ENTRE CORDAS E POESIAS

O Baixista é o Cara

Junior Vaz
Microphonia
Published in
3 min readApr 12, 2020

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A heroína Juliana Rosa, baixo e backing vocal da Professor Doidão e os Aloprados.

Não agrave o mundo

Pois é grave em coma

Os graves, veludo

O inaudível é cama

Aquela máxima de que todo baixista é um guitarrista frustrado não passa de uma inocente trolagem (porra nenhuma! Já tirei muito sarro com essa infame frase). Dominar o instrumento – E 95 – com precisão, harmonia e feeling percussivo, é para poucos!

Em segredo: tentei, por diversas vezes, me tornar um baixista razoável, mas passei longe. Me parecia sempre monótono e, à época, com demasiada percepção juvenil, não entendia muito bem onde se encaixavam as baixas frequências na música.

Ritmo e harmonia num só instrumento parece tarefa impossível para o baixo. Aí é que está: treinando o martelo, a bigorna e o estribo, fica fácil perceber os graves colando as peças da bateria e fazendo a ponte entre os instrumentos harmônicos. E mais, em produção musical afirma-se que: se as peças (instrumentos) não colaram, você não entendeu nada do espectro harmônico da música produzida e, principalmente, não dominou graves e sub-graves.

Para mim, os melhores músicos são aqueles com os quais você desenvolve afinidade e apreço tocando juntos. Aqui, abro espaço para citar alguns baixistas sensacionais. Tarefa nada fácil (a lista é só uma lista, portanto, sem mimimi).

Valdo

Fala, Negão! Valdo — parceiro inicial do aprendizado e farras no violão. Tivemos banda de rock nos anos 80 e ele migrou depois para outros estilos. Garoto do reggae soteropolitano e do jazz curitibano.“Amassa o barro, Evangivaldo!”

Beto Filho

Fala, Kabeça! Beto Filho – esse, sim, cabe a trolagem. O cabra é tão audaz, que parece, em muitos momentos, transformar o seu cinco cordas em um instrumento de harmonia.

Savio Ceita

Fala, Sassa! Sávio Ceita – muito feeling, poucas notas, ritmos compostos e, ao mesmo tempo, simplicidade. Formamos uma dupla em sintonia plena no trabalho da MARLARGO.

Irmão na música e na vida!

Nos anos 50, ninguém queria tocar um instrumento que não se ouvia. Era o pensamento da época em relação ao contrabaixo. Hoje em dia, se você tem um baixista foda na sua banda, ouví-lo – em todos os sentidos – será um deleite.

Grave com dedos e unhas

Fazer sabor ao insípido

Pulso hertz groove harmonia

O que vos liberta é viço

Acho que sou um baixista frustrado!

Junior Vaz para o Microphonia.

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