O TRAÇO E O PASSO
Estranhamente Familiar — Divagações Sobre “Brisa Nórdica” da Marlargo
O rapaz da previsão do tempo anunciou: preparem-se para a temporada de Brisa Nórdica. O ouvinte, acostumado com os prenúncios rotineiros de chuva, trovoada, céu aberto, parcialmente nublado, pouco familiarizado com este tempo peculiar, precisa se preparar. Ouvir ouvindo, porque é o que se faz frente às novidades.
Um sussurro nos cangotes tropicais de música familiar e letras intrigantes, esta é a mistura que sopra. O inquietante entra pelos ouvidos como se a música fosse o mais bonito dos envelopes para as incertezas.
A primeira música é um convite à contemplação do que não se controla, um mundo que segue indômito e desconexo de sentido para alguns. “Nada Errado Aqui” sai das intempéries externas para as internas, ruminando relações. O monologo se verbaliza nas “Palavras ao Vento”, até que “Lívia” chega como moça música unguento. Foi um sonho? “Coma” divide-nos nesta resposta. Ninguém sabe… “Me Esqueça”, canta! Não importa, nem a mim. Volte ao começo.
Sim, o homem acertou na previsão! Há a entrega do prometido: a voz doce te convence que as angústias também são suas e os porquês, insuspeitamente não tão agradáveis, são espelhos de trovejos internos.
Dias infernais pedem sôfregos por alentos e tormentos que vêm em brisas nórdicas.
Carolina Sousa Freitas para o Microphonia
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