GINGER HEAD

Obrigado, Ricardinho!

Rogerio Rios
Microphonia
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2 min readMay 13, 2020

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É mesmo algo de imponderável, imaginar que um moleque preto, nascido paupérrimo, em plena segregação racial, numa família disfuncional com mais 11 irmãos, que sofria surras violentas de seu pai (que mais tarde é assassinado pelo seu melhor amigo) e que fora expulso de casa aos 13 anos por ser afeminado e gostar de usar maquiagem, deixaria o seu emprego de lavador de pratos para se tornar o criador do maior movimento musical da história.

E se há alguém que pavimentou não apenas as estradas, mas construiu todos os alicerces do Rock and Roll, esse cara foi o arquiteto do rock Little Richard.

Ególatra, louco, pervertido, contraditório, ultrajante e genial

Richard Wayne Penniman já disse várias vezes que não existiria Rock and Roll não fosse por ele e pelo barulhento trem, que era o maior incômodo para a sua vizinhança, mas para os seus ouvidos mágicos, trazia em sua cadência o riff, que ele transformou em Lucille.

Beatles, Stones, Prince, Elvis, Michael Jackson. A lista de artistas diretamente influenciados pela sua obra é enorme e sem fazer muito esforço, afirmo sem medo de exagerar, que Robert Plant e Ian Gillan nunca ousariam um falsete, se antes não ouvesse alguém com a audácia ou a impertinência de ter tentado isso com tanto sucesso décadas antes.

Em um dos muitos vídeos que assisti sobre ele nesta semana, em decorrência de sua partida para a dimensão desconhecida, o que mais me emocionou não foram as suas fantásticas entrevistas. Nem mesmo as suas notáveis performances. Mas um pequeno trecho de Good Golly Miss Molly, em que se vê uma garotinha de dois anos, acompanhando a música, cantando e dançando numa alegria pura, poderosa e simples.

Como o bom rock deve ser.

Obrigado, Ricardinho!

Rogério Rios para o Microphonia.

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Rogerio Rios
Microphonia

Ilustrador Publicitário, Redator de HQ, Cantor do Kabessas de Gengibre, Cervejeiro Praticante, devoto à arte, adorador da cultura e adepto à consciência.