DIVERSIDADE

9 livros com temática LGBT para se ter orgulho

No mês do orgulho LGBT e com a chegada das férias, livros que retratam as dificuldades e as belezas de ser quem você realmente é são a melhor pedida

Guilherme Gomes
Mídium - Comunicação em Movimento

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Hoje, dia 28 de junho, é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT. A data foi escolhida em alusão a um incidente ocorrido no bar gay Stonewall Inn, em Nova York, no ano de 1969. Nesta data, por volta de 1h da manhã, policiais invadiram e prenderam vários clientes do bar, alegando “conduta imoral”, num episódio de abuso e autoritarismo contra o público LGBT. Em resposta, um grande número de simpatizantes e frequentadores do bar se organizaram no lado de fora do bar para resistir à polícia e denunciar a LGBTfobia exercida por eles. O protesto tornou-se violento e, apenas às 4h da manhã, com ajuda da Força da Polícia Tática de Nova York, a multidão foi totalmente dispersada.

Este foi o estopim para que mais manifestações ocorressem em diversos pontos da cidade, como uma das primeiras paradas do Orgulho LGBT, em 1970, que foi do bairro Greenwich até o Central Park. Logo a data espalhou-se pelo mundo inteiro sendo considerada como o marco inicial da luta pelos direitos civis das minorias LGBT.

Junho também passou a ser considerado o mês do Orgulho LGBT, tornando-se palco de diversas manifestações, propagandas, palestras e marchas, como a que ocorreu no último domingo na Avenida Beira-Mar de Fortaleza, na 19ª edição da capital, com o tema “O Genocídio continua! A luta é todo dia, por Dandara, Marielle e por todas!”.

Seguindo este clima de orgulho LGBT e da chegada das tão aguardadas férias, segue abaixo uma lista com livros em que a temática LGBT é abordada de forma atenciosa, entre romances, ficção, histórias em quadrinhos, teorias sociológicas e comédias. Boas férias e orgulhe-se!

1. Will e Will (Galera Record)

“Will & Will”. John Green e David Levithan. 2010.

O livro se passa em Chicago, onde Will Grayson (hétero, classe média, apaixonado por bandas indie e tentando ser popular) acaba conhecendo Will Grayson (gay, suburbano, namora pela internet e detesta Madonna). Escrito por John Green (A culpa é das estrelas, Cidades de papel) e por David Levithan (Todo dia, Dois garotos se beijando), as narrações dos capítulos se alternam entre os Wills, falando de seus cotidianos e de como eventualmente acabam se conhecendo em uma sex shop. O livro é uma pedida leve para quem deseja uma comédia romântica que faz críticas sarcásticas e indiretas à sociedade, tratando de tabus da forma mais natural possível e arrancando boas risadas enquanto os personagens se parecem incrivelmente familiares.

2. Apenas uma garota (Intrínseca)

“If I Was Your Girl”. Meredith Russo. 2016.

Amanda Hardy finalmente se muda para Lambertiville para viver com seu pai, onde pode enterrar seu passado e recomeçar sua história depois de ter se mudado de Atlanta. Apesar da possibilidade de viver uma vida nova, Amanda ainda sente receio em ser quem realmente é. Ela faz amigos novos e acaba conhecendo Grant, um rapaz irresistível. Conforme vão se aproximando, Amanda se questiona se está realmente pronta não só para viver uma grande história de amor, como também para contar a ele que, antes de ser Amanda, era Andrew. Escrito pela escritora transgênero Meredith Russo, Apenas uma garota é um romance propositalmente simples, que retrata o processo de descobrimento de uma mulher trans e como ela é capaz de lidar com isso em meio ao preconceito, buscando principalmente levar o leitor a compreender melhor os conceitos de gênero e sexo e, assim, evitar noções equivocadas e intolerantes que constituem transfobia.

3. Amor é amor (Novo Século)

“Amor É Amor”. Geektopia. 2017.

