PONTO DE EQUILÍBRIO

O Rock Não Morre

André Gustavo Barbosa
Microphonia
Published in
4 min readJun 13, 2020

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O Rock morreu? Óbvio que não! As expressões artísticas não morrem. Podem perder mercados, admiradores, fãs, artistas, sair de moda, até mesmo serem esquecidas e renegadas, mas desaparecerem totalmente, nunca. As artes sempre resistem, seja nas lembranças e legados inter-geracionais, seja no leque de informações transmitidas geneticamente pela humanidade.

Hoje, cada um de nós carrega em si elementos dos primórdios da nossa existência. Banksy tem mais dos homens que faziam pinturas rupestres nas cavernas do que imaginamos. As bandas de metal têm mais dos toques de guerra dos exércitos da Idade Média do que “supõe a nossa vã filosofia”. Nossos textos têm mais dos hieróglifos do Egito Antigo ou dos renascentistas europeus dos séculos XV e XVI do que conseguimos compreender. A arte, assim como o conhecimento, são transferidos e carregados através dos tempos, como um processo infinito de evolução, destruição e criação.

Somos o emissário inter-geracional de todas as informações, conteúdos e conhecimentos já produzidos, pelas conexões entre passado, presente e futuro. Cada um de nós possui um pouco de “tudo” que a humanidade já criou.

No início da série alemã “Dark”, criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, há uma frase de Albert Einstein que diz “ a distinção do passado, presente e futuro, é apenas uma ilusão teimosamente persistente”.

Incapazes de compreender completamente o quanto somos memes de nossos antepassados e de suas produções artísticas, vamos avançando na vã perspectiva de que tudo evolui constantemente, linearmente, conduzidos por Deus Cronos, quando, na verdade, passado, presente e futuro co-existem, dentro e fora de nós.

Como no filmaço “Lucy” (2014), do genial Luc Besson, cada um de nós, metaforicamente, leva dentro de si uma quantidade infinita da droga CPH4, que pode nos fazer acessar muito mais da nossa capacidade mental do que hoje aproveitamos. No filme, Lucy, interpretada pela gatíssima Scarlett Johansson, consome uma quantidade imensa de CPH4 e adquire capacidades físicas e mentais elevadas e inimagináveis. Desenvolve os poderes da telecinese, da eletrocinese e da telepatia; absorve uma capacidade de conhecer tudo “ao mesmo tempo agora”, até o domínio da matéria.

Que não cheguemos a este nível de desenvolvimento, apesar de várias correntes da ciência e da espiritualidade acreditarem que podemos chegar a alguns estágio de Lucy. No entanto, acessar e conhecer melhor essa carga de conhecimento que nos habita, de produção humana, também no campo das artes, depende unicamente de nós. No final do filme, após Lucy evoluir ao estágio máximo e sumir fisicamente, perguntam onde ela está. Ela responde: “I am everywhere (Eu estou em toda parte)”.

Esta resposta bem poderia ser a resposta das perguntas: As pinturas em rochas morreram? E as músicas orquestradas? E as marchinhas dos antigos carnavais? E o Rock, morreu mesmo?

Todas as artes estão por todas as partes, como Lucy no filme. Mesmo aquelas esquecidas comercialmente ou não revisitadas regularmente estarão sempre presentes na humanidade. As horas, dias ou anos, que cada artista dispensou para produzir algo, não foi em vão. Nós levaremos sempre todo esse esforço para eternidade.

O Rock’n’Roll, como expressão artística, não morreu. Nunca morrerá. Sempre estará vagando e transitando pelas mentes e corações das pessoas, enquanto houver humanos sobre este planeta. Seja nas poesias e textos escritos, seja nas melodias que soam, seja na estampa de uma camiseta ou mesmo em atitudes que sempre permearam esse movimento.

Como parte do caldo cultural que forjou as sociedades durante toda a existência, o Rock’n’Roll vive no aqui/agora. Mesmo tendo surgido há apenas 70 anos, ele está tanto nos tambores primitivos quanto nas músicas que serão compostas pela inteligência artificial que nos dominará em 2050.

Assim caminha a humanidade. Alguns poderão dizer com certeza: “Isso tudo é teoria. Ilusão. O Rock Morreu, sim. Olhe ao redor. Onde está ele? Não está nas rádios, nas tvs, nem nas paradas de sucesso”. Aí é outra história. Mesmo sem conhecer os caminhos subterrâneos das sobrevivências artísticas, onde vivem pulverizados os germens das resistências, a percepção material mercadológica predomina na lógica atual, onde quem não aparece, quem não ganha dinheiro, que não tem muitos “likes” e seguidores”, não existe.

Mais aí é tema para outro texto.

Viva a imortalidade das artes. Viva o Rock´n´Roll!!!

Dicas:

Filme:

Lucy — Luc Besson (2014).

Série:

Dark — Baran bo Odar e Jantje Friese — NetFlix(2017).

Música:

“Hey Hey My My”— Neil Young.

Livros:

“Uma Breve História do Tempo” — Stephen Hawking.

“O fim da eternidade” — Isaac Asimov .

André Gustavo para o Microphonia.

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André Gustavo Barbosa
Microphonia

Mestre em Adm. de Empresas, Especialista em Educação e Consultoria, Ativista de movimentos Empresariais e da Sociedade Civil.