Críticas e análises sobre conteúdos midiáticos no DF

Rafaela Martins
7 min readMay 5, 2019

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Matérias que foram publicadas entre Janeiro e Março pelos maiores veículos de comunicação do DF.

Produção: Rafaela Martins, Isabela Guimarães, Julyanna Nepomuceno e Luiza Figueiredo

O blog Midianálise é uma produção em conjunto da turma da disciplina Crítica da mídia do sétimo semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário de Brasília. Foram feitos diversos conteúdos com base no livro Por que estudar a mídia?, de Roger Silverstone, em forma de texto, vídeo e podcast. Dividido por assuntos, o material aqui postado refere-se à editoria de Cidades. Reportagens dos veículos de comunicação mais importantes do Distrito Federal — Correio Braziliense, Jornal de Brasília, CBN, Metrópoles, G1 e TV Globo foram selecionadas para a análise a seguir.

Em janeiro, o tema escolhido foi a Posse Presidencial de Jair Bolsonaro. A ação movimentou o comércio, o trânsito e a vida dos brasilienses. Houve uma preocupação da mídia local em perceber como o evento de interesse nacional afetou o cotidiano da cidade. Veja detalhes abaixo, na análise de Luíza Figueiredo.

Já em fevereiro, a pauta foi a polêmica sobre o Passe Livre Estudantil, analisada por Rafaela Martins no podcast abaixo. A repórter conversou com a estudante universitária Rafaela Garcêz, usuária de transporte coletivo no DF.

Clique para ver a reportagem analisada do Bom dia DF (jornal local)

Confira abaixo o conteúdo online do Correio Braziliense abordado durante o podcast:

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2019/02/04/ensino_educacaobasica_interna,735382/alunos-tem-dificuldade-para-acessar-passe-livre-apos-volta-as-aulas.shtml

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ensino_educacaobasica/2019/02/05/ensino_educacaobasica_interna,735564/ibaneis-nao-vai-enviar-projeto-que-extingue-passe-livre-a-cldf.shtml

O recorde de casos da dengue foi destaque nos noticiários de março de 2019, embora a doença seja tema recorrente durante o ano todo. Isabela Guimarães e Julyanna Nepomuceno analisaram quatro matérias de diferentes mídias sobre o assunto.

https://www.youtube.com/watch?v=iSSQ1NoMa2Y&feature=youtu.be

Posse presidencial do Presidente Jair Bolsonaro em 2019

A matéria Posse presidencial é tranquila e sem registro de ocorrências graves, publicada no Jornal de Brasília, não contém assinatura, e traz uma contradição. O título destaca que não houve registro de acidente grave em um dos momentos históricos do país. Porém, a mudança de pensamento é dada quando se lê o intertítulo, que trata de registros criminosos que afetaram uma parcela da população. O texto:(hiperlink do sutiã da matéria) Um homem foi encaminhado para a delegacia de polícia por importunação sexual. Já a polícia civil registrou cinco furtos de celulares e de uma motocicleta, indica e mostra ao leitor o cenário que algumas pessoas tiveram que vivenciar durante a cerimônia. Até então, a matéria deixa em dúvida do que realmente aconteceu, pois no título informa um episódio que é suavizado e, logo depois no sutiã enfatiza o que realmente aconteceu.

Ao associar a matéria com a obra de Roger Silverstone, Por que estudar a mídia (1999), acredito que o capítulo que melhor se encaixa para explicar sobre o fato é o que fala sobre globo, pois é uma matéria de conteúdo simples e exposta na internet. No capítulo, o autor diz que alcançamos hoje em dia, um acesso enorme à notícias pela mídias, e por isso, é dado como um acontecimento real, o que faz ser uma informação segura. “Mas a globalização é também uma realidade material. Indústria, finança, economia, Estado, cultura, tanto separadamente como juntos, operam no espaço e no tempo globais e são construídos dentro deles: transgredindo fronteiras, transcendendo identidades, fraturando comunidades, universalizando imagens”.

Posse presidencial aquece a economia; hotéis estão lotados

Noticiado pelo jornal Correio Braziliense e escrita por dois jornalistas, Luiz Calcagno e Walder Galvão, à primeira vista, deduz-se que o texto falará sobre os aspectos de âmbito econômico voltado à capital. A posse presidencial fez com que uma grande quantidade de pessoas, sendo muitos destes turistas, tivessem como destino a capital brasiliense, com o intuito de presenciar o grande acontecimento histórico ao vivo. Por isso, os hotéis da cidade tiveram um aumento nas reservas de quartos, o que gerou uma aumento de público na cidade, onde o dinheiro se movimentou e teve um giro maior de capital. No intertítulo;(hiperlink do sutiã da matéria) hotéis, bares e restaurantes comemoram lotações quase esgotadas e aumento nas vendas. Com a expectativa de que cerca de 500 mil pessoas acompanhem a cerimônia na cidade, muitos estabelecimentos abrirão as portas hoje, a mensagem se mantém. O título e o intertítulo passam as mesmas informações, o que se tem é algo mais detalhado sobre a expectativa do público e como será a funcionalidade do comércio diante da quantidade de pessoas que estarão na capital. O texto explica a expectativa no aumento de público em hotéis e comércio da cidade, como os bares. Informa a quantidade esperada para a temporada, quanto de pessoal foi necessário disponibilizar para atender a todos. Toda a matéria, como o título, intertítulo e corpo do texto comungam da mesma ideia, é uma cobertura completa da questão que se apresenta, com dados e diversas fontes do ramo, afirmando a situação positiva de público esperado. Tem a função de informar o leitor.