Obra vencedora do prêmio Eisner 2017 na categoria Melhor Antologia, Amor é amor se trata de uma coletânea de histórias em quadrinhos entre 1 e 4 páginas que prestam homenagens incrivelmente sensíveis às vítimas e sobreviventes do trágico atentado de Orlando, ocorrido em junho de 2016. Contando com mais de 100 histórias e a colaboração de mais de 250 artistas, o livro traz mensagens de apoio, confraternização, luta, resistência e, principalmente, amor. Há drama, humor e romance, com diversas histórias protagonizadas por personagens conhecidos de histórias em quadrinhos como Batwoman, Superman, Batman e Arlequina. As homenagens são sensíveis, cuidadosas e carregam mensagens de otimismo e esperança. Assinada pelo selo de histórias em quadrinhos da editora Novo Século, Geektopia, Amor é amor é uma obra que merece ser apreciada por todos os fãs da cultura geek e também por todos que fazem parte dessa luta diária, sendo LGBT ou não.

4. Dois garotos se beijando (Galera Record)

“Two Boys Kissing”. David Levithan. 2013.

Um dos livros mais curtos e impactantes dessa lista. Dois garotos se beijando, escrito por David Levithan e narrado por uma geração de homens gays que morreram em decorrência da Aids, inicia-se com a história de Harry e Craig, dois garotos de 17 anos e ex-namorados que pretendem entrar no Livro dos Recordes com o beijo mais demorado do mundo, 32 horas, motivados como um protesto contra a violência gay depois de saberem que Tariq foi agredido na rua. Enquanto o feito acaba tomando proporções gigantescas e chamando a atenção da mídia, a história se entrelaça com outras três tramas, como a de Neil, que precisa contar aos pais que é gay e que namora há um ano Peter; a de Cooper, que foge de casa e pensa em se matar quando seus pais descobrem que é gay depois de fuçarem seu computador; e a de Avery, um menino trans de cabelo rosa que se apaixona à primeira vista por Ryan, de cabelo azul. O livro conduz a história de maneira fluida e, apesar de curto, traz lições grandiosas do começo ao fim. É uma história absurdamente sensível que promete arrancar lágrimas mais de uma vez no decorrer de suas 224 páginas. Se sua mensagem principal pudesse de alguma forma ser resumida em uma frase, seria: jamais desista de lutar para ser quem você é.

5. Simon vs. a agenda Homo Sapiens (Intrínseca)

“Simon vs. the Homo Sapiens Agenda”. Becky Albertalli. 2015.

Simon é um garoto gay, mas ainda não se sentiu pronto para dizer isso a alguém. Ele vem há alguns meses trocando e-mails com um garoto de seu colégio que ele conhece apenas como “Blue” e acaba se apaixonando por ele. Blue é um garoto tímido e, por isso, muitas vezes recusa o convite de Simon de se conhecerem pessoalmente. A história muda totalmente quando Martin, que também estuda no mesmo colégio, encontra os e-mails de Simon e o chantageia dizendo que guardará segredo apenas se Simon conseguir aproximá-lo de Abby, sua melhor amiga. Agora, enquanto Simon busca pistas deixadas por Blue em seus e-mails para reconhecê-lo nos corredores da escola, ele ainda precisa lidar com o dilema de eventualmente precisar de declarar à sua família e amigos (mesmo achando desnecessário) e também com a possibilidade de acabar não precisando, caso Martin resolva espalhar seus e-mails para todo mundo. Escrita por Becky Albertalli e sendo adaptada para o cinema com o título de Com amor, Simon, o livro vai tratar de temas como a amizade, o processo de aceitação da família, a paixão na adolescência e o “por que a heterossexualidade é considerada o padrão?”.

6. Garoto encontra garoto (Galera Record)

“Boy Meets Boy”. David Levithan. 2003.

