ON THE ROCKS
São Super
Ser pai é passar vergonha e fazer os filhos também passarem. Primeiro a vergonha de seu filho ter sido mal educado com alguém, ter quebrado algo na casa dos outros, enfim, coisas de criança que provocam certo constrangimento, nada sério. Depois dessa fase, a vida trata de inverter as coisas: seu filho sentirá vergonha de você, das suas piadas do domingo, de tentar ser amigo dos amigos dele. Outros constrangimentos, nada sério também. Se é pra passar vergonha, adianto-me e escrevo aqui um poema infantil dedicado à minha filha que aniversaria neste dia 26.
Poucas coisas são tão difíceis quanto escrever pro público infantil. O que vem abaixo creio ser ridículo, mas e daí? Só estou me antecipando ao tempo. Sejamos todos ridículos!
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Clarice um dia me disse
Que havia um lugar cheio de esquisitice
Pediu que eu a ouvisse
E não achasse que era crendice.
Nesse dia eu tava triste
Não queria que ela me visse
Por mais que insistisse
Não houve jeito
Mesmo com dor no peito
Eu a escutei direito.
São Super é o lugar
Que ela vai ao sonhar
Atenção,
Isso não é meu eu lírico
é o eu-onírico de Clarice
Seguindo o coelho de alice.
São Super pode ser bom ou mau
Nem sempre é legal
Depende do seu astral.
Flores e luzes
Cachoeiras e bichinhos
Ou tristeza e mal estar
Se sentindo pequeninho.
Eu prefiro imaginar
que seja sempre o bom lugar
que ela vai ao sonhar.
Mas a realidade não é essa
Às vezes São Super é pesadelo
E eu me descabelo.
Como ela me disse:
A vida é o que a gente se encontra na hora
E eu te digo, Clarice
Ich Liebe Dich.
Walter Hupsel, pai envergonhando, para Clarice Garbin Hupsel.