Dar um passo pra trás é importante!

Samuel Zwinglio
Minha Bagunça
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2 min readJun 8, 2021

Como todo brasileiro médio preciso trabalhar muito pra conseguir o meu trocado.

Básico, né?

Aprendemos deve ser assim desde sempre.

Comecei minha vida adulta muito cedo, mas foi somente no mês passado que fiz muito dinheiro.

Tipo, mais que 90% dos brasileiros fazem num mês.

Nossa, eu tava nas nuvens.

E acreditava que fora fruto do meu trabalho duro.

Trabalhei 14–16 horas por dia durante o mês de abril, pra garantir um bom semestre.

Nadando em direção a superfície num país que afunda.

O dinheiro desapareceu.

Serviu para quitar dívidas antigas, comprar uma máquina de lavar e sobreviver durante o mês.

Fiquei impressionado com a volatilidade da grana que entrou.

“Vou fazer de novo”, pensei.

Comecei imediatamente a dedicar mais dias inteiros a trabalho.

Feriados, finais de semanas e velórios.

E foi nessas loucuras de me dedicar integralmente a ganhar dinheiro que experienciei um dos piores sentimentos da minha vida.

Fui tomado por um medo repentino que me fazia tremer, distorcia minha visão, roubava meu ar e tornava difícil me movimentar.

Depois 14 horas ininterruptas de trabalho, no terceiro dia da minha nova empreitada, de frente ao meu computador, no escritório da minha casa, às 23:43, me vi um garoto indefeso.

Foi de repente.

Uma rasteira da minha saúde psicológica falando que algo estava errado.

Dormi sobre o efeito de calmantes.

No outro dia, tive dificuldade de encarar a porta do quarto que abriga minhas ferramentas de trabalho.

Não conseguia coragem de entrar no quarto.

Quando pensava em verificar meus e-mails, tremia.

Passei a manhã inteira me preparando psicologicamente para enfrentar mais um dia de trabalho.

E nessa pré-labuta conversei comigo mesmo, que jamais me sacrificaria assim e que viveria com o que tivesse de viver.

Se isso significasse viver.

A primeira tarefa do dia foi abandonar tarefas.

Franco com os que me contratam, falei que não poderia mais continuar e me dedicaria somente ao que me permitisse ter tempo de dar bom dia ao atendente do supermercado.

Eu que nunca “acreditei” na meritocracia caí no conto do “o dinheiro vem proporcional ao esforço”.

Porra nenhuma…

Resolvi dar um passo pra trás.

Mas parece que foram cinco pra frente…

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Samuel Zwinglio
Minha Bagunça

Técnico em Tecnologia da Informação e Bacharel em Comunicação pela UFRN, graduando em Gestão Ambiental pelo IFRN e trabalho com Marketing Digital desde 2010!