“Nesta mais que uma comédia romântica, Paul estuda em uma escola nada convencional. Líderes de torcida andam de moto, a rainha do baile é uma quarterback drag-queen e a aliança entre gays e héteros ajudou os garotos héteros a aprenderem a dançar. Paul conhece Noah, o cara dos seus sonhos, mas estraga tudo de forma espetacular. E agora precisa vencer alguns desafios antes de reconquistá-lo: ajudar seu melhor amigo a lidar com os pais ultrarreligiosos que desaprovam sua orientação sexual, lidar com o fato de a sua melhor amiga estar namorando o maior babaca da escola… E, enfim, acreditar no amor o bastante para recuperar Noah!”. Escrito por David Levithan, a narrativa é dinâmica e rápida, seguindo a receita já famosa das comédias românticas de um pequeno conflito dramático e bastante alívio cômico por parte dos personagens. A história é rápida e, além do romance principal, também trata de forma sutil o conflito religioso entre a igreja e os homossexuais e também o processo de aceitação de uma família quando o filho revela que é gay.

7. Foucault e a Teoria Queer (Autêntica)

“Foucault and Queer Theory”. Tamsin Spargo. 1999.

“O uso do termo queer vem se tornando mais comum nas últimas décadas — a origem do movimento remonta a fins dos anos 1980 nos Estados Unidos, como uma resposta ao padrão binário de gênero, às normas e à opressão social a tudo que diverge, que é ‘excêntrico’, ‘esquisito’, ‘diferente’. Mas onde se assentam as bases filosóficas e culturais que deram origem ao que hoje chamamos de teoria queer? No ensaio que dá título ao livro, Tamsin Spargo analisa as principais ideias apresentadas por Foucault em História da sexualidade para definir a teoria queer — para Foucault, gênero e sexualidade são categorias construídas pelo discurso, pela história, pela cultura e pela sociedade. No segundo texto, ela questiona o desenvolvimento da teoria até o momento e sugere novos rumos, relacionando-a com os estudos pós-estruturalistas e pós-seculares, numa conexão inovadora. Fecha o livro o posfácio do sociólogo Richard Miskolci, que contextualiza amplamente o História da sexualidade, de Foucault, e apresenta novos caminhos para a discussão da teoria queer e dos sujeitos desejantes”.

8. O terceiro travesseiro (Edições GLS)

“O Terceiro Travesseiro”. Nelson Luiz de Carvalho. 1998.

“Dois adolescentes, Marcus e Renato, que estudam na mesma escola, jogam futebol, são muito amigos e, de repente, passam a compartilhar suas fantasias amorosas e a descobrir em conjunto a sua sexualidade. Mantendo-se fiéis apenas aos seus sentimentos, quando experimentam novas formas de prazer, após vencer a luta para tornar seu relacionamento aceito pelas famílias, a dupla se vê diante de um novo desafio: o aparecimento de uma garota que vai compor a terceira ponta do triângulo, tornando-se o elemento que transforma a situação, até então óbvia, em uma relação inusitada. Ao despertar a bissexualidade de ambos, surgem novos desejos que passam a ser vivenciados de maneira explícita e autêntica”. O terceiro travesseiro é o primeiro livro escrito por Nelson Luiz de Cavalho. Tornou-se um dos primeiros best-sellers de temática gay brasileiros, trazendo consigo o dia a dia de um jovem gay que sofreu preconceito e uma grande carga erótica ao tratar-se de seu romance e das descobertas de sua sexualidade.

9. A menina submersa — Memórias (Darkside)

“The Drowning Girl“. Caitlín R. Kernian. 2012.

“Com uma narração intrigante, não linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico”. Um livro de ficção que convida o leitor a entrar na mente de India Morgan Phelps, ou Imp, uma garota esquizofrênica que tenta a todo custo recontar sua história sem saber ao certo o que foi real ou não, desde o tempo em que conheceu Abalyn, sua namorada, até ao de Eva Cunning, uma mulher misteriosa que pouco se lembra sobre. Escrita por Caitlín R. Kiernan, A menina submersa é um livro dentro de um livro (o diário de Imp) o qual o terror psicológico compõe um mistério que só será resolvido em suas últimas páginas. Mas será que tudo foi real?

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