, que acabou sendo um material de contato bem recebido no exterior (o Formiga levou alguns exemplares na tour do Planet Hemp Estados Unidos e Europa).

Gravamos também alguns ensaios no Estúdio Túnel em Copacabana, material esse, que depois de alguma edição era postado na internet.

Temos a intenção de lançar o disco completo com inéditas e regravações (estou até gravando novos vocais) e fazer shows de lançamento. Vamos ver como as coisas vão ficar.

AL: Como aconteceu a sua migração para a carreira solo? Aparentemente foi natural levando em conta o número de registros gravados e a continuidade da absorção estética, ganha com o tempo.

PM: Bom, eu vinha tocando com o NomeDeFilme e eventualmente, ensaiava com o Trailer também, um projeto paralelo e eletroacústico que eu comecei a fazer com o Formiga, uma espécie de desdobramento do NomeDeFilme. Os ensaios , regados a vinho, deram bons frutos e chegamos a gravar alguns sons bem interessantes, que viriam a ser o embrião do meu trabalho solo.

O tempo foi passando e o NomeDeFilme deu uma afastada devido a divergências musicais e estresses durante as gravações. Nesse meio tempo, comecei a compor mais e a me aprofundar no processo de produção musical.

Eu fiz alguns cursos online e comecei a produzir os primeiros singles em casa, tentando desenvolver o trabalho na prática também, com o material que eu tinha disponível. As experiências com as produções do Cactus Cream no passado, também ajudaram muito e fui seguindo em frente.

Com o decorrer do tempo, fui ganhando confiança pra levar adiante meu trabalho solo e comecei a produzi-lo de forma mais intensa.

Meu set de captação do som era simples, então procurei acertar as frequências e esquentar o som na mixagem e masterização, com o uso de compressores, equalizadores e efeitos artísticos no acabamento.

Em 2016 comecei a lançar os primeiros singles e fui procurando evoluir no processo e continuei lançando singles e obtendo boas respostas.

Playlist de Liquid Sky

AL: A sua versão de “Candleland” do Ian McCulloch obteve uma boa recepção do público e até do próprio autor. Ao ouvir o recém lançado álbum “Liquid Sky”, no qual esta versão está inclusa, é possível notar pelo menos três direções estéticas. A primeira, na mesma direção do trabalho solo de McCulloch… no caso de “Harrisong”, “Charlotte”, “Overlook Hotel”, “Chinatown”, “She Has An Endless Smile”, “White Light” e a própria faixa título. A segunda, na linha mais Joy Division e Bauhaus, como a exemplo de “This Night”. E a terceira, mais dançante, com uma busca mais próxima às camadas/texturas do Cactus Cream… nesse caso, “Mad Cat Skin”, “Sunset Boulevard” e “It’s Getting Kind Of Late”…

AL: Você acha assim? Que outras direções, possibilidades de leitura, aponta Liquid Sky?

PM: Sim, o trabalho solo do Ian e o próprio Echo & The Bunnymen estão muito presentes como influências que permeiam o álbum sim, além de uma gama de outras. Acho que de certa forma, eu peguei todas as influências, coloquei no liquidificador e procurei obter um resultado diferente e pessoal no final.

Algo que tivesse a minha cara, com alguma variação, porém mantendo a identidade estética geral.

O Fato de o empresário do Echo, o público e o próprio Ian terem gostado da versão de Candleland foi maravilhoso e me deu muito orgulho do trabalho. Essa ponte com o Ian McCulloch foi feito pela minha amiga Karen Johansen, administradora da página do Echo & The Byunnymen BR, que acabou ajudando muito no processo.

Eu acho que o álbum tem sim essas direções, você percebeu bem e elas permeiam todas as faixas de certa forma. Em alguns momentos (Chinatown, Mad Cat Skin..), onde aparecem sobras ruidosas e microfonias, acho que ele também se aproxima de expoentes mais barulhentos do rock, como Velvet Underground, Sonic Youth, Jesus & Mary Chain e afins.

Certamente This Night, como você bem disse, tem influências de Bauhaus e principalmente Joy Division. Inclusive, o produtor dos principais álbuns do Joy, Martin Hannett, foi uma das minhas maiores referências no que se refere à produção musical do álum e a busca de uma reverberação específica.