As duas fotos a seguir compõem o texto e ilustram o cenário econômico no comércio em respectivas localidades e responsáveis.

Salmeron Santiago, gerente do Fred: “A gente não abre no dia 1º. Neste ano, vamos abrir. A expectativa é muito boa. O faturamento está melhor do que no ano anterior, e recebemos muitos clientes de outros estados”
Hevila Marinho (D), uma das proprietárias do Libanus (206 Sul), reforçou a equipe de funcionários.

As fotos são de autoria de um dos jornalistas que assina a matéria, Luiz Calcagno. Na primeira foto, a fala do gerente sobre a expectativa de público deixa o texto mais íntimo e completo. Na segunda foto, a imagem apresentada da dona do estabelecimento ao lado de uma mulher, deduz-se que venha a ser sua funcionária do local, mostra uma mensagem direta, sem muito detalhe.

Em Por que estudar a mídia (1999), de Silverstone, é possível relacionar o conteúdo apresentado com o capítulo 14, que fala sobre memória. O fato que haverá uma grande cerimônia histórica que mudará o rumo que o país tomará é constantemente lembrado pela mídia, como televisão, rádio e internet. Não é preciso mais fazer um esforço pessoal para se atentar a algo. O autor aborda o fato de que hoje em dia, nossa memória se faz em textos e registros. “Com o declínio da cultura oral, não mais precisamos, nós mesmos, lembrar coletivamente. Temos registros e textos para isso”.

Outro capítulo que também se encaixa no texto apresentado é o quarto, na forma da retórica que é passado dos meios de comunicação ao público. Independente dos meios que se faz comunicação, há sempre uma mensagem a ser transmitida e que precisa chegar até as pessoas. “Do mesmo modo, na medida em que a retórica está no cerne da classificação e da comunicação, sendo definida e realizada como é por seus cinco ramos — invenção, arranjo, expressão, memória e transmissão -, ela também pressupõe que, não importa hoje sob que aspecto, há algo a ser comunicado”.

Posse presidencial: em esquema de segurança inédito, policiais chegam a cortar alimentos para revista

A reportagem faz parte do veículo de comunicação CBN, rede de rádio brasileira. O conteúdo que fora transmitido na rádio, mas também disponível para ser escutada na internet, tem duração de 7 minutos e 34 segundos. Há conversa entre os jornalistas, um que está na redação/estúdio e outros dois que estão em diferentes pontos no local da cerimônia. É informado a lotação de hotéis, clima, trânsito, o que é permitido levar para a hora da cerimônia, a fala de personagens que estão no momento e expõem a sua opinião sobre a revista rigorosa da polícia e seguranças, conta a diversidade de público entre homens, mulheres e crianças. A matéria informa todos os quesitos do que acontece e acontecerá no data, pode ser considerada uma notícia completa, não tendenciosa.

O portal divulga uma foto de uma revista sendo feita nos objetos de uma mulher e um homem. A imagem consegue passar a mensagem que é dada pelo título da matéria e legenda da foto.

Policiais fazem revista criteriosa na segunda barreira. Foto: Thaisa Oliveira/CBN

Na obra de Silverstone, em Por que estudar a mídia (1999), o capítulo 3 que fala sobre tecnologia consegue fazer entender a era do século XXI que se vive. A população consegue ter acesso e é bombardeado por diversos meios de comunicação. É possível até escolher por qual canal quer ser informado ou tem mais afinidade. O autor consegue descrever o boom tecnológico que nos rodeia 24 horas por dia. “Mas a mudança tecnológica produz, sim, consequências. Elas podem ser, e certamente têm sido, profundas: mudam, tanto visível como invisivelmente, o mundo em que vivemos. A escrita e a imprensa, a telegrafia, o rádio, a telefonia e a televisão, a internet ofereceram, cada um, novas maneiras de administrar a informação e novas maneiras de comunicá-la: novas maneiras de articular desejos e de influenciar e agradar. Efetivamente, novas maneiras de fazer, transmitir e fixar significado”.

Movimentação para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro

A reportagem transmitida pela Rede Globo, tem duração de 10 minutos. Cinco jornalistas informam aos telespectadores sobre o dia da cerimônia de posse ao vivo, diretamente do lugar. Cada profissional está em um ponto, mostra-se a formação de segurança, a revista, a fila de pessoas chegando, a casa de onde sairá o presidente, um outro ponto que dê para ver onde passará o carro usado para desfile, o local de cerimônia onde foi permitido que a imprensa fique. É uma reportagem completa, entende e explica o universo do estilo presidencial feito em uma cidade.

Com as constantes inovações que se tem, há um público mais exigente sobre o que se consome. Notícia de 5 horas atrás é notícia velha e muitas vezes não se cumpre mais o trabalho de ser algo novo. No capítulo 3, sobre tecnologia, em Por que estudar a mídia (1999), Silverstone relata as diversas formas e conceitos sobre o mundo tecnológico e como a notícia consegue sobreviver e ser efetiva, diante de tantas adversidades. É preciso que se tenha informação sobre todos os lugares do mundo, que elas cheguem até o consumidor de uma forma rápida e fácil. “Novas tecnologias, novas mídias, cada vez mais convergentes pelo mecanismo da digitalização, estão transformando tempo e o espaço sociais e culturais. Esse novo mundo não pára: 24 horas de noticiário, 24 horas de serviços financeiros. Acesso instantâneo…”

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