O que o rebaixamento do Brasil significa para a Bolsa?

Considerações sobre o impacto do rebaixamento do Brasil pela Fitch no cenário econômico e de investimentos.

Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente
3 min readJan 26, 2018

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No dia 11 de janeiro de 2018, o Brasil teve sua nota de crédito rebaixada pela S&P.

Alguns investidores previam que isso seria desastrosos para o país, em especial para a bolsa, mas como podemos ver no gráfico abaixo, eles estavam errados, ou será que não?

Fonte: Google Finance

Com uma alta superior a 6% desde o rebaixamento tudo indica que o IBOV não se importou com o rebaixamento, porém, focar somente nos efeitos a curto prazo é um erro.

A nota de risco de um país impacta mais do que a cotação das empresas ou do índice no curto prazo.

Dentre os diversos pontos impactados, dois fatores são fundamentalmente mais importantes para os investidores:

  • Custo de dívida para empresas
  • Investimento estrangeiro

A nota de risco é usada como base para definir o custo (juros) para que empresas nacionais possam emitir dívida para financiar seus projetos.

Com a piora da nota do Brasil, o custo da dívida para as empresas aumenta, o que no longo prazo, aumenta o custo financeiro dessas empresas, reduzindo o lucro.

No longo prazo, a cotação de uma ação, segue o lucro da empresa que ela representa.

Além disso, algumas empresas podem potencialmente não conseguir emitir dívidas, impedindo assim o investimento e crescimento.

Deixando isso de lado, temos a questão do impacto da perda de rating e o investimento estrangeiro na Bolsa.

O quadro abaixo mostra a participação de capital externo na Bovespa.

Participação de estrangeiros na Bolsa entre 01/2017 e 01/2018, Fonte: B3

Representando basicamnete 1/4 do volume negociado, o capital estrangeiro é altamente impactado pelo rating do país.

Alguns fundos e investidores somente investem em países que possuem uma determinada nota de risco.

Além disso, temos a questão da volatilidade.

Em um ano eleitoral onde a vol da bolsa já seria naturalmente alta, um rating menor, pode amplificar esse efeito, ao impactar ainda mais o fluxo estrangeiro na Bolsa.

No quadro abaixo podemos ver como a bolsa (em laranja) se comporta em periódos de alta e baixa volatilidade (em azul).

Fonte: Economatica

Quando consideramos a proximidade do período eleitoral, é quase certo concluir que as reformas necessárias para que o Brasil recupere sua nota de crédito não serão realizadas em 2018.

Assim, temos uma grande possibilidade de volatilidade elevada nos próximos meses.

Combinado a isso, caso após as eleições as reformas não sejam feitas, a perda do rating permanecerá (e até poderemos perder ainda mais), impactando o lucro das empresas, e por consequência seu resultado (e cotação) num horizonte de tempo maior.

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Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente

Founder @empreendajunto| Empreendedor apaixonado por inovação. | COO/Partner Gestão 4.0