ENTRE CORDAS E POESIAS
O Baixista é o Cara
Não agrave o mundo
Pois é grave em coma
Os graves, veludo
O inaudível é cama
Aquela máxima de que todo baixista é um guitarrista frustrado não passa de uma inocente trolagem (porra nenhuma! Já tirei muito sarro com essa infame frase). Dominar o instrumento – E 95 – com precisão, harmonia e feeling percussivo, é para poucos!
Em segredo: tentei, por diversas vezes, me tornar um baixista razoável, mas passei longe. Me parecia sempre monótono e, à época, com demasiada percepção juvenil, não entendia muito bem onde se encaixavam as baixas frequências na música.
Ritmo e harmonia num só instrumento parece tarefa impossível para o baixo. Aí é que está: treinando o martelo, a bigorna e o estribo, fica fácil perceber os graves colando as peças da bateria e fazendo a ponte entre os instrumentos harmônicos. E mais, em produção musical afirma-se que: se as peças (instrumentos) não colaram, você não entendeu nada do espectro harmônico da música produzida e, principalmente, não dominou graves e sub-graves.
Para mim, os melhores músicos são aqueles com os quais você desenvolve afinidade e apreço tocando juntos. Aqui, abro espaço para citar alguns baixistas sensacionais. Tarefa nada fácil (a lista é só uma lista, portanto, sem mimimi).
Fala, Negão! Valdo — parceiro inicial do aprendizado e farras no violão. Tivemos banda de rock nos anos 80 e ele migrou depois para outros estilos. Garoto do reggae soteropolitano e do jazz curitibano.“Amassa o barro, Evangivaldo!”
Fala, Kabeça! Beto Filho – esse, sim, cabe a trolagem. O cabra é tão audaz, que parece, em muitos momentos, transformar o seu cinco cordas em um instrumento de harmonia.
Fala, Sassa! Sávio Ceita – muito feeling, poucas notas, ritmos compostos e, ao mesmo tempo, simplicidade. Formamos uma dupla em sintonia plena no trabalho da MARLARGO.
Irmão na música e na vida!
Nos anos 50, ninguém queria tocar um instrumento que não se ouvia. Era o pensamento da época em relação ao contrabaixo. Hoje em dia, se você tem um baixista foda na sua banda, ouví-lo – em todos os sentidos – será um deleite.
Grave com dedos e unhas
Fazer sabor ao insípido
Pulso hertz groove harmonia
O que vos liberta é viço
Acho que sou um baixista frustrado!
Junior Vaz para o Microphonia.