Acreditando nos sonhos

Rede Nacional do Esporte
Rede Nacional do Esporte
5 min readSep 2, 2016

Por Fernanda Fontenele, proprietária do Centro de Recuperação Neuromotora — Acreditando

Foto: Arquivo Pessoal

Sou Fernanda Fontenele, tenho 29 anos, sou jornalista e há 13 anos estou na cadeira de rodas devido a um acidente de carro. Hoje sou dona de um Centro de Recuperação Neuromotora, o Acreditando, recuperei os movimentos dos braços e alguns das pernas que foram lesionados no acidente, tenho um canal no YouTube junto com meu marido (também cadeirante) e tenho buscado, cada vez mais mostrar que viver é se adaptar.

Fotos: Arquivo Pessoal

Em 2003, aos 16 anos, sofri um acidente de carro e fraturei as vértebras C6 e C7, lesionando minha medula espinhal, que me paralisou do pescoço para baixo e fui diagnosticada como tetraplégica. Mas com muita determinação e fisioterapia, recuperei os movimentos dos braços e até um pouco do movimento dos pés, porém sempre busquei explorar cada vez mais minhas possibilidades de recuperação.

Mesmo fazendo uma fisioterapia convencional, complementei meu tratamento com outras terapias para que a minha recuperação acontecesse, como, por exemplo: equoterapia, natação, hidroterapia, RPG, reflexologia podal, reiki. Paralelamente, busquei não somente fortalecer meu corpo, mas também minha mente. Li muitos livros e tive muitos momentos de autoconhecimento nesse pós-acidente, em que fiz uma faxina emocional, mental e espiritual. Tenho certeza que as melhoras físicas só começaram a acontecer quando, finalmente, aceitei minha deficiência, me conheci e entendi que a mente é muito poderosa.

Foto: Arquivo Pessoal

Após certo tempo, comecei a mexer os meus braços e, depois de 1 ano, entrei na faculdade de Jornalismo. Em 2008 concluí com muita satisfação esse curso com o qual tanto me identifiquei. A faculdade tomava grande parte do meu tempo, o que me deixava angustiada por não conseguir me dedicar 100% à minha recuperação. Ao me formar, vi que era a hora para isso. Foi aí que, de repente, encontrei um Centro de tratamento nos Estados Unidos, que acabou virando o meu maior objetivo naquele momento.

Você deve estar se perguntando, o que há nesse Centro de tão especial que não existe no nosso País? Bom, quando você sofre uma lesão medular, você busca profissionais que possam te auxiliar a alcançar seus objetivos. Claro que o maior deles é voltar a ter todas as suas funções de volta. Infelizmente, no início da minha lesão não existia nada específico no Brasil que estimulasse e trabalhasse o corpo como um todo. E por isso, eu vi nesse local a chance de explorar, de forma bem específica, os meus potenciais.

Foto: Arquivo Pessoal

Por ser algo caro, consegui, por meio de uma campanha na minha cidade, ficar 8 meses fazendo esse tratamento. Obtive muitos ganhos físicos, movimentos nas pernas, novas sensibilidades e paralelo à isso melhorei muito minha autoconfiança e independência. Estes 8 meses foram mágicos em vários sentidos, não somente por ter ido atrás de um sonho, que era minha recuperação, mas por ter convivido todos os dias com minha mãe de uma forma mais intensa, o que nos uniu ainda mais. E nesse período também conheci meu marido, uma pessoa muito parecida comigo e que também sonha os mesmos sonhos.

Foto: Arquivo Pessoal

Um dos sonhos que compartilhávamos era o de levar para o Brasil, algo tão fantástico como o tratamento que estávamos fazendo. E então surgiu o Acreditando, localizado em São Paulo, que hoje vem ajudando tantas pessoas a explorarem seus potenciais de recuperação e, acima de tudo, proporcionando mais qualidade de vida.

Ao longo desses anos, realizei muitos sonhos, já surfei numa prancha adaptada e um deles era saltar de paraquedas. Foi a melhor sensação da minha vida! E por termos lá no Acreditando vários clientes vendo nossa rotina diária de viver sobre rodas de forma ‘’simples’’, tivemos a ideia em novembro de 2015 de criar um canal no YouTube que mostrasse nossa rotina, nossos perrengues, a vida de um casal como qualquer outro (risos) e, principalmente, que viver é se adaptar, SEMPRE!

Foto: Arquivo Pessoal

Agora nesse mês, véspera de Paralimpíadas, uma das nossas clientes do Acreditando, a queridíssima ex-ginasta Lais Souza, nos indicou a conduzir a tocha paralímpica que passará aqui por São Paulo no dia 4 de Setembro. Foi um convite inesperado que me deixou muito feliz, pois será uma honra poder conduzir a tocha numa paralimpíada, e melhor ainda, no meu país.

Para melhorar, vou conseguir assistir de perto alguns jogos e a abertura das paralimpíadas e estou com uma boa expectativa, tanto com relação às medalhas que levaremos quanto à acessibilidade do evento. Ouvi falar muito bem das Olimpíadas, mas quero ver de perto se haverá uma organização desde o acesso às competições, banheiros, rampas íngremes, estacionamento facilitado para pessoas com mobilidade reduzida, enfim, espero que o evento seja de fácil acesso a todos e sem grandes problemas.

Pra quem quiser acompanhar minhas experiências de conduzir a tocha e de conferir os jogos paralímpicos, mostrarei no Snapchat do Ministério do Esporte (VaiBrasil_2016) e também no canal do youtube a minha experiência de como foram as competições, os acessos, as facilidades e as dificuldades.

Acesse o twitter, o facebook e o instagram do Brasil 2016. Estamos no snapchat! Procure por VaiBrasil_2016

Acesse também o twitter, o facebook e o instagram do Ministério do Esporte.

--

--

Rede Nacional do Esporte
Rede Nacional do Esporte

Perfil oficial do Governo Federal sobre a preparação dos atletas brasileiros rumo a Tóquio 2020.