Paulo Metello — material de divulgação do álbum“Liquid Sky”. Foto: KK Reis

Algumas dobras vocais, melodias e atmosferas viajantes (Harrisong, She Has an Endless Smile…) remetem também ao shoegaze britânico e psicodelia. As partes mais dançantes (Mad Cat Skin, Sunset Boulevard…) se aproximam de um New Order.

Existem também momentos variados, em que podem ser notadas também influências de bandas dos 2000´s como Interpol, Strokes e Black Rebel Motorcycle Club.

A abertura do álbum, com Harrisong, tem introdução que apresenta referências que vão de um Bowie fase (Low / Hunky Dory) à Pink Floyd fase Syd Barrett, passando por Beatles psicodélico.

O Disco é uma mistura mesmo, abrangendo um leque vasto de influências musicais, já que o trabalho solo possibilita essa maior liberdade, mas procurando fazer isso sem comprometer a coesão.

As variações entre claros e escuros atmosféricos das temáticas do disco, refletem sobre tristezas, perdas, contemplação e superação de crises, na busca de saídas luminosas.

De uma forma geral, acho que o álbum transita entre o pós-punk e suas influências mais básicas, porém feito de uma forma peculiar. Acredito que haja aquela sensação de “qual será a próxima faixa?”, acredito que essa certa variedade cause isso.

Harrisong, de Paulo Metello.

AL: Como aconteceu o processo de composição e produção do álbum?

PM: O processo de composição se desenvolveu em duas etapas básicas. As músicas iniciais tinham um caráter acústico noise surrealista, e com o tempo fui tentando colocar a partes rítmicas, baixos, guitarras e teclados/efeitos e os arranjos foram ficando um pouco mais sofisticados.

No geral as composições saíram no violão e eu ia tentando arranjos ouvindo bastante a base com a voz guia. Eu começava a ouvir na minha cabeça partes que poderiam se somar ao todo, sem atrapalhar a voz e a melodia. Com a ideia do arranjo, eu ia gravando as camadas e construindo as músicas. As próprias possibilidades do estúdio serviram como forma de criação também.

Algumas vezes eu experimentava em cima de uma batida ou programava uma bateria, para tocar em cima, arranjando o baixo, guitarra base, voz, solos e detalhes.

Um bloco do disco foi feito desta forma, sendo que em algum ponto, eu dobrava alguma caixa ou parte da bateria pra dar mais peso.

Em 2016 comecei a trabalhar com produção e edição de vídeos também. Lancei o primeiro single “Liquid Skycom um clipe que produzi e dirigi em parceria com a fotógrafa / namorada KK Reis.

Liquid Sky, de Paulo Metello.

No decorrer do tempo, fui lançando os singles de forma virtual (hora com capas, hora com vídeos clipes) e continuei gravando com calma o repertório do que viria a se tornar o álbum.

A resposta aos clipes e singles, foi muito boa, e em 2019 lancei de forma independente o álbum “Liquid Sky” com 12 faixas pelas plataformas digitais e com distribuição da Tratore.

Apesar de algumas propostas de selos, achei melhor lançar desta forma, pelo meu próprio selo independente SurrealStudio, que pretendo desenvolver e fomentar.

No momento estou vendo as possibilidades de lançar o álbum em vinil também. Vamos ver.

AL: “This Night” entrou para uma coletânea…

PM: Em 2019 a música This Night (presente no álbum Liquid Sky) fez parte da coletânea do selo Paranoia Musique “Some Underground Sounds From Brazil Vol 2” lançada em Novembro de 2019. A coletânea é uma mostra de bandas e artistas do underground brasileiro e teve uma ótima repercussão na mídia independente do exterior.

AL: Rio de Janeiro e Salvador são cidades litorâneas, ensolaradas, onde os territórios geográficos e antropológicos são muito fortes. Tem-se imaginado que a cena de rock em ambas as cidades tenha arrefecido em função da emergência e consolidação de estilos mais populares (a exemplos do funk carioca, e da a axé music, arroxa, pagode, etc. Como você a cena rocker carioca atualmente?

PM: Eu acho que realmente fazer rock com características mais herméticas em um balneário ensolarado, traz suas dificuldades. Por outro lado, acho que vem crescendo um nicho mais roqueiro, um reaquecimento da cena, talvez por força da internet e da maior conexão entre pessoas que detêm os mesmos gostos e estilos.

Acho que há espaço pra tudo e que a arte acontece também no imaginário das pessoas. Também existe essa maior ligação com outros países, com o advento das novas tecnologias disponíveis.

