ENTRE CORDAS E POESIAS

Estrelinha no Céu

Junior Vaz
Microphonia
Published in
2 min readJul 15, 2020

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Ontem, um amigo me ligou. Não mandou mensagem, ligou! Ação que estimo e que revela um pouco da minha crença em que, se você se importa, fale e ouça. O som rabisca cores, dores, amores e norteia muitos sentimentos.

Na verdade, ele queria me abraçar por causa da recente e triste passagem da minha querida mãe. Não que a morte me traga tristeza, afinal, trata-se daquilo que nos resta. Pior do que a morte são os pequenos suicídios cotidianos a que nos infligimos quando não esmurramos mesquinharias, preconceitos, presunções e, principalmente, quando desqualificamos outrem em causa própria. Devo confessar, no entanto, que essa nova experiência – enterrar quem amamos nesse protocolo pandêmico – foi surreal! Mas, ainda assim, prefiro mesmo é celebrar a vida! Foi difícil, dessa vez, não poder reunir os amigos e familiares para umas doses e músicas, inclusive, esse também era o desejo de Minha Mainha.

NOSSO NINHO

Hoje ninei o amor

Aquele que me trouxe sorrindo

Escorregando numa escada sem fim

De alguns amores antes

E de muitos outros depois de mim

Hoje ninei o amor

Aquele que jurei amar

Mesmo antes de saber quem sou

Aquele do toque na orelha

Que do afago repetitivo nos cansados braços se enamorou

Hoje ninei o amor

Do alto lá

“Morreu morreu seu Dom Jorge…”

Morreu morreu o amor!

Não ele não morre

É seu e você o sorve

Mesmo ao servir-se do ombro da dor

Destarte, encerro esse capítulo, momentaneamente, e celebro um amor de toda uma vida dedicada à família e achegados. Ah! Seriam tantos adjetivos, tantas histórias e poesias… Sem falar que ela sempre foi a grande incentivadora para que eu também saboreasse a música e, acho eu, guia minhas mãos em momentos poéticos sublimes.

Outros versos para ela e por ela:

DIVISÃO

Seria muito bom! Oh! Que bom seria

se toda dor, todo sorriso,

toda mágoa, toda alegria,

pudéssemos transformar em poesia.

Dividem tudo os sentimentais,

contando e cantando para os demais,

desenganos, desilusões,

erros, vitórias e paixões.

Oh! Tu que não sabes te expressar

um possível amor: cantar vem!

Terás o fardo mais leve a carregar.

Tua paixão em versos explodiria

e dividirias com todos também

esperanças, otimismo, até nostalgia…

(por Nair Almeida – extraído do livro: Retalhos de um Cotidiano – 2005)

E o amigo? — devem ter se perguntado. Ele é importante em vida e isso será assunto para o próximo texto.

Júnior Vaz para o Microphonia.

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