O CAMINHO DAS PEDRAS

Tubarão — Brasileiro

Angela Cristina
Microphonia
Published in
3 min readJun 29, 2020

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Minha amiga Neuza M. Oliveira foi quem bem parafraseou os brasileiros no seu “post” — “Se teve uma coisa que aprendemos nesta pandemia foi que o BRASILEIRO É TARADO POR SHOPPING CENTER”. Perfeito!

E ficou a pergunta no ar… que desespero foi aquele das pessoas aglomerando-se e fazendo filas quilométricas aguardando a reabertura dos Shoppings Centers, no último dia 12?

Será que suas necessidades eram tão urgentes que não poderiam aguardar o envio da mercadoria pelo correio ou comprar em qualquer outro dia? Corrijam-me se eu estiver errada — O que o pobre gosta mesmo é de sofrer numa fila. Não é?!

Passando de carro pela Joana Angélica neste mesmo dia em direção ao Portão da Piedade fiquei perplexa com a quantidade de pessoas nas ruas, me lembrou das vésperas do Natal (fotografei o momento, meio incrédula), nunca vi tanta gente andando pela avenida, amontoadas próximas umas das outras ao longo da feira e junto aos ambulantes locais.

Para algumas a única proteção que usavam eram simples máscaras de tecido, muitas delas abaixo do queixo, muita gente sem camisa, mini saias, mini shorts, sandálias abertas, alguns feirantes com latas de cervejas em cima das suas barracas, onde vez ou outra baixavam suas máscaras e davam um gole naquela lata completamente exposta a qualquer salivação flutuante, pessoas apalpando frutas, objetos, pegando em dinheiro e nos alimentos sem qualquer higienização das mãos. Surreal!

Não somente afrouxou o isolamento como também, qualquer forma de prevenção da propagação do vírus, como se a reabertura do comércio extinguisse a proliferação do COVID19. Dentro de mim veio um turbilhão de sentimentos que trafegou entre o ódio extremo e a compaixão dolorosa de Cristo na Cruz — “Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem!

Senti-me dentro de um filme de STEVEN SPIELBERG, poderia ser até a película do E.T — O Extra Terrestre (eu totalmente estranha àquilo tudo), mas foi no roteiro de O Tubarão que me enquadrei.

“ Um terrível ataque a banhistas é o sinal de que a praia da pequena cidade de Amity, na Nova Inglaterra, virou refeitório de um gigantesco tubarão branco. O chefe de polícia, Martin Brody quer fechar as praias, mas o prefeito Larry Vaughn não permite, com medo de que o faturamento com a receita dos turistas deixe a cidade sem recursos. O cientista Matt Hooper e o pescador Quint se oferecem para ajudar Brody a capturar e matar a fera, mas a missão vai ser mais complicada do que eles imaginavam. (Sinopse — Wikipédia)

O problema dos brasileiros não é a IGNORÂNCIA e sim a ESTUPIDEZ. É a ausência de sensatez que é o câncer do nosso país, que desponta nos seus maiores líderes chegando até os mais miseráveis, a falta de bom senso e da preocupação com o bem-estar comum é a máxima nessa terra desbravada por Portugal.

Minha indignação vem do entendimento que os mais abastados não estão se expondo, estes não avistamos nem de longe nas ruas, feiras ou em filas de shoppings centers. Estes estão trabalhando em “home office”, pedindo pelo “i-food”, fazendo compras pela internet e toda sorte de serviços “online”. Mas, para você, não! Você eles querem que você vá para o “front”, para manter o isolamento confortável e seguro deles.

Não precisa ser nenhum visionário para saber que o pior ainda está por vir e que ainda vamos pagar um preço altíssimo por este afrouxamento prematuro da reabertura comercial. Mas, acredito que não vá causar grandes problemas, por que as vidas perdidas que estão por vir, não farão muita falta.

Quem interessa “está em casa, guardado por Deus, contando seu vil metal”. (Belchior).

Agora eu te pergunto, você entraria na água, mesmo sabendo que o Tubarão Branco está à solta?

Ângela Cristina para o Microphonia.

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