Paixão e estratégia no Clube de Xadrez da UFC
Os desafios do jogo de tabuleiro ser finalmente visto como modalidade esportiva
Por João Victor e Zeca Lemos.
Xadrez, jogo de tabuleiro e também… Esporte? Sim, o enxadrismo é reconhecido pelo Comitê Olímpico como um esporte desde 2001 e, inclusive, tem a sua própria Olimpíada, que ocorre a cada dois anos. O fato pode surpreender pelo termo ‘esporte’ ser usualmente associado a atividades físicas, que requerem aptidão e bom condicionamento corporal. No entanto, “Esporte é uma prática metódica que vai exercitar alguma parte, podendo ser intelectual ou psicológica, que tenha intenção de competir”, como define a bolsista do Clube de Xadrez da Universidade Federal do Ceará, Vanessa Ketlyn, vencedora de 2 medalhas de bronze consecutivas pela UFC em campeonatos nacionais.
A história do Clube de Xadrez da UFC tem início em 2011, quando a instituição começou a disponibilizar bolsas para alunos que quisessem encabeçar um projeto que expandisse a prática do esporte. Desde a sua criação, o clube já teve grande procura por parte da comunidade. “De 6 anos pra cá, a gente vê um aumento grande de procura das pessoas pelo clube, o que faz com que a gente se sinta muito motivado a seguir com o projeto”, afirma a bolsista Vanessa Ketlyn. Ao longo do seu funcionamento, o clube contou com melhorias em sua estrutura, como a obtenção de equipamentos e o auxílio de um professor especializado. “Hoje, nós temos uma boa estrutura de peças e um professor-orientador para fazer o clube fluir bem”, completa Ketlyn.
O Clube funciona em uma sala na quadra do CEU (Centro Esportivo Universitário), no Centro de Humanidades II da UFC. Embora conte com apoio da instituição, o xadrez ainda não tem tanta atenção quanto os envolvidos querem, o que torna o Clube de difícil manutenção. Diferentemente de esportes coletivos, como basquete e futebol, o enxadrismo demorou muito para conquistar um espaço próprio e ainda tem empecilhos nesse aspecto. “Às vezes, a gente não é priorizado porque a sala é usada para outras atividades, deixando o nosso esporte um pouco de lado”, lamenta Julia Girão, bolsista do Clube. Além disso, existe preconceito com a atividade, uma vez que muitas pessoas não a consideram esporte, por não envolver grande esforço físico. “O preconceito ainda é forte. Muitas pessoas não consideram a prática um esporte, mas temos clube para desconstruir isso e enfrentar a realidade”, conclui Girão.
O Clube de Xadrez da UFC funciona não apenas para alunos da instituição, mas também para a comunidade em geral. Diversos estudantes secundaristas, inclusive, procuram o clube com o propósito de praticar ou saber mais sobre o esporte. Foi isso que aconteceu com Victor Gabriel, 16, aluno do Colégio Lourenço Filho, que conheceu o clube por meio de indicações de colegas e de páginas nas redes sociais. “O meu interesse interesse pelo xadrez vem de pequeno. Eu descobri o esporte através de livros e guias e fui me aprofundando. O clube aqui é um bom local para exercitar o enxadrismo”, afirma o estudante.
Embora as ações promovidas pelo Clube ainda esbarrem em dificuldades logísticas e de aceitação, a perspectiva é de dias melhores. Isso se prova nos voos que a organização tem alçado: no último mês de outubro, três bolsistas e um aluno foram disputar o Campeonato Nacional da modalidade, que ocorreu em Goiânia (GO). A cada dia com mais capital humano envolvido, o Clube de Xadrez da UFC vai conquistando seu espaço, às vezes devagar, mas com persistência.
Xadrez para iniciantes
- Jogadores: 2;
- Peças: 32 peças, 16 brancas e 16 pretas. Sendo que ambas as cores possuem 2 Torres, 2 Cavalos, 2 Bispos, 1 Dama, 1 Rei, 8 Peões;
- Tabuleiro: tabuleiro de 64 casas, claras e escuras;
- Objetivo: impor o xeque-mate ao adversário ou o seu rendimento.
