Manifesto: a máquina do mundo se entreabriu

Cesar Maccedo
Minas Não Há Mais
2 min readNov 30, 2017

Nosso coletivo literário nasce de algumas urgências. De querer dialogar com escritores, editores, artistas, pensadores da cultura, leitores. De abrir brechas para se publicar textos autorais e difundi-los, buscando interlocução. De aprofundar o debate literário e descortinar seu funcionamento e as entranhas do mercado. De fomentar formas estéticas tão distintas quanto originais.

O ponto de contato entre nós, os três idealizadores (Maurício Angelo, Elaine Moraes e eu), é que somos jornalistas que nascemos ou — em algum momento — atuamos em Minas. Mas não há intenção alguma de fazer um recorte regional, fincar raízes, delimitar território. Nada disso. A alusão a Minas e a Drummond é um não-espaço geográfico e estético onde cabem todas as cidades, todas as linguagens, todas as vozes, indistintamente. Minas não é a convergência, mas o convite para um encontro polifônico, multifacetado, plural, com escritas trafegando por bites em conexões verbo-virtuais planeta afora.

Os quereres são muitos e camaleônicos: aqui uma magazine digital, ali uma revista em papel, adiante livros e edições nossas e de outros colaboradores que hão de aparecer. E, com quase um ano no ar, já apareceu a primeira convidada pra reforçar nosso coro dos descontentes: a professora, historiadora e poeta carioca Juliana Meato, por livre e espontânea pressão, juntou-se ao trio original.

Se alguém perguntar por nós, diga que fomos por aí experimentar poemas, contos, crônicas e outras narrativas que, assim acreditamos, tenham como linha de costura do fazer literário rigores e contrapesos adquiridos durante a vivência profissional, acadêmica e existencial de cada um.

A partir dessa soma de extremos não-opostos, de convergências não-dogmáticas, de diferenças alinhadas, esperamos chegar a um resultado que concilie, no tempo e no espaço, o exercício da criação literária coletiva com a dispersão individual e egoísta diluída no mundo das coisas, dos compromissos e dos afazeres cotidianos que nos afastam perigosamente da literatura — nossa carência e urgência maiores.

Aqui nos encontraremos para subir à superfície e captar ares & tramas & realidades & dicções & escritas várias. É que essa vida e esse conhaque nos deixaram comovidos como o diabo.

Brindemos, então, ao nosso coletivo literário Minas Não Há Mais. Aqui é um não-lugar ilimitado onde cabemos todos. Qualquer semelhança com outros projetos e autores será mera questão de intertextualidade.

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Cesar Maccedo
Minas Não Há Mais

jornalista, professor, poeta, contista, editor do coletivo literário Minas Não Há Mais