Mídium — O manifesto
Um movimento de experiências em comunicação
Hoje, mais do que nunca, o lugar de onde contamos uma história é fundamental para que se entenda o porquê de contá-la ou como ela está sendo contada, que personagens fazem parte dela, que mensagens são tornadas públicas, nítida ou disfarçadamente. O lugar de onde falamos é um dos primeiros recortes pelos quais acessamos o mundo, a partir dos quais nossas ideias emergem: para problematizar esse lugar, refletir sobre ele, transformá-lo, representá-lo, resistir, (re)conhecer-se, apresentar-se.
Somos estudantes de Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará — UFC, ingressantes de 2017 e movidas por uma paixão pela comunicação (perdoem o clichê) forte demais para as pernas cansadas de nosso atual currículo de formação. Uma paixão por contar histórias e por construir e compartilhar ideias que foi preponderante para que nossas origens se encontrassem aqui, neste lugar de onde passaremos a falar, neste lugar de onde o Mídium surge. Enquanto o currículo do curso é discutido e transformado para amanhã, escolhemos o hoje como nosso ponto de partida, pela urgência, sobretudo, de nossa força de vontade e do próprio momento sócio-histórico, atravessado por crises e pontos de ruptura que nos lançam o constante desafio da reflexão crítica.
E é justamente por perceber esse instante por vezes caótico de avanços e retrocessos, de polarização, de simplificação das ideias ou de extremo aprofundamento delas, que, coletivamente, estabelecemos um compromisso com a comunicação da única maneira em que acreditamos que ela pode, hoje, acontecer: em movimento(s). É no constante movimento de questionar seus próprios parâmetros, suas bases, suas possibilidades de engajamento, sua relação com o espaço-tempo, seu lugar numa realidade em que o público cada vez mais se compartimenta que a comunicação tende a ser (re)(des)construída em real sintonia com o hoje. Esse movimento demanda humildade para perceber que a universidade, faz tempo, perdeu qualquer monopólio do conhecimento — especialmente em comunicação — e precisa se (re)encontrar com o todo, com a comunidade a sua volta, com a sociedade em geral, precisa perceber a vulnerabilidade de seus muros. O Mídium, ao propor um jornalismo de mediação, é mais um martelo a bater nesses muros.
Nosso compromisso passa, portanto, pelo caminho da experimentação. Apesar da urgência de nossa paixão, esquecer que estamos em formação é algo que não podemos (nem queremos) fazer, mas, ao contrário, aproveitar esse estado para oferecer uma proposta de jornalismo nem exatamente nova, nem exatamente certa e, sim, em construção constante, coletiva e consciente.
Começamos, hoje, um projeto estruturado em sete mediações de conteúdo nas sete cores da bandeira que luta por direitos, representações e vozes. Vivências, Tech, Público, Meio Ambiente, Partida!, Pop e Movimentos, em breve, serão apresentadas a vocês. Destas seremos curadoras em revezamento — sugerindo e organizando pautas — e também repórteres movidas por tudo aquilo de que precisamos falar — algumas vezes procurando palavras para o que parece indizível em nossa sociedade e em nosso tempo, outras tantas aceitando colaborações.
Estamos dispostas a repensar a comunicação social e o fazer jornalístico, pensar, dentro e fora da Academia, práticas diferentes do que está posto e que façam sentido no lugar de onde falamos. Com os pés no chão, os sentidos abertos, as mais diversas realidades que nos cercam e o desejo de mudanças, convidamos você a se movimentar com a gente.
