ENTRE CORDAS E POESIAS
Quem vai degustar acarajé frito com azeite do dia anterior?
CLAVE
Nota após nota
Noto que algumas notas
Não deveríamos notar
Confusas, difusas, obtusas, semibreves
Sem silêncio, sem composto, sem pauta, descompasso!
Um incômodo inicial e um posterior: “me faça uma garapa!”. Frutos da mesmice e da falta de culhões de grande parte da galera que propõe o novo cenário rock na nossa cidade.
Bandas sem ousadia e que se limitam a reproduzir receitas já testadas são ótimas para manter pessoas circulando nos bares. Voltando rapidamente ao bairrismo gastronômico: o novo acarajé rock não pode ser feito com dendê virgem e ter mais pimenta?
Fique chateado, não! É essencial a ativação de uma lupa que ajude a dissecar a anatomia da recente verve rock baiana. Uma calibrada cena só ganhará músculos se tivermos a capacidade de absorver alguns chutes na canela.
Você, “o quadrado” – que se vangloria por ser rocker e surfa na onda do conforto – afine seu instrumento, calibre sua voz, invista tempo em conhecimento sobre produção musical e acima de tudo: liberte-se do 4/4! Existem outros tempos e outros elementos para compor uma nova trilha musical.
EFEITO MANADA
Lembro eu…
Quando precisava adoçar
Batia à porta do vizinho
Não há resquício de somsibilidade
E apreço ao que existirá
Aprendeu a sorver amargo
A fazer sozinho
Repete a conversa chata
Sobre seu amor aos 70s
E que um certo barbudo não morreu
Enfadonha e depressiva
Ei, garoto?!
Ouve aquele riff
Sente os rufos
Os descompassos
Algo em progressão
Desviando desse sabor quadrado
Eu sei, eu sei
Ouvimos depois
Em tom messiânico
Uma gim tônica em bemol
E não preciso abrir a porta
Hoje, sem cordas, restou poesia!
E não me venha com dendê vencido. Sinto o cheiro a distância!
Junior Vaz para o Microphonia.