SELF FISH
Lá vamos nós, de novo!
Hoje em dia, nas arenas dos whatsapps da vida, é comum discutirmos, enfaticamente, assuntos sobre os quais temos pouco, ou nenhum, conhecimento técnico, com uma certeza e inflexibilidade típicas destes tempos de redes sociais, onde todos, ou quase todos — especialistas nas suas próprias opiniões - verbalizam suas vontades, como se fossem verdades absolutas e inquestionáveis.
Então, tome textos e mais textos, a maioria deles “encaminhada” de outro amigo, de um outro grupo, cujas origens ninguém sabe mais, mas, que surgem, quase sempre, como sendo uma opinião de um grande especialista, ou, nas hipóteses mais modestas, de alguém que está, ou já esteve, “lá dentro”, no epicentro do problema e, portanto, com certeza, sabe do que está falando.
E, assim, embasados em opiniões que não sabemos de onde vieram e que, muitas vezes, nem entendemos totalmente, mas, que parecem confirmar o que acreditamos/desejamos, vamos disseminando as nossas (in)certezas (contra ou a favor), sobre qualquer assunto, em busca de palminhas, polegares pra cima, carinhas felizes, ou qualquer outro emoticon similar, que nos dê sensação de aprovação.
E, aí, nessa guerra entre experts em qualquer coisa (política, economia, saúde, leis, cultura etc.), o assunto principal, o conteúdo propriamente dito, passa a ter importância secundária, pois o objetivo da discussão passa a ser ter mais aprovação do que o interlocutor. Assim, desvia-se a atenção do problema e o foco fica concentrado na guerra de vaidades e nas batalhas por likes e palminhas.
Enquanto estivermos nessa, os experts em esperteza continuarão a nos pautar, nos provocar e nos municiar de “argumentos”, pra gente continuar brigando.
Enquanto eles riem da nossa cara.
Paulo Peixe para o Microphonia
