Superando limites em busca do lugar mais alto do pódio

Rede Nacional do Esporte
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4 min readSep 9, 2016

Por Gustavo Henrique Araújo, atletismo paralímpico

Foto-Alexandre Loureiro-Getty Images

Tudo começou em 2008, em um evento realizado pela minha escola. Como era ano de Olimpíada em Pequim, a escola resolveu fazer sua própria olimpíada. Logo de cara fui campeão! Um professor da unidade Sesi me viu competindo e me chamou para treinar. Ele via potencial em mim. No ano seguinte, em 2009, já fui vice-campeão brasileiro escolar nos 100m.

Neste mesmo período, entre 2009 e 2010, fui fazer um exame de rotina no oftalmologista. Eu já usava óculos, mas os exames mostraram que eu tinha ceratocone, uma doença degenerativa. Neste mesmo dia, meu irmão também foi diagnosticado.

Foto-Alexandre Loureiro-Getty Images

Os tratamentos são caros, mas tentamos retardar e estabilizar a doença. Como ela começou a evoluir mais rápido no meu irmão mais novo, decidiram dar prioridade ao tratamento dele, já que em mim não evoluía na mesma rapidez. E assim eu continuei competindo como atleta convencional, batendo recordes das categorias juvenis no meu estado, Minas Gerais. Até cheguei a correr como guia de atletas paralímpicos.

Em 2012, mudei para Presidente Prudente para treinar e estudar sozinho. Foi quando conquistei a terceira posição no revezamento 4x400m em umas das principais competições do país: o Troféu Brasil de atletismo. Nesta época, eu já apresentava sinais de baixa visão, porém não dei a devida atenção. Com isso, o progresso do problema foi tomando uma proporção maior e a lente de contato e os óculos não corrigiam mais a visão.

Foto-Marcelo Regua-MPIX-CPB

Foi aí que começou a bater o desespero, pois a dificuldade para praticar algumas atividades estava mais aparente, como ler, estudar e até correr. Em 2013, um técnico do paradesporto veio perguntar sobre o meu problema. Eu expliquei e ele abriu a possibilidade para que eu me tornasse um atleta paralímpico.

Resolvi tentar, pois já estava pensando em largar o esporte devido ao estresse que a baixa visão estava causando. Neste mesmo ano fui classificado como atleta paralímpico, mas só depois de um processo complicado devido ao valor dos exames e a avaliação que devemos fazer. Após a classificação, competi em minha primeira corrida regional, quando fui o primeiro nos 100, 200 e 400m, assumindo a liderança do ranking brasileiro. Logo em seguida fui campeão nacional na categoria T13, para atletas com baixa visão, que possuem a mesma porcentagem de visão e que não necessitam de guia para correr.

Em 2014 chegou minha primeira convocação para integrar a seleção brasileira de jovens. Ao mesmo tempo comecei a bater recordes brasileiros. O primeiro foi o dos 200m. No ano seguinte, tive que passar por uma banca internacional de médicos para receber o credenciamento de atleta internacional. A banca é constituída por dois médicos estrangeiros que iriam estudar o meu caso.

Foto-Marcio Rodrigues-MPIX-CPB

Neste mesmo ano descobri um problema no meu nervo ótico. Um dia depois de descobrir mais uma doença, no entanto, competi em minha primeira corrida internacional, uma das etapas do Circuito Mundial, em São Paulo. Corri os 100, 200 e 400m. Como resultado, bati o recorde brasileiro nos 200m novamente e fiz os índices estabelecidos para os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá. Para completar, ainda assumi a liderança do ranking mundial nos 100m, 200m e 400m.

Este ano vou participar da minha primeira paralimpíada. Tenho uma grande missão que não vai ser fácil, representar o meu país no maior evento do planeta. A minha preparação está sendo árdua e adotei várias técnicas para complementar os treinos e trabalhar a minha ansiedade, como Yoga e acupuntura. Tudo isso porque quero e vou buscar o lugar mais alto do pódio.

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