RETORNO

Um ensaio sobre o que foi e o que virá (?)

Mika Holanda
mikaholanda
4 min readJun 21, 2020

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Auto-retrato: Mika Holanda

A pandemia do COVID-19 está finalmente abrindo espaço para um certo retorno da normalidade social no mundo. Então, acredito que seja hora de arregaçar minhas manguinhas e retomar “de-com-força” tudo que um dia comecei, mas abandonei ao longo do caminho, nos últimos anos. Mas antes de falar sobre o tal “retorno”, ou seja, “recomeço”, quero falar um pouco sobre fim.

Quem aí, assim como eu, gosta de uma boa teoria da conspiração? Então, vamos lá…

Quando estourou a coisa da pandemia, lá em meados de março — pelo menos aqui no Ceará, onde moro — , a coisa já estava grave lá pelas bandas da Europa. Não tardou para que começasse o fuzuê aqui neste Brasil de meu Deus que, além da doença, recebeu uma chuva de teorias da conspiração provenientes da polarização que já virou rotina na vida do brasileiro médio.

Mas confesso que as que mais gosto são aquelas quem tem o dedinho do pessoal mais religioso, em especial os evangélicos e digo o porquê:

Passei praticamente minha adolescência inteira frequentando igrejas, começando naquelas mais pentecostais e terminando naquelas mais bunda-moles que querem saber mesmo é de deixar o gado manso — essas o pessoal chama de tradicional.

Lá se escuta de tudo e claro, como todo jovem inclinado às coisas mais iradas do rolê, me joguei nos estudos de escatologia e viajei em ondas que curto ainda hoje…

Essas coisas de pré-diluvianos, nephilim, livro de Enoque é comigo mesmo, mas teremos tempo para destrinchar isso em outras leituras.

(continuando) Na onda do Brasil acima de tudo, Deus acima de todos seguem-se histórias que vão desde as que acreditam ferozmente que a tática do isolamento social nada mais é do que um estratagema político para enfraquecer a unidade da igreja, até tramas mais complexas. Essa fanfic eu ouvi da boca do pastor que mora na casa quase frente a minha — que ora todo dia às 7h da manhã, em alto e bom som, na calçada, gravando para os grupos do zapzap que ele participa — , durante a visita de um fiel usuário do serviço de drive thru, oferecido pelo líder religioso.

É isso mesmo que vocês está pensando: O fiel chega no seu carrinho, buzina para o portão, o pastor sai, lança uma palavra de fé e faz uma oração (será que rola uma oferta de amor para ajudar a obra? Vai saber…).

Uma outra teoria veio de uma amigo cujo pai foi uma das baixas desses tempos tão sombrios. Ele, muito sereno, apesar da situação, dizia ter observado bem os movimentos do mundo e resolveu consultar o manual, pois esse nunca falha e jamais mentiu aos que procuram seus conhecimentos.

Para ele, a pandemia nada mais é do que o primeiro cavaleiro do apocalipse dando start no cronograma divino. Aí, segue o bonde: Primeiro vem a Praga (onde estamos agora), depois vem a recessão econômica, dando origem à Fome causando, na sequência, a Guerra e o resultado do estrago é a Morte. Ponto final. Ou, não! Pois, em seguida vem o tinhoso para unificar os povos, enganar as nações e etc. A treta é grande!

Acho a teoria até bem interessante, principalmente quando se acredita que o mundo é uma bolinha descendo uma ladeira perfeitamente inclinada, sem riscos de reviravoltas. Digo isso pensando em como somos inclinados a acreditar que o mundo gira somente ao nosso redor, desmerecendo todos os demais fatos históricos que o mundo já passou e que vivencia até hoje.

Crises sanitárias na África, conflitos bélicos no Oriente Médio etc. Pobreza, fome, guerras, morte… Tudo isso já bate a nossa porta há décadas. Então, um planeta com aproximadamente 200 nações, ensaia o seu fim por quê 20 países riquinhos viram sua economia abalada? Me poupe! Se poupe! A gripe espanhola matou coisa de cem milhões e nós não atingimos sequer 1% disso.

No fim das contas, o que penso com sobre tudo isso — e quero transmitir esse sentimento para vocês que está me lendo agora — é que não é hora para pensar no fim, pois ele não está nem perto de acontecer. Sério! Vamos relaxar, pensar em como tudo será lindo no final. E o final que falo é o final da quarentena. Ficar em casa é legal demais e eu estava precisando disso, mas não vejo a hora de por os pés no mundo e fluir com ele. E você?

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