Manaus, uma praça PNT peculiar

Única cidade do mercado nacional com 1h a menos que Brasília, emissoras adotam estratégias de programação diferentes das demais praças

Mídia Amazonense
Mídia Amazonense
3 min readMay 19, 2019

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Arte: Mídia Amazonense.

Diferente das demais cidades que formam o Painel Nacional de Televisão (PNT), Manaus é a única praça que tem 1h a menos que o Horário de Brasília. E que tinha 2h de diferença durante o finado Horário de Verão, revogado em abril de 2019 após uma canetada de Bolsonaro.

Devido a diferença de fuso horário e para respeitar as regras da Classificação Indicativa, toda a programação da TV aberta era exibida com delay (atraso). Motivo de muitas reclamações por parte dos telespectadores.

Felizmente essa realidade tem mudado com o passar dos últimos anos, respeitando e priorizando a interação em tempo real do público pela internet, além da integrar o conteúdo exibido na TV com os serviços de streaming.

Se entre 2008 até 2016 a programação das redes nacionais era exibida com 1h de atraso, em horário local, agora vai ao ar 1h mais cedo, ao vivo. Como é o caso da Globo, do SBT e da RedeTV!.

Pode parecer estranho para quem mora nas regiões com o Horário de Brasília assistir tudo mais cedo. Mas o telespectador manauara é habituado com esse costume desde os anos 1980, com o início das transmissões de sinal de TV por satélite.

Uma programação com delay em pleno século XXI está para os tempos da programação que chegava por aqui nos malotes de fita, com dias ou semanas de atraso.

Em 2018, segundo informações da Ibope Inteligência e publicadas pelo jornalista Ricardo Feltrin, 45% dos telespectadores na Grande Manaus assistem TV por parabólica ou TV por assinatura.

Esse dado expressivo se deve a fuga do telespectador ao atraso na grade de programação das grandes redes nas afiliadas. Principalmente em épocas de Horário de Verão, quando a programação nacional era exibida com incríveis 2h de delay.

Classificação Indicativa e suas implicações: um breve retrospecto

Entre 2008 a 2017, para atender as regras da Classificação Indicativa elaboradas pelo Ministério da Justiça, todas as emissoras de TV eram obrigadas a exibir seus programas em horário que respeitasse sua respectiva classificação.

Por exemplo, um programa com classificação de 12 anos só poderia ir ao ar depois das 20h locais. Nas regiões com fuso horário diferente de Brasília, como é o caso de Manaus, esse mesmo programa era exibido com atraso de 1h ou de 2h (durante o Horário de Verão), em horário local.

Antes disso, era muito comum uma cena de violência na então novela das 8 passar na faixa das 19h locais.

Para atender essas demandas, redes como Globo, SBT e Record TV providenciaram um sinal alternativo para que suas afiliadas exibissem toda ou parte da programação em horário local. No caso da Globo com sua Rede Fuso, apenas o Jornal Nacional, transmissões ao vivo e coberturas jornalísticas eram exibidas em rede nacional.

Todo esse delay na grade era motivo de reclamações por parte dos telespectadores, já que sofriam com a privação de participação em programas de interatividade, com transmissões esportivas começando em andamento, com novelas e programas exibidos bem tarde, bem como com os spoilers na internet.

Em 2015, nas noites de transmissões de Futebol, os telespectadores da Globo nas regiões com horário diferente de Brasília eram penalizados com jogos começando em andamento, além das novelas indo ao ar bem tarde. Vídeo: Reprodução/Rede Amazônica.

Em setembro de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a vinculação horária com a Classificação Indicativa, julgando tal ação como inconstitucional. Até porque quem deve ponderar o que as crianças assistem na TV (assim como na internet ou em qualquer outra plataforma midiática) são os pais.

Com isso, espera-se que as emissoras de TV tenham prudência quando programarem o que vai ao ar em faixas com grande audiência infantil.

A partir da decisão do STF, algumas redes nacionais optaram por voltar com a grade de programação ao vivo nas regiões com fuso horário diferente de Brasília.

Em fevereiro de 2017, afiliadas da Globo como a Rede Amazônica (AM, RO e RR), TV Morena (MS) e TV Centro América (MT) passaram a seguir a rede nacional, com toda a programação indo ao ar 1h mais cedo.

E em 2018, foi a vez das afiliadas do SBT como a TV Em Tempo, que até então exibia uma série infantil em pleno horário nobre para atrasar o restante da grade.

Chamada da programação da Globo ao vivo na Rede Amazônica, em 2017. Vídeo: Reprodução/Rede Amazônica.

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