SELF FISH
O Rock Envelheceu e Eu Também. Ainda Bem.
Não, não somos mais tão jovens e não temos mais todo o tempo do mundo, mas, e daí? Daí, nada, seguimos vivendo, com dilemas, sonhos e expectativas, da mesma forma que antes. Obviamente(ou nem tanto), dilemas, sonhos e expectativas diferentes dos da juventude, mas, ainda capazes de nos trazer os mesmos sentimentos de angústia, esperança, alento, decepção… Sentimentos, caros (e raros) leitores, que não escolhem o alvo pela idade.
Olhar para o passado e lembrar dos motivos das suas angústias infantis ou adolescentes, possivelmente fará você sorrir, um tanto envergonhado e, talvez, nostálgico, até. Como uma bobagem daquelas pôde ter tirado o seu sono? Certo, mas, esqueça o motivo. Lembre do sentimento! Pois é, o sentimento não muda, seja qual for a idade.
Sim, as reações são também diferentes em cada fase da vida: a criança é mais inocente, o adolescente é mais intenso, o adulto costuma ficar cada vez mais contido. Ok, mas, esqueça as reações e, de novo, lembre do sentimento e ele, ainda, não muda!
Em resumo, mesmo que por motivos diferentes e com reações distintas, enquanto estivermos vivos, teremos sonhos, desejos, expectativas, preocupações e decepções e, moto-contínuo, isso nos manterá vivos.
E, se você aguentou até aqui deve estar perguntando, que porra o rock tem a ver com isso? Pra mim, tudo! Pois o rock é uma ferramenta de expressão e canalização de sentimentos. E sentimentos não escolhem o alvo pela idade, lembram?
Então, ainda que um “somos tão jovens” soe deslocado para alguém que já passou dos 40, um “veja o sol dessa manhã tão cinza, a tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos” vai sempre soar atual e adequado pra qualquer um, de qualquer idade, que ainda alimenta esperanças, sonhos, incertezas, expectativas, receios, angústias, sentimentos, enfim.
Papo de velho? Ainda bem! A alternativa (ainda) não me parece ser melhor. É isso.
Paulo Peixe para o Microphonia.
P.S. Não foi tempo perdido