Manifesto: a máquina do mundo se entreabriu
Nosso coletivo literário nasce de algumas urgências. De querer dialogar com escritores, editores, artistas, pensadores da cultura, leitores. De abrir brechas para se publicar textos autorais e difundi-los, buscando interlocução. De aprofundar o debate literário e descortinar seu funcionamento e as entranhas do mercado. De fomentar formas estéticas tão distintas quanto originais.
O ponto de contato entre nós, os três idealizadores (Maurício Angelo, Elaine Moraes e eu), é que somos jornalistas que nascemos ou — em algum momento — atuamos em Minas. Mas não há intenção alguma de fazer um recorte regional, fincar raízes, delimitar território. Nada disso. A alusão a Minas e a Drummond é um não-espaço geográfico e estético onde cabem todas as cidades, todas as linguagens, todas as vozes, indistintamente. Minas não é a convergência, mas o convite para um encontro polifônico, multifacetado, plural, com escritas trafegando por bites em conexões verbo-virtuais planeta afora.
Os quereres são muitos e camaleônicos: aqui uma magazine digital, ali uma revista em papel, adiante livros e edições nossas e de outros colaboradores que hão de aparecer. E, com quase um ano no ar, já apareceu a primeira convidada pra reforçar nosso coro dos descontentes: a professora, historiadora e poeta carioca Juliana Meato, por livre e espontânea pressão, juntou-se ao trio original.
Se alguém perguntar por nós, diga que fomos por aí experimentar poemas, contos, crônicas e outras narrativas que, assim acreditamos, tenham como linha de costura do fazer literário rigores e contrapesos adquiridos durante a vivência profissional, acadêmica e existencial de cada um.
A partir dessa soma de extremos não-opostos, de convergências não-dogmáticas, de diferenças alinhadas, esperamos chegar a um resultado que concilie, no tempo e no espaço, o exercício da criação literária coletiva com a dispersão individual e egoísta diluída no mundo das coisas, dos compromissos e dos afazeres cotidianos que nos afastam perigosamente da literatura — nossa carência e urgência maiores.
Aqui nos encontraremos para subir à superfície e captar ares & tramas & realidades & dicções & escritas várias. É que essa vida e esse conhaque nos deixaram comovidos como o diabo.
Brindemos, então, ao nosso coletivo literário Minas Não Há Mais. Aqui é um não-lugar ilimitado onde cabemos todos. Qualquer semelhança com outros projetos e autores será mera questão de intertextualidade.