Paulo Metello - material de divulgação do álbum“Liquid Sky”. Foto KK Reis

AL: Quais os projetos futuros?

PM: Estou trabalhando em duas frentes básicas no momento. A primeira será o próximo lançamento do trabalho solo que deve se chamar Almost Live At SurrealStudio. O EP contém versões mais cruas e pesadas que gravei ao vivo com pouquíssimos overdubs, na linha das sessions do John Peel na BBC. Tudo mais seco e mais coeso, com possibilidade de alguma inédita.

A outra frente é o álbum do NomeDeFilme, que está ficando muito bom e deve ficar pronto em alguns meses. Estamos conversando sobre uma volta aos palcos também

Estou compondo bastante e já tenho material para um próximo disco de inéditas, alternando temas em português e inglês.

Eu também vou voltar a trabalhar na divulgação do álbum “Liquid Sky que foi lançado no final de 2019, começou a divulgação e veio a pandemia e atrapalhou tudo. 2020 começou e parou, espero que tudo volte ao normal o quanto antes.

Vou querer retomar isso com mais força também e venho fazendo contatos que podem fomentar isso. Novidades podem vir por aí.

No decorrer da produção do álbum, comecei a me inteirar mais sobre as partes mais burocráticas e extramusicais do processo todo de produção. Agora que me qualifiquei como produtor fonográfico também, quero ver as possibilidades do selo entre outros empreendedorismos possíveis em relação à música, vídeos, fotos e artes gráficas.

Estou também finalizando meu site e pretendo aglutinar todas as atividades nele. Bom, muita coisa pela frente, vamos ver se tudo volta ao normal e fiquemos todos bem.

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NOTAS:

[1] Fernanda Metello é arquiteta e artista visual. Além de pintura, possui trabalhos em vídeo arte e arte conceitual. Também desenvolve o projeto de difusão artística e cultural Paquetá Experimenta Arte Contemporânea que propõe o encontro entre diferentes linguagens e a Ilha de Paquetá — um evento de arte integrada, com apresentações de música experimental e exposição de artes visuais. Em janeiro de 2017 formou, com Anja Dosen, o projeto de arte integrada intitulado de VODA. Uma fusão dos trabalhos de artes visuais da dupla, que se integra em conexões sonoras, tendendo simultaneamente aos movimentos cotidianos e ao escapismo, onde experimentam caminhos alternativos dentro de composições essencialmente melódicas do rock — noise — glam — punk.

[2] A loja de discos Modern Sound foi inaugurada em 1966 e funcionou até 2010, em Copacabana (Rio de Janeiro/RJ). Foi um point importante de artistas, cantores, compositores e produtores musicais. Nos seus 44 anos de funcionamento era possivel encontrar os mais raros discos lançados em qualquer pais do mundo. Nos ultimos anos, a loja promovia o lançamento de discos de qualidade de MPB e outros ritmos, com shows ao vivo no local. Havia também uma cafeteria muito bem frequentada pela elite da música e das artes. Cf. https://www.facebook.com/Modern-sound-272039977311/

[3] O Condomínio Residencial Edifício Módulo fica na Avenida Princesa Isabel em Salvador/BA. É também conhecido como o “Prédio Redondo da Barra”, possuindo esse apelido devido à sua forma diferente do entorno, um cilindro. O autor do projeto é o arquiteto Rui Quadros.

[4] A A revista Bizz foi uma publicação da Editora Abril, de grande destaque nas décadas de 1980 e 1990. Sua importãncia se deve, especialmente, pelos conteúdos que íam além da divulgação da produção musical, permeando diversas formas de cultura contemporânea, e por integrar um cast de jornalistas que emitiam crítica musical. Em 2012 foi lançado o documentário BIZZ — Jornalismo, Causos e Rock and Roll, produzido por Almir Santos e Marcelo Santos Costa, que conta a história da revista Bizz — Confira na íntegra no link: https://www.youtube.com/watch?v=pg0KuPIXvRE

[5] O leitor poderá conferir um pouco mais sobre a nossa amizade com Guta (guitarrista e compositor baiano) e os contatos com as bandas de Brasília nas minhas resenhas Por Enquanto Ainda é Cedo! e Riffs Rock, Reggae, ambas para o Microphonia.

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André Lissonger para o Microphonia.

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André Lissonger
Microphonia

Microphonia editor and reporter . Architecture . Urban planning Professor . Rock music . Urban sketchers . Art